Fui convidada por algumas amigas Moira, Vânia e Katherine a fazer um prefácio do livro Querida Jane Austen – uma homenagem! O livro está em pré-venda (veja detalhes abaixo).
No Bicentenário de falecimento da grande escritora inglesa Jane Austen, o selo Leque Rosa não poderia ficar de fora dessa homenagem. À escritora que não teve medo de criticar a sociedade de seu tempo; À filha e irmã que sempre esteve ao lado de quem tanto amou; À mulher que acreditava no amor e, por isso, não se submeteu a um casamento por conveniência; À criadora de personagens masculinos que até hoje povoam o imaginário feminino; À pessoa que buscou a felicidade e acabou por trazê-la, com suas histórias, à vida de outras pessoas. Um livro de contos, de época e contemporâneos, inspirados nas histórias e personagens dessa talentosa escritora. Um livro para deixá-lo metade agonia, metade esperança e enfeitiçá-lo de corpo e alma… Uma Homenagem.
Eu já tinha lido por ai que Jane teve uma amiga, também escritora, e que as duas poderiam até ter sido muito próximas, no sentido de relacionamento afetivo. Não dei muita importância ao texto porque achei que fosse uma especulação sobre a sexualidade de Jane Austen.
Porém a amiga Maria Clara Biajoli me indicou um1rtigo sobre a amizade entre Jane Austen e – pesquisa realizada por Emma Claire Sweeney.
George Eliot and Jane Austen (Picture: Getty Images)
Será lançado um livro chamado ‘The hidden friendships of Austen, Bronte, Eliot and Woolf’ em co-autoria com sua amiga Emily Midorikawa. E fala sobra as amizades de escritoras famosas. Em sua pesquisa, Sweeney descobriu um dado novo sobre a vida de Austen. Ao estudar o diário de Fanny Austen Knight (sobrinha de Jane Austen), descobriu que Fanny descreveu a amizade entre Jane e sua governanta, Anne Sharp. Anne Sharp se tornou uma escritora amadora que adaptava e dirigia peças para as crianças que ela tomava conta. Para ler o artigo completo, em inglês, clique aqui.
Bien, este bicentenario no podía tener mejor broche de oro que la edición especial de las Cartas de Jane Austen, con todo el mimo y el lujo al que nos tiene acostumbrados dÉpoca Editorial. La auténtica Biblia de todo austenita que se precie. Yo querría destacar y agradecer, la GENEROSIDAD, de Susanna y de la […]
Na semana passada, eu proferi a palestra de encerramento do VI Encontro Nacional da Jane Austen Sociedade do Brasil e tive a oportunidade de usar os dois termos para designar os fãs de Jane Austen. Entretanto, após uma conversa com outros membros da JASBRA, decidi escrever este post para esclarecimentos quanto aos dois termos.
O termo ‘Janeite‘ foi cunhado por George Saintsbury, em 1894 em um prefácio de Orgulho e Preconceito. O termo se refere à um devoto admirador de Austen, suas obras e tudo o que está relacionado à sua vida e época em que a escritora viveu.
O termo ‘Austenite‘ cunhado em 1903, se refere também aos devotos fãs e aos estudiosos da vida e obras de Austen*, conforme afirma Gross (2008).
Para Hayes (2004), os termos ‘Janeite‘ e ‘Austenite‘ representam dois discursos distintos. Janeite“tende a ser informal, íntimo e pessoal em relação aos dramas sentimentais e sociais” escritos por Austen. Enquanto Austenite é “formal, intelectual e objetivo na explicação de suas narrativas irônicas, morais e sutis que constituem uma análise social e moral” das obras. Lynch (2000, p. 14) nos chama a atenção para o fato de que ‘Janeite‘ parece algo mais íntimo, uma situação onde escritora e fã possuem o mesmo nome próprio. Entretanto, o termo Janeite automaticamente destaca o gênero da escritora e implica que seus leitores são do mesmo sexo, ou seja, são todas mulheres. Além disso, um outro termo bastante usado em inglês, o ‘Janeiteism‘ parece ser usado para simplificar a questão de que os “romances de Austen propiciam espaços culturais onde nós possamos todas ser garotas juntas” (Lynch: 2000, p. 14). Sendo assim, para incluir leitores de ambos os sexos, acredito que a opção para a língua portuguesa aqui no Brasil seja o termo ‘Austeniano‘, visto que ambos homens e mulheres podem ser chamados por essa alcunha, ao contrário do termo ‘Janetes‘ que está mais relacionado à um grupo feminino, visto que não há variação masculina para o nome Jane, na minha concepção.
Aqui no Brasil, ainda não menção nos dicionários que consultei. Fiz um levantamento a respeito de pesquisas acadêmicas e descobri que em algumas monografias os autores utilizam o temo ‘AUSTENIANO‘. A mesma grafia também foi observada em publicações na Itália e Espanha. Na Espanha, Sánchez entitula os fãs de Austen como ‘los Austenitas‘ e discorre sobre a recepção de Austen na Espanha, assim como as adaptações para a televisão espanhola e publicações em jornais, revistas e traduções dos livros da autora.
Ainda a respeito dos termos relacionados aos leitores, fãs e estudiosos de Austen, Yaffe (2013) destaca: Jane Addiction, Austen Powers, Austenmania, Austenesque, entre outros.
Para citar este post:
SALES, A. D. Austenite ou Janeite? Jane Austen Brasil, 2017. Disponível em: https://janeaustenbrasil.com.br/2017/06/08/janeite-ou-austenite/.
HAYES, M. Trubetzkoy, Austen and the evolution of cutlure. In: BATTAGLIA, B.; SAGLIA, D. (Ed.) Re-drawing Austen: picturesque travels in Austenland. Napoli: Ligouri Editore, 2004.
GROSS, U. M. What Happens next: Jane Austen’s fans and their sequels to Pride and Prejudice. Thesis of Master of Arts in English. Georgetown University. 2008. Disponível online: https://repository.library.georgetown.edu/bitstream/handle/10822/553009/grossUrsula.pdf. Acesso em: 07 de junho de 2017.
LYNCH, D. (Ed.) Janeites – Austen’s Disciples and Devotees. Princeton: Princeton University Press, 2000.
SÁNCHEZ, M. C. R. Historia de los Austenitas. Málaga: Kindle Edition. 2015.
YAFFE, D. Among the Janeites – a jorney through the world of Jane Austen Fandom. New York: Houghton Mifflin Harcourt Publishing Company, 2013.
Deverá estar ligado para publicar um comentário.