Jane Austen em Hebraico

Em novembro do ano passado eu comentei aqui no blog sobre uma versão Israelense de Orgulho e Preconceito. Acabei encontrando o blog da Maya e ela estava justamente comentando sobre a nova edição de Orgulho e Preconceito traduzido para o hebraico por Irit Linor. Maya também comenta sobre a nova adaptação para a tv, diz que o primeiro capítulo dessa nova versão israelense foi ar no final de maio de 2009. Como se trata de uma adaptação, o script foi modificado e as irmãs Jane e Elizabeth (Anat e Elona) são duas irmãs divorciadas que mais parecem ter mais de 30 que 20 e poucos anos. Maya acrescenta que gostou das caracterizações de Bingley, Darcy, Caroline Bingley e Lydia (que nesta adaptação é filha de Elizabeth/Elona fruto de um casamento desastroso na adolescência). Ela conclui seu post dizendo que é bastante divertido ver como os fãs israelenses de Austen conseguiram adaptar o romance para a Israel Moderna! Espero que Maya possa responder meu e-mail nos contando mais detalhes sobre a série, já que por barreiras linguísticas fico impossibilitada de fazer pesquisas em hebraico.

Orgulho e Preconceito em Hebraico

Algumas imagens da nova adaptação:

Abaixo, por sugestão de Maya, um vídeo promocional de Orgulho e Preconceito Israelense:

Como disse anteriormente, por barreiras linguísticas não consegui encontrar todos os livros em hebraico, nem sequer sei se já foram traduzidos para o hebraico. Abaixo, alguns exemplares que encontrei:

Persuasão em Hebraico:

Mansfield Park em Hebraico:

Razão e Sensibilidade em Hebraico:

Fã Milionária Promove um Baile

No site da emissora inglesa BBC está disponível o vídeo em que entrevistaram a Sandy Lerner, a milionária co-fundadora da Cisco Systems, que alugou a propriedade Chawton House, dos seus donos os Knight (nome sugestivo, não?), por 100 anos, com a intenção de restaurar a mansão e transformá-la em uma biblioteca especializada em escritoras.
A entrevista aconteceu durante o baile de gala em Chawton House, dado pela milionária, no último dia 3 de julho, em comemoração ao bicentenário da chegada da escritora Jane Austen no povoado.
Dentre os convidados, dois, em especial, abrilhantaram ainda mais o evento, sendo eles os interpretes do famoso casal literário, Mr. Darcy e Elizabeth Bennet, da série de 1980 da BBC: David Rintoul e Elizabeth Garvie. Quem nos dera participar de tal baile! Só podemos elogiar a iniciativa de Sandy Lerner, pois está usando seu dinheiro em prol da cultura e da sociedade.

Elizabeth Garvie (Lizzy Bennet – 1980)

David Rintoul (Mr. Darcy – 1980)
Para assistir o vídeo, clique aqui.
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Contribuiu com este post: Pollyana Coura

Colin Firth é o melhor Darcy!

Vocês se lembram que em maio passado eu fiz um post aqui sobre o Jane Austen Regency Awards?
A festa em Bath aconteceu no último dia 18 de julho e hoje recebi um e-mail da Rebecca contando alguns detalhes, traduzo abaixo alguns trechos:
Colin Firth é melhor que Laurence Olivier
A interpretação de Colin Firth fez com que ele fosse eleito o “Melhor Mr. Darcy de Todos os Tempos” através dos votos ds fãs de Austen. Firth conseguiu desbancar os famosos Laurence Olivier e Peter Cushing.
Firth interpretou o personagem masculino mais famoso de Austen, em 1995, numa adaptação da BBC (mini-série em 6 capítulos), e recebeu mais da metade dos votos na Segunda Premiação Anual do Regency World Awards organizado pelo Jane Austen Centre em Bath.

Laurence Olivier (quinto lugar)

Apesar de ser considerado o maior ator do século XX, a atuação de Olivier como Darcy (filme Hollywoodiano de 1940) ficou em quinto lugar. Matthew MacFadyen (2005) ficou em segundo lugar, enquanto Peter Cushing (1952) ficou em sétimo.
A versão da BBC na qual Firth aparece de camisa molhada emergindo de um lago, é frequentemente considerado o maior programa de todos os tempos e carrega a responsabilidade de ter sido o pontapé inicial para mais de bilhão de libras em itens relacionados à Jane Austen nos últimos tempos.
A minisérie de seis capítulos foi adapatada para a Tv pelo aclamado roteirista Andrew Davies e sua associação com Jane Austen lhe rendeu outros prêmios em outra de suas adaptações.

<—-Matthew MacFadyen (segundo lugar)
Peter Cushing (sétimo lugar) —->

A versão de Andrew Davies, Razão e Sensibilidade (2008), foi eleita a melhor adaptação, enquanto dois atores que participaram da série venceram em outras duas categorias, Melhor Ator: David Morrisey (Colonel Brandon), e Melhor Atriz: Hattie Morahan (Elinor Dashwood).

David Morrisey

Hattie Morahan

Na categoria melhor ator coadjuvante, o ator Hugh Bonneville foi eleito por sua atuação em Lost in Austen (Mr. Bennet – pai de Elizabeth Bennet, em Orgulho e Preconceito). Nas categorias Melhor Lançamento de Ficção e Melhor Lançamento de Não-Ficção, foram eleitas as autoras Emma Campbell Webster e Lori Smith, respectivamente. Todos os vencedores foram anunciados a um evento a rigor no Hilton Hotel em Bath.

Hugh Bonneville

A premiação do Jane Austen Regency Awards premia o trabalhos de atores, autores e outros associados à escritora, e a votação é realizada on-line pelo fãs de todo o planeta. O diretor do Jane Austen Centre, David Baldock, disse: “O interessante é que estes prêmios refletem as escolhas de fãs do mundo inteiro e agora estão sendo reconhecidos como as mais prestigiosas premiações relacionadas à Jane Austen”.

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Ao sugerir que vocês votassem eu não quiz mencionar quais eram os meus eleitos, mas agora posso confessar! Apesar de considerar que Colin Firth é meu Mr. Darcy favorito, resolvi agraciar o Matthew com meu voto pois ele foi meu primeiro Darcy! Quero dizer, o primeiro Darcy que assisti no cinema. 🙂

Confesso que votei e estava na torcida pelo David Morrisey e Hugh Bonneville!

Quem é o melhor Mr. Darcy?

Cansada(o) de discutir quem é o melhor Mr. Darcy? Sim? Então seus problemas acabaram! 🙂
O Jane Austen Centre está promovendo 2009 Regency World Awards, e você poderá decidir os melhores em cada categoria. Incluindo o melhor Mr. Darcy de todos os tempos!
Os vencedores receberão os prêmios em Bath, em uma noite de premiação no Hilton Hotel no dia 08 de julho. Os mais sortudos e afortunados podem comprar os ingressos no mesmo link acima!
Na sua opinião qual ator fez o melhor Mr. Darcy?

Da esquerda para a direita (parte superior): Elliot Cowan (2008), Colin Firth (1995) e Matthew Macfadyen (2005)

Da esquerda para a direita (parte inferior): Martin Henderson (2004), Laurence Olivier (1940) e David Rintoul (1980)

Vocês podem votar nas seguintes categorias:

1) Melhor ator em uma adaptação de Jane Austen (Best actor in a Jane Austen adaptation).

2) Melhor atriz em uma adaptação de Jane Austen (Best actress in a Jane Austen adaptation).

3) Melhor ator coadjuvante (Best Supporting Actor).

4) Melhor adaptação (Best New Adaptation)

5) Melhor livro de ficção – lançamento (Best New Fiction)

6) Melhor livro de não-ficção – lançamento (Best New Non-Fiction)

7) O Melhor Mr. Darcy de todos os tempos (The Jane Austen Sponsored Award – Best Ever Mr Darcy)

Eu já tenho os meus favoritos, e você?

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Dica: Minha amiga Laurie Vieira Rigler, autora do Confessions of a Jane Austen Addict está concorrendo ao prêmio de melhor livro de ficção!

Jane Austen e Twitter

Ao visitar o blog Lendo.org do meu amigo André Gazola, guri mais que tri-legal tchê, li um post sobre O que um escritor famoso diria no Twitter? André estava se referindo ao post do blog Livros e Afins. Visitei a página e morri de rir de tanta criatividade literária! O Alessandro Martins, dono do Blog Livros e Afins, fez uma seleção do autores mais famosos e colocou uma frase no estilo do Twitter para cada um deles, em apenas 140 caracteres. O mais interessante, é que os leitores também participaram e foram criando outras fases, também muito divertidas. Até onde eu tinha lido ontem, ninguém tinha criado uma fala para Jane Austen.
Como não tenho como saber se alguém já criou uma frase para Jane, aqui vai a minha:
Jane Austen: “É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro, possuidor de grande fortuna, deve estar em busca de escrever mensagens no Twitter.”

Bem, falando de Twitter e Jane Austen, como a Mags do Austen Blog alertou, há uma invasão de Jane Austen também neste site! Muitas pessoas criaram perfis com o nome Jane Austen, ai falam de tudo um pouco. O interesse é que algumas pessoas criaram um twitter para o Mr. Darcy, Lizzie Bennet e até para o Mr. Collins. Adorei!! Lizzie Bennet faz comentários sobre o que pensa do Mr. Darcy e vice-versa.

Minha amiga Laurie Rigler (Jane Austen Addict) também está no Twitter e decidiu fazer o mesmo com o livro Persuasão. Laurie promete contar a história do livro em apenas 140 caracteres por vez. Como ela mesmo disse: não é nada brilhante, nem mesmo literatura, porém tentar escrever a primeira parte do capítulo 1 em apenas 140 caracteres é um desafio divertido!
Aqui está o primeiro post de Laurie no Twitter: “Persuasion, Ch.1: Sir Walter Elliot, baronet, engages in 19th cent. Wikipedi-ing: Rereads and edits entry on the Elliots in The Baronetage.”
Eu também estou no Twitter, particularmente ainda não percebi os benefícios ao usar o site. Espero que aqui no Brasil, não seja usado para assassinar a língua portuguesa ou para se autopromover e contar vantagem (como acontece no orkut).

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* Twitte: Twitter é uma rede social e servidor para microblogging que permite que os usuários enviem atualizações pessoais contendo apenas texto em menos de 140 caracteres via SMS, mensageiro instantâneo, e-mail, site oficial ou programa especializado. As atualizações são exibidas no perfil do usuário em tempo real e também enviadas a outros usuários que tenham assinado para recebê-las. Fonte: http://www.wikipedia.org/

Colcha de retalhos

Hoje farei um post cheio de novidades, com muitas informações interessantes que encontrei no AustenBlog e no blog da Karla:

Dia 08 de Janeiro fiz um post aqui no blog falando que a Marvel Comics faria Orgulho e Preconceito em quadrinhos. Veja a capa da revista:

No site da Mavel Comics existem mais imagens para deleite dos que apreciam suas publicações:

Em novembro passado, eu havia comentado aqui que estavam planejando uma nova versão de Orgulho e Preconceito em Israel. Acabo de ler também no AustenBlog que as filmagens estão em adamento e será lançado no verão americano (meses de junho a setembro), inclusive a Mags link um site com uma entrevista sobre o projeto.

Também em novembro passado, eu falei aqui no blog sobre o meu desejo que Richard Armitage (vulgo voz de trovão) fosse escolhido para ser Mr. Knightley (com o aval das fãs do AustenBlog e do Chá Cultural é claro), já que estavam com planos de realizar uma nova versão de Emma.

Encontro também no blog AustenBlog informações sobre uma versão de Bollywood de Emma! Vamos esperar para ver no que dá!

Mal consigui assimilar o que postei sobre Orgulho e Preconceito e Zumbis e completei escrevendo um segundo post sobre o assunto, li no AustenBlog e no Blog da Karla sobre Pride and Prejudice! Caramba quanta criatividade! Não quero dizer que sou uma fã de Jane purista, mesmo porque dá curiosidade para ver como seria tal filme, ainda mais com músicas do Elton John. Em português, a Karla fala um pouco sobre o assunto e até mostra como seria o poster do filme: um mix de Keira com o Predador!

Já no Austenblog, a discussão ,em inglês, está fervendo!

Boa leitura!

Você é viciada em Austen?

Hoje eu vou falar de um assunto que todos nós já percebemos em nosso cotidiano de fãs: somos viciados em Jane Austen! Recentemente conheci a autora Laurie Viera Rigler através de seu site Jane Austen Addict. Laurie escreveu o livro ‘Confessions of a Jane Austen Addict’ (tradução livre: Confissões de uma viciada em Jane Austen). Laurie gentilmente me autorizou traduzir o texto ‘Signs of Addiction‘ – Sinais de Vício.
Sou viciada em Jane Austen – Sinais do vício

* Você se reconhece em alguma destas situações? Se afirmativo, então é hora de revelar!

* Você se esquece de pegar as roupas na lavanderia, mas consegue recitar de cor e salteado a carta do Capitão Wentworth’s para Anne Eliot.
* Seus amigos carregam fotos dos filhos e outras coisas significantes na carteira, enquanto no seu celular tem uma imagem do Colin Firth como Mr. Darcy (ou Matthew MacFadyen, dependendo do seu gosto pessoal).
* Se sua casa está em chamas, você deixa para trás o álbum de fotos da família e seu computador, mas salva sua bonequinha da Jane Austen, a camiseta do Mr. Darcy e o mapa de Bath.
* Enquanto seus amigos fantasiavam sobre o possível vencedor da Copa de 2006, o seu desejo era estar no encontro anual da Jane Austen Society em Tuscon. Contextualizando para as fãs do Brasil: enquanto seus amigos fantasiavam sobre a copa de 2006, você não via a hora de encontrar suas amigas virtuais no próximo orkontro regional.
* Você está com coisas atrasadas no trabalho, escola, organização da casa (complete o espaço em branco de acordo com a sua situação) porque gasta mais da metade do dia visitando os fóruns sobre Jane Austen discutindo se Fanny Price é o exemplo de moral em Mansfield Park ou se é mais chata personagem da história literária.
* Você gasta a outra metade do seu dia nos fóruns discutindo quem é o Mr. Darcy mais bonitão: Colin Firth ou Matthew MacFadyen.
* O ideal de riqueza dos seus amigos é uma casa nas montanhas de Hollywood. Você daria tudo pela primeira edição de Orgulho e Preconceito ou pelo menos uma edição de capa em couro. Falando sério… qualquer uma de nós ficaria feliz da vida com a coleção da Cambridge.
* Você está em uma multidão, numa boate irritante e alguém lhe convida para dançar, você logo responde: “num lugar como esse, seria insuportável” (referência à fala de Mr. Darcy: “At an assembly such as this, it would be insupportable”).
* Você é propenso a fazer citações de romances e filmes, na maioria das vezes fora do contexto (veja citação acima).
* Para seus amigos fazer alguma atividade física significa caminhar ou praticar yoga. Para você é fazer aulas de dança típica da Inglaterra. Quer dizer, se pudesse arrumaria alguém para ir junto com você!

* Sua melhor amiga pensa que você está de brincadeira, apesar de ter visto a última versão de Orgulho e Preconceito duas vezes. Ela, diferente de você, não tem nenhum problema para separar ficção da realidade.

* O seu amado lhe diz que encontraria sua marca favorita facilmente na lojinha mais próxima (com certeza ele não acertará) e acha um absurdo ter que andar de loja em loja porque acha desagradável.

* Você tem apelidos secretos baseados nos personagens de Austen para pessoas importantes em sua vida. Até batiza os animais de estimação em homenagem a um dos personagens. O seu chefe, por exemplo, é o Sr. Noris (referência a tia de Fanny em Mansfield Park). A gata de Laurie se chama Georgiana, em homenagem à irmã de Darcy. Seu marido é o Capitão Harville sempre que ele resolve mexer na caixa de ferramentas, constrói uma prateleira ou pendura um quadro. (E ainda por cima, ele tem que referir-se desse modo também, apesar de nunca ter lido persuasão).
* Você julga os atores e suas respectivas atuações nas adaptações para o cinema e TV dos livros de Austen. Por exemplo, Laurie achou bastante desagradável lembrar-se de Persuasão (1995) quando viu o Ciaran Hinds fazer o papel de um pedófilo na série Prime Suspect series. Captain Wentworth nunca faria tal coisa, ela fez uma tempestade em um copo d’água e logo desligou o DVD. Que vergonha!!
*Por favor, envie seus sinais de vício em Jane Austen! Postarei os meus favoritos aqui no blog! Mas espere, tem mais… amanhã farei um post sobre o artigo de Jeanne Kiefer.
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Este post é de direito autoral de Adriana Sales Zardini e Laurie Veira Rigler, se for citar a tradução favor linkar este blog e/ou fazer citação, como abaixo:
ZARDINI, A.S.; RIGLER, L. V. Sou viciada em Jane Austen. Disponível em: www.janeaustenclub.blogspot.com Acessado em: (coloque a data)

Bonequinhas da Austen

Após encontrar essa linda bonequinha da Austen no Flickr resolvi pesquisar mais sobre o assunto e descobri que algumas pessoas gastam em torno de 140 dólares no site da Whoopassenterprises para levar esta fofura para casa. Não encontrei nada sobre a Greenwood (fabricante da boneca – segunda figura abaixo). De todas as que já vi da Jane, essa é a mais lindinha (até mais que a minha action figure)!

Photo by Megan :

Eu já tinha visto outras por ai, mas esperei para juntá-las em um único post, pois na minha opinão as outras são um tanto sem graça (clique em cada figura para direcionar ao site):

*Images used with no copyright intetions.

No site acima também tem bonequinhos do Darcy, Lizzie e irmãs Bennet.

Hollywood sem beijo

Por Genilda Azerêdo*

Orgulho e Preconceito – Hollywood sem beijo**

Sempre que uma nova adaptação de Jane Austen aparece – e esta é a oitava de 1995 para cá – somos induzidos a (mais uma vez) questionar o que há em seus romances, publicados entre 1811 e 1817, que ainda pode atrair a atenção do espectador do século XXI. No caso desta mais recente adaptação, Orgulho e Preconceito, baseada no romance homônimo, a expectativa talvez ainda tenha sido maior, uma vez que se trata do romance mais lido e amado da autora.A própria Jane Austen referiu-se a Elizabeth Bennet, a protagonista do romance, como “uma criatura adorável, como jamais aparecera na literatura (…)”. E confessou: “Não sei como serei capaz de tolerar aqueles que não gostem dela”. De fato, Elizabeth é a mais famosa das protagonistas de Austen, uma personagem que combina inteligência e senso de humor, sensibilidade, vivacidade e rebeldia. Como se sabe, todas as narrativas de Austen constituem pretextos para que suas protagonistas amadureçam emocionalmente, passem de um estado de ignorância a um estado de consciência e conhecimento. No caso de Orgulho e Preconceito, no entanto, tem-se, de início, a impressão (o que não se concretiza), que Lizzy já é madura o suficiente, tornando tal processo esvaziado de função. De modo geral, é o personagem masculino central aquele que contribui para este crescimento emocional e afetivo da heroína. Porém, neste romance, é interessante ver como o processo de conscientização e amadurecimento se dá de forma dupla: ambos Lizzy e Darcy não só vivenciam um processo de aprendizagem, mas gradualmente ensinam um ao outro. Talvez este aspecto seja responsável por fazer deste o mais famoso par amoroso de Austen. E não fosse por outros aspectos do romance, que faz um registro dos costumes e valores da sociedade pré-vitoriana, e uma crítica social contundente à dependência que aquela mulher tinha do casamento, como único meio de sobrevivência (material e emocional), bem como aos efeitos decorrentes dos conflitos entre classes sociais, da hipocrisia e da aparência, só a história de Lizzy e Darcy já justificaria uma adaptação.O título do romance já se oferece como primeira possibilidade de compreensão da narrativa: se Darcy é imediatamente considerado por todos como orgulhoso e arrogante, Lizzy (embora se considere lúcida) não se contém em seus pré-julgamentos em relação a ele. Mas a associação não se dá deste modo único: Lizzy também tem seu orgulho abalado (lembremo-nos de uma fala sua, quando diz, “eu poderia até perdoar sua vaidade, se ele não tivesse ferido a minha”); por outro lado, o pré-conceito inicial que Darcy tem em relação à família de Lizzy vai aos poucos se materializando, de modo que o “orgulho” e o “preconceito” do título não ocupam posições estáveis, mas ambíguas. Na verdade, estabilidade é uma palavra que não combina com Jane Austen. Embora suas narrativas sejam “limitadas” a um universo principalmente feminino e doméstico, e suas temáticas focalizem a importância do casamento como único meio de sobrevivência e estabilidade para a mulher, a questão é tratada de forma tensa, a ponto de fazer com que Lizzy recuse a proposta de casamento de Mr. Collins e a primeira proposta de Darcy, algo até certo ponto inconcebível, quando pensamos na realidade de penúria que a espera. Ou seja, ao mesmo tempo em que a narrativa revela a centralidade do casamento e a importância de uma vida familiar estável naquele tipo de sociedade, ela também mostra representações variadas de casamento, além de sugerir que algo maior – além da conveniência e sobrevivência material – deve fundamentar a escolha e a decisão, ao menos, dos pares centrais.Orgulho e Preconceito já foi adaptado anteriormente, inclusive mais de uma vez. Como filme, há uma versão de 1940. Como série da BBC/A&E, foi adaptado em 1979 e em 1995 (esta, embora série, foi filmada em película). Esta mais recente adaptação (2005; dir. Joe Wright, com roteiro de Deborah Moggach) traz uma diferença bastante significativa em relação às outras adaptações de Austen: uma ênfase maior na visualidade do meio rural (animais e trabalhadores rurais são mostrados), com o propósito de não apenas situar a história no countryside inglês pré-industrial, mas de indiciar esse meio como contexto comercial e econômico daquele grupo social.No início do filme, acompanhamos Elizabeth (que caminha com um livro na mão) pelos arredores da casa, e depois pelo seu interior. À medida que nos familiarizamos com sua casa e sua família, já nos damos conta da cumplicidade existente entre ela e Jane, de um lado, e entre ela e o pai, de outro. Esta cumplicidade é relevante para traçar limites entre duas formas de se relacionar com o mundo: uma altamente pragmática, que visa uma sobrevivência imediata (representada principalmente pela mãe e pelas filhas mais novas); outra mais racional e equilibrada, porque também fundamentada na sensibilidade.A cumplicidade entre essas duas irmãs mais velhas será dramatizada no decorrer do filme, como, por exemplo, numa cena no quarto, mais especificamente na cama, antes de dormirem, em que apenas seus rostos ficam à mostra, e elas conversam como confidentes e grandes companheiras. Essa amizade de irmãs, neste filme, se coaduna com o tratamento da questão não só em Razão e Sensibilidade (uma narrativa essencialmente de irmãs), mas também na adaptação de Mansfield Park (com o título, no Brasil, de Palácio das Ilusões).

Ao contrário de outras adaptações de Austen, em Orgulho e Preconceito as músicas e as danças são festivas e alegres, algo que se alinha com certa leveza da narrativa (em oposição, por exemplo, às narrativas de Razão e Sensibilidade, Persuasão ou Palácio das Ilusões). O ritmo da música (e, conseqüentemente, da dança), no entanto, muda quando Lizzy e Darcy dançam. O contraste com as danças anteriores fica explícito. O ritmo mais lento possibilita que conversem; a câmera se demora nos dois, já que precisam ser revelados (não só um ao outro, mas ao espectador). Por um momento, inclusive, cria-se a ilusão de que apenas os dois rodopiam no salão, o que mostra a função da dança como ritual erótico.De modo geral, ainda que em determinados momentos haja exagero (Mr. Collins, por exemplo, soa caricatural), o filme consegue refletir temáticas relevantes da narrativa de Austen; consegue, ainda, em determinadas cenas, uma tonalidade de humor e ironia característica da autora.

No entanto, na tentativa de atrair um público ávido por histórias de amor (e a narrativa romântica é mais facilmente adaptável – ou transferível para a tela – que a crítica social, principalmente quando consideramos o estilo altamente irônico de Austen), esta adaptação também acaba por se definir como “hollywoodiana”, principalmente no tratamento que dá à relação entre Lizzy e Darcy.Para ilustrar a ênfase na relação romântica, tomemos como exemplo as duas cenas em que Darcy se declara a Lizzy. Em Austen, é comum o narrador fazer uso de narração sumária, ou do discurso indireto, exatamente como estratégias para a criação de um distanciamento, para a quebra ou diluição da emoção, em momentos de grande densidade dramática. É o caso no que diz respeito ao desenvolvimento gradual da relação afetiva entre Lizzy e Darcy. Mas não só isso. No romance, na primeira vez em que Darcy declara seu amor a Lizzy, eles estão dentro de casa. No filme, como era de se esperar, há não só a dramatização do diálogo (“showing” em vez de “telling”) e o deslocamento espacial, na medida em que a cena acontece ao ar livre, mas também a utilização de um contexto de trovões e chuva forte, além de uma música que adensa a carga (melo)dramática da situação, o que acaba culminando num imenso clichê romântico.A segunda cena, quando os mal-entendidos entre eles já foram esclarecidos, e Darcy novamente renova seu sentimento por Lizzy, também chama a atenção em termos de construção visual. Aqui, como no romance, o encontro se dá ao ar livre. No entanto, diferentemente do romance, o encontro entre eles se dá de madrugada, algo impensável para aquele contexto pré-vitoriano, principalmente quando consideramos os personagens envolvidos (protagonistas, e, portanto, guiados por certas regras de conduta e racionalidade). É claro que, mais uma vez, a utilização desse espaço acentua a carga dramática (tornando-a romântica) da situação e cria um deslocamento em relação ao contexto de Austen.

A fotografia nesta cena – marcadamente escura, nebulosa, uma escuridão inclusive acentuada pelas vestimentas escuras de ambos – acaba por remeter a um contexto posterior, vitoriano, sendo bem mais adequada aos arroubos e romantismo das irmãs Brontës, por exemplo, que a contenção de Austen. Esses recortes servem para mostrar a escolha ideológica por trás da adaptação. Se, como diz Dudley Andrew, “adaptação é apropriação de significado de um texto anterior” (e um texto pode ter significados variados, ficando a critério do cineasta e roteirista dar maior visibilidade a um ou a outro), fica evidente que a escolha empreendida, neste caso, tentou conciliar a crítica social de Austen à história pessoal de Lizzy e Darcy; porém, ao romantizar (principalmente em termos visuais) a narrativa privada, o filme perdeu a chance de, por exemplo, aprofundar as relações inseparáveis entre o público e o privado em Austen. No entanto, talvez como certo consolo, o final do filme acaba por resgatar, mais uma vez, a tonalidade contida de Austen, através da ausência do beijo e da conclusão do filme sem a cena do(s) casamento(s). De modo que talvez a melhor definição para esta adaptação seja “Hollywood sem beijo”.
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* A prof. Dra. Genilda Azerêdo é professora do Departamento de Letras Estrangeiras Modernas da Universidade Federal da Paraíba, onde atua nos cursos de Graduação e Pós-Graduação em Letras. É mestre em Literatura Anglo Americana (Dissertação sobre Virginia Wolf) e Doutroa em Literaturas de Língua Inglesa (com tese sobre as relações entre literatura e cinema, especificamente as adaptações de Obras de Jane Auten).

** Este artigo foi gentilmente cedido pela amiga Genilda Azerêdo, tendo sido publicado inicialmente em revista acadêmica e no blog Correio das Artes. Originalmente, o artigo não possui as imagens acima, sendo de minha responsabilidade adição das mesmas.
*** Posteriormente publicarei mais sobre as pesquisas e trabalho de Genilda Azerêdo, aguardem!