
Para Celebrar Jane Austen – Diálogos entre Literatura e Cinema




Curso de Extensão Online: Virginia Woolf lê Jane Austen! Aberto também para a comunidade externa à UFAC e UFPB.
Formulário de inscrição para participação do Curso de Extensão, coordenado pela Profa. Dra. Patricia Marouvo.
O curso irá acontecer entre os dias 16 e 19 de novembro de 2021, via Google Meet. Para assistir a qualquer uma das palestras, é necessária a inscrição no curso. Palestrantes: Profa. Dra. Patricia Marouvo (UFAC), Profa. Dra. Maria A. de Oliveira (UFPB), Profa. Dra. Débora Rosa (UFPB) e Profa. Dra. Genilda Azerêdo (UFPB).
Horário: 10h-12h (Horário de Brasília)/ 8h-10h (Horário do Acre)
Inscrições até 14/11
Certificação de 20h.
Link para inscrição: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSetMxnn9NfP4WR8Dt2G8syPHrrUIJLXFZrYCa0xuHhfO3iYSw/viewform
Os textos críticos reunidos neste livro são resultado de uma pesquisa financiada pelo CNPQ, através de bolsa de produtividade em pesquisa.
Os textos abordam questões fundamentais dos romances de Jane Austen, publicados entre 1811 e 1818, como a relevância das protagonistas-mulheres e a necessidade de tornar seus anseios e suas subjetividades visíveis, bem como o uso inovador que Austen faz dos recursos metalinguísticos e metaficcionais, a exemplo da paródia.
A discussão também aproveita a relação contemporânea entre Austen e a adaptação audiovisual, sobretudo aquela realizada pelo cinema.
As frequentes adaptações de romances da autora atestam a atualidade das questões que ela aborda, a exemplo do autocontrole da emoção, da necessidade do discernimento crítico, mas também de experiências, ainda que sutilmente expressas, ligadas à sexualidade, ao erotismo; também de questões mais amplamente políticas, como a crítica ferrenha à hipocrisia e ao imperialismo da sociedade inglesa pré-vitoriana.
Acho que descobri esse livro por um comentário feito pela Lílian, da JASBRA/PB na comunidade da Jane Austen pelo Facebook ou em alguma conversa em algum dos encontros da sociedade. Fiquei curiosa (obviamente), pois não apenas se tratava de um livro de crítica e análise literária – gênero de que gosto muito – como também era uma produção nacional.
Demorei um pouco para consegui-lo, porque quando tentei comprá-lo pela primeira vez, ele já tinha se esgotado. Esperei um tempo, e fui procurá-lo de novo – não me lembrava exatamente o site em que ele estava sendo vendido, de forma que joguei no Google e aí descobri que ele estava disponível pela Livraria Cultura. Uma vez que pedindo pela livraria, eu podia solicitar a entrega na loja e assim escapar do frete, encomendei-o. Demorou quase um mês para ele chegar, mas foi uma espera que valeu à pena.
O livro é uma coletânea de artigos focados especialmente em Orgulho e Preconceito, A Abadia de Northanger e Mansfield Park, incluindo excelentes análises acerca do papel feminino nas obras, o uso de recursos metalinguísticos, e entre os livros e as adaptações que foram feitas dos mesmos.
Em alguns pontos, é um livro mais técnico do que outros volumes de crítica sobre a Austen que já li – o que faz sentido, visto que são artigos científicos, produzidos por uma pesquisa financiada pelo CNPq. Mas o texto é suficientemente claro para ser compreensível mesmo para aqueles que não conhecem as teorias literárias e citações da autora.
Encontrei algumas das minhas próprias interpretações sobre certos eventos do romance com maiores argumentos e muito bem destrinchados e descobri outros pontos de vista em que não tinha pensado antes. Curiosamente, ao terminar o livro, senti uma enorme vontade de rever Palácio das Ilusões e reler Mansfield Park à luz das considerações feitas pela autora.
A única reclamação que tenho a fazer de Para Celebrar Jane Austen é que ele é um livro pequeno. São pouco mais de cem páginas, mas são cem páginas de dar água na boca. Um excelente volume de referência, sem dúvida alguma.
Os textos críticos reunidos neste livro são resultado de uma pesquisa financiada pelo CNPQ, através de bolsa de produtividade em pesquisa.
Os textos abordam questões fundamentais dos romances de Jane Austen, publicados entre 1811 e 1818, como a relevância das protagonistas-mulheres e a necessidade de tornar seus anseios e suas subjetividades visíveis, bem como o uso inovador que Austen faz dos recursos metalinguísticos e metaficcionais, a exemplo da paródia.
A discussão também aproveita a relação contemporânea entre Austen e a adaptação audiovisual, sobretudo aquela realizada pelo cinema.
As frequentes adaptações de romances da autora atestam a atualidade das questões que ela aborda, a exemplo do autocontrole da emoção, da necessidade do discernimento crítico, mas também de experiências, ainda que sutilmente expressas, ligadas à sexualidade, ao erotismo; também de questões mais amplamente políticas, como a crítica ferrenha à hipocrisia e ao imperialismo da sociedade inglesa pré-vitoriana.
Especificações
Encadernação: Encadernado
Dimensões (Altura x Largura): 14,8 x 21
Dados técnicos
Número de Páginas: 110
Edição: 1a
Ano da edição: 2013
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PARTE 1
Conforme o prometido, aqui vão algumas informações sobre como adquirir o livro da Genilda Azerêdo: ‘Jane Austen, Adaptação e Ironia: uma introdução’. Segundo a autora, o livro está disponível para venda na Casa do Livro (Editora UFPB) no Campus da Universidade em João Pessoa. Contato somente por telefone ou e-mail: (83) 3216 7327 – livrariacasadolivro@gmail.com
PARTE 2
Caderneta de anotações, tamanho A6 – está na promoção por 1,99 Libra.
Por Genilda Azerêdo*
Orgulho e Preconceito – Hollywood sem beijo**

Ao contrário de outras adaptações de Austen, em Orgulho e Preconceito as músicas e as danças são festivas e alegres, algo que se alinha co
m certa leveza da narrativa (em oposição, por exemplo, às narrativas de Razão e Sensibilidade, Persuasão ou Palácio das Ilusões). O ritmo da música (e, conseqüentemente, da dança), no entanto, muda quando Lizzy e Darcy dançam. O contraste com as danças anteriores fica explícito. O ritmo mais lento possibilita que conversem; a câmera se demora nos dois, já que precisam ser revelados (não só um ao outro, mas ao espectador). Por um momento, inclusive, cria-se a ilusão de que apenas os dois rodopiam no salão, o que mostra a função da dança como ritual erótico.De modo geral, ainda que em determinados momentos haja exagero (Mr. Collins, por exemplo, soa caricatural), o filme consegue refletir temáticas relevantes da narrativa de Austen; consegue, ainda, em determinadas cenas, uma tonalidade de humor e ironia característica da autora.
a – que a crítica social, principalmente quando consideramos o estilo altamente irônico de Austen), esta adaptação também acaba por se definir como “hollywoodiana”, principalmente no tratamento que dá à relação entre Lizzy e Darcy.Para ilustrar a ênfase na relação romântica, tomemos como exemplo as duas cenas em que Darcy se declara a Lizzy. Em Austen, é comum o narrador fazer uso de narração sumária, ou do discurso indireto, exatamente como estratégias para a criação de um distanciamento, para a quebra ou diluição da emoção, em momentos de grande densidade dramática. É o caso no que diz respeito ao desenvolvimento gradual da relação afetiva entre Lizzy e Darcy. Mas não só isso. No romance, na primeira vez em que Darcy declara seu amor a Lizzy, eles estão dentro de casa. No filme, como era de se esperar, há não só a dramatização do diálogo (“showing” em vez de “telling”) e o deslocamento espacial, na medida em que a cena acontece ao ar livre, mas também a utilização de um contexto de trovões e chuva forte, além de uma música que adensa a carga (melo)dramática da situação, o que a
caba culminando num imenso clichê romântico.A segunda cena, quando os mal-entendidos entre eles já foram esclarecidos, e Darcy novamente renova seu sentimento por Lizzy, também chama a atenção em termos de construção visual. Aqui, como no romance, o encontro se dá ao ar livre. No entanto, diferentemente do romance, o encontro entre eles se dá de madrugada, algo impensável para aquele contexto pré-vitoriano, principalmente quando consideramos os personagens envolvidos (protagonistas, e, portanto, guiados por certas regras de conduta e racionalidade). É claro que, mais uma vez, a utilização desse espaço acentua a carga dramática (tornando-a romântica) da situação e cria um deslocamento em relação ao contexto de Austen.
scuridão inclusive acentuada pelas vestimentas escuras de ambos – acaba por remeter a um contexto posterior, vitoriano, sendo bem mais adequada aos arroubos e romantismo das irmãs Brontës, por exemplo, que a contenção de Austen. Esses recortes servem para mostrar a escolha ideológica por trás da adaptação. Se, como diz Dudley Andrew, “adaptação é apropriação de significado de um texto anterior” (e um texto pode ter significados variados, ficando a critério do cineasta e roteirista dar maior visibilidade a um ou a outro), fica evidente que a escolha empreendida, neste caso, tentou conciliar a crítica social de Austen à história pessoal de Lizzy e Darcy; porém, ao romantizar (principalmente em termos visuais) a narrativa privada, o filme perdeu a chance de, por exemplo, aprofundar as relações inseparáveis entre o público e o privado em Austen. No entanto, talvez como certo consolo, o final do filme acaba por resgatar, mais uma vez, a tonalidade contida de Austen, através da ausência do beijo e da conclusão do filme sem a cena do(s) casamento(s). De modo que talvez a melhor definição para esta adaptação seja “Hollywood sem beijo”.
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