Orgulho e Preconceito (Teleteatro – 1962)

Enquanto eu estava lendo uma qualificação de tese sobre a adaptação/apropriação dos textos de #janeausten na novela “Orgulho e Paixão” exibida pela rede Globo entre os meses de março a setembro de 2018, me lembrei que assisti uma entrevista do Pedro Bial com a atriz Suely Franco onde ela mostra fotos de uma adaptação baseada em Austen na década de 1960. Na época da entrevista eu tentei contato com a Suely Franco, porém, não recebi resposta.

Hoje, eu fui tentar buscar dados sobre essa adaptação que talvez seja a primeira versão brasileira do livro de Austen. Encontrei fotos no site da Funarte e após uma pesquisa superficial apresento para vocês os dados abaixo:

Em cena, as irmãs Bennet: Fernanda Montenegro, Suely Franco, Norma Blum, Ivy Fernandes, Camila Amado.

Orgulho e Preconceito (1962) é um teleteatro (versão teatralizada para a televisão) do Canal TV Tupi. Ao todo, encontrei 14 fotos e, para minha surpresa, descobri que a atriz Fernanda Montenegro participou também. Na verdade, tenho quase certeza de que ela fez o papel de Elizabeth Bennet!

Ao que tudo indica (pelos trajes), temos os atores Aldo de Maio e Sergio Britto (responsável pelo grande teatro da TV Tupi naquela época) como Charles Bingley e Mr. Darcy.

O encontro entre os militares (possivelmente Wickham em cena), com os atores: Norma Blum, Camila Amado, Moacyr Deriquém, Osvaldo Loureiro e Fernanda Montenegro.

Ivy Fernandes, Camila Amado, Suzy Arruda, Fernanda Montenegro e Sulamita Yaari.
Silka Sallaberry (abaixo), possivelmente como Lady Catherine de Bourgh.

Por fim, deixo com vocês a imagem de Fernanda Montenegro majestosa:

Até o momento, não consegui resposta das atrizes Fernanda Montenegro e Norma Blum. Quando eu tiver maiores informações, divulgo aqui.

Sanditon – Terceira Temporada

Via Masterpiece PBS (adaptado)

Charlotte Heywood retorna a uma Sanditon agora próspera. É o aniversário de 21 anos de Georgiana Lambe e, enquanto uma festa luxuosa o aguarda, um estranho reencontro entre Charlotte e Alexander Colbourne levanta velhos sentimentos e novas questões. E nem tudo é comemoração para Georgiana, que é chamada para enfrentar um novo desafio surpreendente, mas encontra apoio de fontes improváveis. Por tudo isso, Charlotte e Georgiana se unem em seu dilema, bem como em sua determinação de forjar seus próprios destinos. Na terceira temporada de Sanditon, teremos mais festas, mulheres sábias e sinceras, além de amizades adoráveis ​​que resistem ao teste do tempo e das circunstâncias.
A terceira temporada de Sanditon é a última temporada da série. A primeira temporada de Sanditon chegou à MASTERPIECE na PBS em 2020. Inspirado no romance inacabado de Jane Austen. A 2ª temporada de Sanditon foi ao ar em 2022 e a 3ª temporada em 2023. “Estamos tristes em nos despedir desta série maravilhosa, que tem toda a inteligência e alegria esperadas de um drama inspirado em Jane Austen”, disse Susanne Simpson, produtora executiva de MASTERPIECE . “Sabemos que os espectadores ficarão ansiosos enquanto as peças finais se encaixam.”

Aqui no Brasil, a série é exbiida nos streamings GloboPlay e AppleTV.

Sanditon – Segunda Temporada

No mês de junho vamos ler e discutir o livro Sanditon e adaptação para a série de televisão (3 temporadas). Faça sua inscrição AQUI.

Via Anderson Narciso (MixDeSeries)

A maneira como Sanditon lidou com a ausência de Sidney Parker, interpretado pelo ator Theo James, foi a melhor coisa para a segunda temporada.

James partiu corações quando optou por não reprisar o papel de Sidney, o protagonista masculino de Sanditon, ao lado de Charlotte Heywood, de Rose Williams. Então, quando Sanditon ganhou renovação para as temporadas 2 e 3, graças à devoção de sua base de fãs, James imediatamente anunciou que não participaria. No estilo da saída de Regé-Jean Page da segunda temporada de Bridgerton.

James citou o “conto de fadas quebrado” entre Sidney e Charlotte como um final ideal para o romance em sua opinião. Então, a série teve que alterar seus planos criativos e seguir em frente sem seu galã principal, mas a série tomou uma sábia decisão quanto ao personagem.

Galã envolvente

A primeira temporada de Sanditon apresentou Sidney como o irmão mercurial de Tom Parker (Kris Marshall), o visionário por trás da pitoresca cidade litorânea de Sanditon, na costa sul da Inglaterra.

Sidney era um empresário de sucesso com muitos contatos em Londres e no exterior. Ele também era o zelador de Georgiana Lambe (Crystal Clarke), uma herdeira de Antigua que possuía 100.000 libras e se ressentia da forma rígida e dominadora que Sidney a vigiava. Os heróis de Jane Austen, Sidney e Charlotte entraram em confronto imediatamente, mas por baixo de sua hostilidade havia uma atração crescente.

O par se apaixonou antes que eles percebessem. Infelizmente, a cidade e Tom estavam à beira do colapso financeiro e coube a Sidney encontrar o financiamento para manter vivo o sonho de seu irmão. A trágica solução de Sidney, dessa forma, foi se casar com sua antiga paixão, Eliza Campion (Ruth Kearney), cuja família tinha dinheiro para salvar Sanditon. Claro, isso significava que Sidney e Charlotte não poderiam ficar juntos apesar do desejo de seus corações, e ambos deixaram a cidade (e um ao outro) no final da primeira temporada.

Sidney morre em Sandition

A estreia da 2ª temporada de Sanditon não perde tempo estabelecendo que Sidney Parker está morto. Ele morreu de febre amarela enquanto visitava Antígua. Além disso, o personagem morreu em 1820 quando tinha 32 anos. Charlotte, enquanto isso, tem “vinte e três anos” na segunda temporada. (via ScreenRant)

Portanto, essa é melhor solução possível para que Sanditon e seus personagens, especialmente Charlotte, possam deixar Sidney para trás. Afinal, Theo James simplesmente não voltaria para as temporadas 2 e 3, então não havia sentido em manter Sidney fora da tela, mas ainda vivo. O que daria a possibilidade de ele retornar algum dia.

Com o Mr. Parker morto de forma definitiva torna qualquer retorno do ator impossível. Mas também permite que Sanditon avance, mantendo sua memória viva e permanecendo a importância de Sidney para os personagens principais, Charlotte, Tom e Arthur (Turlough Convery), o irmão mais novo de Parker.

Como a morte de Sidney impacta a série

Como a morte de Matthew Crawley (Dan Stevens) em Downton Abbey, o fato de Sanditon matar Sidney também é uma jogada inteligente por causa de todas as possibilidades de histórias que surgem a partir dele.

Charlotte está, compreensivelmente, em um período de luto para que o público possa lamentar. Logo, a senhorita Heywood permanece assombrada pelas palavras finais que Sidney falou com ela, que ecoa para o público usando a voz de Theo James do final da primeira temporada de Sanditon.

Mas Charlotte também deve encontrar uma nova vida para si mesma em Sanditon sem Sidney. A morte do Sr. Parker também oferece possibilidades para Georgiana, que agora tem que se defender de vários pretendentes caçadores de fortunas sem a proteção de Sidney, mesmo que a Srta. Lambe se eriçou sob sua asa.

Com a saída de Sidney, Arthur também assume um novo papel e responsabilidades, substituindo Sidney como o braço direito de Tom em seus negócios. Isso cria uma nova dinâmica interessante para a família Parker e Charlotte, sua hóspede.

Inteligentemente, há também um mistério em torno de por que Sidney estava em Antígua, para começar, ao contrário de quando Lady Sybil de Downton Abbey morreu porque Jessica Brown-Findlay saiu da série. Pode estar ligado a Georgiana e sua fortuna, mas também é possível que o belo Sr. Parker estivesse na ilha para ajudar Sanditon.

Talvez ele estivesse procurando algum tipo de maneira de encontrar o dinheiro para ajudar Tom a financiar sua cidade turística para que Sidney pudesse acabar com seu casamento com Eliza e ficar com Charlotte. Ou pode haver uma razão completamente inesperada para que Sidney tenha sido atraído para Antígua.

Mesmo na morte, Sidney continua sendo de vital importância para Sanditon. E a série usou sabiamente matar seu herói principal para criar oportunidades para novas histórias intrigantes na segunda temporada de Sanditon, em vez de apenas descartar Sidney Parker de maneira deselegante.

Sanditon – Primeira Temporada

No mês de junho vamos ler e discutir o livro Sanditon e adaptação para a série de televisão (3 temporadas). Faça sua inscrição AQUI.

Vou realizar uma série de posts sobre a série, que está em exibição nos streamings Globoplay e AppleTv, para deixar as impressões de quem já assistiu e falou sobre o assunto.

A série estreiou em 2019 e havia muita curiosidade sobre como fariam essa adaptação tendo vista que é uma obra inacabada de Jane Austen.

Via Adriana Cardoso (Alémde50tons)

Vamos acompanhar a trajetória da jovem Charlotte Heywood (Rose Williams) que sai da fazenda dos pais para passar uma temporada na cidade litorânea, de Sanditon. O pequeno vilarejo está sendo projetado por Tom Parker (Kris Marshall) para se tornar um dos locais escolhidos pela aristocracia para passar as pré-temporadas. O caminho de Charlotte cruza com o de Tom e a esposa, Mary (Kate Ashfield), por causa de um acidente na estrada, então a moça oferece ajuda ao casal e eles, como agradecimento, levam a moça para passar a temporada na casa deles em Sanditon. Diante de um convite tão inesperado, Charlotte parte nessa nova aventura que afinal mudaria tanto sua visa.

Chegando em Sanditon, Charlotte vai perceber como a vida pacata que tinha na fazenda dos pais é muito diferente de viver numa cidade que em breve será a queridinha dos aristocratas. Mas isso ainda está muito longe de acontecer, pois Tom não conseguiu despertar o interesse de novos investidores e assim ainda conta apenas com Lady Denham (Anne Reid) como sua principal incentivadora e investidora. Porém, até mesmo ela vem perdendo a paciência por ver seu dinheiro sendo destinado em algo que parece que não vai dar certo. Preocupado de perder o apoio de Lady Denham, Tom convoca seu irmão Sidney Parker (Theo James) para ajudá-lo já que ele tem contatos com jovens lords.

A chegada de Sidney à Sanditon trás esperanças para Tom e desperta sentimentos controversos em Charlotte, já que o irmão de seu protetor se mostra sempre muito carrancudo e hostil em sua presença. Ela está ali apenas para aproveitar a temporada e não para arrumar confusão com Sidney, mas a personalidade dele sempre a atraí, então Charlotte sempre tenta se mostrar amigável ao lado dele. Já o rapaz evita Charlotte de todos os modos possíveis, pois por mais que não deseje admitir, ela desperta um lado dele há muito tempo adormecido e Sidney não sabe como lidar com isso.

Saindo do casal principal temos de pano de fundo a criação de Sanditon e todas as suas implicações. Tom está apostando cada vez mais alto na fundação da cidade e não está sabendo lidar com o montante de dívidas que esse projeto trás. Além da cidade em si, temos alguns personagens que ajudam a movimentar a trama e muitos deles estão envolvidos com Lady Denham. Ela é uma viúva extremamente rica e sem herdeiros diretos, com apenas alguns sobrinhos que serão capazes de qualquer coisa para convencer a velhota de deixar o dinheiro para eles, mas ela está anos luz na frente deles.

Mas, pra mim, a trama mais interessante envolve a Srta. Georgiana Lambe (Crystal Clarke), uma herdeira rica e que está sob a proteção de Sidney. Até aí tudo normal e comum, certo? Errado. A introdução da personagem trás à tona um assunto muito importante: a escravidão. A história se passa num período onde os escravos foram recém-libertados e muitos deles estão lutando para se adequar a sociedade. O caso da Georgiana é um pouquinho diferente, pois ela é filha de um casal inter-racial e o pai fez fortuna nas Índias Ocidentais (Ilhas do Caribe), a deixando herdeira de uma grande fortuna. Apesar de ser extremamente rica, as pessoas ainda a olham com curiosidade justamente por ela ser negra. A jovem só quer ter uma vida normal, mas agora vive sob os cuidados da Stra. Griffiths (Elizabeth Berrington) e sua fortuna é administrada por Sidney até que se case. E até a decisão de se casar não cabe a ela, já que muitos poderiam demonstrar interesse apenas em seu dinheiro.

A sinopse e o trailer vendem muito mais do que a série realmente entregou. Eu estava esperando algo bem mais adulto e erótico devido as imagens que saíram na época e, mesmo que tenha nudez e cenas de sexo, basicamente nada disso se aplica ao casal principal, com exceção da cena clássica de Theo James saindo do mar completamente nu. E falando do personagem, eu tive um sentimento de amor e ódio por ele, pois ao mesmo tempo que o acha completamente antipático e grosseiro, eu queria saber mais sobre o passado dele e quando finalmente estamos descobrindo, temos que dar tchau a temporada. Sidney vai ganhando destaque e a quando o plot vem, eu fiquei eufórica e depois chorei em posição fetal por não ter continuação.

Já Charlotte é a clássica mocinha que transita em todos os núcleos, alguns sendo pouco importantes e em outros ajudando a trama a fluir. O maior exemplo disso, foi a amizade que ela desenvolveu com Georgiana e que acabou levando a personagem a conhecer alguém que seria muito importante para trazer os aristocratas para Sanditon. A chegada de Lady Susan Worcester (Sophie Winkleman) vai movimentar a pequena Sanditon e ela veio apenas por Charlotte, mas ainda sim, a regata que Tom havia organizado, com a ajuda da moça, não teria o mesmo sucesso sem a chegada da viúva que aparentemente é uma das abelhas rainhas da aristocracia.

Sanditon foi baseado no livro de mesmo nome da autora Jane Austen, mas é um romance que ela deixou inacabado (escreveu apenas 11 capítulos) e isso de certa maneira abre muitos caminhos para os personagens e foi exatamente o que o roteirista Andrew Davies (que também roteirizou Orgulho e Preconceito de 1995) fez.

Sanditon conta com um ótimo elenco, a fotografia é linda, figurinos impecáveis, com sub-tramas que complementam o enredo principal e ainda temos um toque de humor através dos outros irmãos Parker.

Minicurso Emma de Jane Austen

Inscrições aqui.

MINICURSO EMMA DE JANE AUSTEN

Ministrante: Profa. Dra. Adriana Sales

PLANO DE CURSO

Ementa: Apresentar o panorama da vida e obra de Jane Austen, escritora inglesa do século 19. Analisar e discutir a obra “Emma”, segundo romance escrito por Austen, publicado após sua morte em 1816. Analisar e discutir as adaptações fílmicas de “Emma” para o cinema e a televisão.

Conteúdo programático e cronograma: (Atenção para o novo calendário) – aulas às segundas

Aulas 1 e 2 (07 de novembro)

  • Introdução e cronograma do curso
  • Principais características de Emma (personagens, enredo, status social, etc.)

Aulas 3 e 4  (14 de novembro)

  • Análise do livro Emma

Aulas 5 e 6 (21 de novembro)

  • Análise da adaptação para a televisão (1972 e 1995)

Aulas 7 e 8 (28 de novembro)

  • Análise da adaptação para o cinema (1996)
  • Análise da adaptação para o televisão (2009)

Aulas 9 e 10 (05 de dezembro)

  • Análise da adaptação para o cinema (2020)

Aulas 11 e 12 (12 de dezembro)

  • Análise das adaptações “As patricinhas de Bervelly Hills”, “Aisha e “Emma Approved”.

Aulas 13 e 14 (19 de dezembro)

  • Conclusões sobre a transposição do livro para as telas
  • Discussão sobre as adaptações

Metodologia: Aulas síncronas às SEGUNDAS dos meses de novembro a dezembro de 2022. Dias: 07, 14, 21 e 28 ; 05, 12 e 19  (dezembro) de 19:00 às 21:00 (via Google Meet), com exposição e discussão do conteúdo programático. Leituras compartilhadas através do Google Classroom da turma. Acesso aos textos e materiais do curso, antes das aulas síncronas, para leitura prévia. As aulas ficarão gravadas para acesso assíncrono, caso o participante não possa estar on-line no horário e dias combinados.

Avaliação: Frequência e participação nas discussões e atividades propostas no curso.

Ministrante: Adriana Sales é Doutora em Estudos Linguísticos pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais, estudo sobre a produção textual dos fãs de Jane Austen. É especialista em Jane Austen pela Universidade de Oxford (2010). Atualmente é professora de inglês e suas literaturas no Ensino Médio e Graduação em Letras do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). É fundadora e presidente da Jane Austen Sociedade do Brasil desde 2008.  Tradutora de Mansfield Park (2009), Razão e Sensibilidade (2010) e Emma (2012).

E-mail: janeaustensociedadedobrasil@gmail.com 

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/44023205974506

Lady Susan: heroína ou vilã?

E vocês, o que acham? Lady Susan é uma personagem intrigante, criada na juventude de #janeausten ❤️ Quer conhecer mais sobre a obra? Quer dizer sobre a adaptação para o cinema “Amor e Amizade”? Vem com a gente! Link com informações e inscrições na bio. 
#janeaustenbrasil #ladysusan #janeaustensociedadedobrasil #janeaustensocietyofbrazil #jasbra

Opinião sobre Persuasão (2022)- Jane Austen Brasil

O filme tem uma fotografia linda, tanto de exteriores quanto de ambientes fechados. Mostra a cidade de Bath em todo seu esplendor, com sua arquitetura típica, o Royal Crescent, as ruas, os cafés, o apartamento luxuoso onde os Elliot se hospedam.

Dakota Johnson faz uma Anne Elliot contida e carinhosa, e Cosmo Jarvis faz um elegante Capitão Wentworth. No entanto, Anne com sua voz em off explica demais ao invés de deixar o enredo mostrar as características das personagens, o que retira da narrativa a sutileza e a ironia de nossa grande autora Jane Austen. O Capitão expõe demais seus sentimentos, tanto nas atitudes quanto na fala, o que não é típico da personagem do romance: ele é muito mais contido, como Ciaran Hinds atua na versão da BBC no final do século XX. Nessa versão, o espectador percebe com muito mais clareza as mudanças que se passam em Anne durante o desenrolar da história, tanto no seu crescimento emocional passando da mocinha tímida e desprezada para uma adulta segura de si, como na sua transformação de jovenzinha feiosa e em uma linda jovem, como inclusive o pai comenta em sua volta para  Bath depois do incidente em Lyme, tanto no romance quanto na versão Amanda Root. Richard Grant faz um bom Sir Walter Elliot,  mas mesmo assim menos imponente do que o da versão anterior.  

Tenho observado nas últimas produções da Netflix a necessidade que os diretores das séries e dos filmes têm insistido em mesclar raças em suas histórias, como vimos na série Brigertons, em que o Duque é um afro descendente, como sua protetora, Lady Danbury, assim como a sociedade londrina é toda mesclada. Em Persuasion o mesmo acontece, nas personagens de Lady Russel e do Capitão Benick, assim como a sociedade em geral que desfila pelo filme. Há de se elogiar a tentativa de igualar a sociedade em relação a raças e gentes, mas em se tratando de histórias de época – Persuasion acontece durante, ou logo depois das guerras napoleônicas no século XIX – essa tentativa tira a autenticidade da história sendo contada. Melhor tentativa foi o filme Orfeu do Carnaval, que reproduziu no cinema brasileiro a história de Orfeu e Eurídice de um casal pobre das favelas cariocas.

Contudo, é um filme bonito de se ver, uma história de amor duradouro, ambiente limpo e agradável, personagens bonitos. Jane Austen só forneceu o plot e o pano de fundo.  

Opinião sobre Persuasão (2022)- Jane Austen Brasil

Quando pensamos em adaptação, principalmente dos romances de Jane Austen, que já foram adaptados dezenas de vezes, é importante considerar o que cada produção adiciona ao grande acervo de obras inspiradas nos livros da autora. O Persuasão de Dakota Johnson, apesar de não ter agradado de forma unânime, apresentou uma nova versão do romance tão amado. Com uma história notoriamente difícil de adaptar por ser tão introspectiva, o filme traz diálogos modernos e uma Anne Elliot que vira quase que uma Bridget Jones dos nossos tempos, mas vivendo na Inglaterra regencial. É um filme que abre portas para uma nova geração de leitores de Austen, muitos que vão ter seu primeiro contato com a obra da autora através dele, além de incluir referências a diversas outras adaptações, criando assim um diálogo entre essas produções. O novo filme não teve medo de mexer com o material original, o que nem sempre agrada os fãs, mas talvez o importante seja pensarmos nele como mais uma adição ao Austenverso, e torcer para que mais adaptações sejam produzidas nos próximos anos.

* Deborah é mestra e doutora em Literaturas de Língua Inglesa pela UFRGS, e defendeu sua tese de doutorado em março desse ano. Sua graduação foi em Psicologia pela mesma universidade, mas o amor pela literatura falou mais alto, e há alguns anos ela se dedica aos estudos de literatura inglesa produzida no século XIX. Faz parte do corpo editorial dos periódicos acadêmicos PHILIA e Cadernos do IL. O foco de sua pesquisa é o espaço da mulher no século XIX e como ele é representado em romances de autoras como Jane Austen, Charlotte Brontë e Elizabeth Gaskell. Ela mora em Londres e uma de suas atividades favoritas é passear pelo Reino Unido visitando as casas e locais relacionados com as seus escritores favoritos.

Minicurso Lady Susan de Jane Austen

Inscrições AQUI.

MINICURSO LADY SUSAN DE JANE AUSTEN

Ministrante: Profa. Dra. Adriana Sales

PLANO DE CURSO

Ementa: Apresentar um breve panorama da vida e obra de Jane Austen, escritora inglesa do século 19. Analisar e discutir a obra “Lady Susan”, romance epistolar escrito na juventude de Austen e publicado somente em 1871. Analisar e discutir as características do romance e a adaptação fílmica “Amor e Amizade” (2016), baseada na obra Lady Susan. 

Conteúdo programático e cronograma:

Aula 1 (02 de setembro)

  • Introdução e cronograma do curso
  • Principais características de Lady Susan (personagens, enredo, status social,  temas e símbolos)

Aula 2  (09 de setembro)

  • Análise do livro Lady Susan
  • Roteiro do filme (2016) por Whit Stillman

Aula 3 (16 de setembro)

  • Análise da adaptação para o cinema (2016)

Aula 4 (23 de setembro)

  • Conclusões sobre a transposição do livro para o cinema 
  • Discussão sobre estudos acadêmicos

Metodologia: Aulas síncronas às sextas do mês de setembro (02, 09, 16 e 23) de 2022, de 19h às 20h30 (via Google Meet), com exposição e discussão do conteúdo programático. Leituras compartilhadas através do Google Classroom da turma. Acesso aos textos e materiais do curso, antes das aulas síncronas, para leitura prévia. As aulas ficarão gravadas para acesso assíncrono, caso o participante não possa estar on-line no horário e dias combinados.

Avaliação: Frequência e participação nas discussões e atividades propostas no curso.

Ministrante: Adriana Sales é Doutora em Estudos Linguísticos pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. É especialista em Jane Austen pela Universidade de Oxford (2010). Atualmente é professora de inglês e suas literaturas no Ensino Médio e Graduação em Letras do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). É fundadora e presidente da Jane Austen Sociedade do Brasil desde 2008.  Tradutora de Mansfield Park (2009), Razão e Sensibilidade (2010) e Emma (2012).

E-mail: janeaustensociedadedobrasil@gmail.com 

Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/44023205974506

Referências – serão apresentadas no início do curso

Entrevista para o Jornal O Povo sobre Persuasão da Netflix