Mansfield Park e as Múmias

Acabo de ver no site da Amazon o lançamento do livro Mansfield Park and mummies. Eu já havia mencionado esse livro antes, inclusive a Vic do Jane Austen Today não sabia do livro e me agradeceu pela dica! Thanks Dear!
O título completo do livro é: MANSFIELD PARK AND MUMMIES: Monster Mayhem, Matrimony, Ancient Curses, True Love, and Other Dire Delights. Autora: Vera Nazarian
O livro custa 16,95 dólares, 568 páginas e há até uma crítica positiva no site da Amazon!
Curiosamente esse é um livro que eu gostaria de ler pois tenho muito interesse por tudo o que está relacionado ao antigo Egito. A capa está bem interessante! Bem diferente daquelas dos zumbis e dos monstros marinhos. 🙂

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Mansfield Park and mummies

O que Jane Austen faria?

Parece título de livro, mas não… é um texto que a Mariana Fonseca (membro do JASBRA) traduziu de um artigo do Wall Street Journal.

O Que Jane Faria?

Como uma solteirona do século XIX serve como guia moral no mundo de hoje
por James Collins
(publicado no site do Wall Street Journal em 14 de novembro de 2009)
Jane Austen é muito divertida. Suas personagens são vívidas. O equilíbrio de suas sentenças é perfeito. Seus enredos são bastante bons – pelo menos, eles mantêm você lendo. No entanto, escrever romances brilhantes não era o objetivo principal de Jane Austen: O que era mais importante para ela era fornecer instrução moral.
Em sua essência, os livros de Austen são trabalhos morais. “Abadia de Northanger” é na verdade sobre a educação moral de Catherine Morland: Ela aprende que o mundo não funciona de acordo com os princípios de um romance gótico. Como o título indica, “Razão e Sensibilidade” é um conto moral: É a história do autocontrole de Elinor e do comodismo de Marianne. O evento central tanto em “Orgulho e Preconceito” quanto em “Emma” é a descoberta de cada heroína sobre sua própria fraqueza moral. “Mansfield Park” trata de todo tipo de questão moral, da decência no envolvimento com o teatro amador até as conseqüências do abandono do marido por um outro homem. A premissa de “Persuasão” é a de que Anne Elliot um dia sacrificou sua felicidade por cumprir o seu dever e obedecer a orientação de sua guia moral, Lady Russell. Assuntos relativos à moral não são apenas refletidos nos maiores temas dos livros, entretanto: Eles são universais. Até mesmo o menor ato ou o mais breve diálogo ou a mera descrição da maneira de vestir de uma personagem é carregado de conteúdo moral.
Os leitores de hoje tendem a apreciar Austen apesar de seu didatismo e, não, por causa dele. Ela pode ser positivamente pedante e isso é um obstáculo. O leitor contemporâneo que ama Jane Austen quase pula as partes moralistas e diz a si mesmo que elas não contam realmente. É possível ignorar esse aspecto de seu trabalho, assim como é possível discutir uma pintura religiosa sem qualquer referência à intenção religiosa do artista. Mas isso parece absurdo: Ignorar a preocupação central de uma escritora é uma estranha forma de tentar apreciá-la e entendê-la.
A questão é, então, como conciliar o moralismo de Austen com a sensibilidade moderna. Para discursar sobre esse problema, seria conveniente se pudéssemos encontrar alguém com essa sensibilidade moderna que realmente lê Austen por sua instrução moral (em adição ao prazer literário que ela proporciona). Que conveniente termos à nossa disposição alguém que se encaixa nessa descrição: eu.
Eu acho que ler Jane Austen me ajuda a elucidar escolhas éticas, a descobrir um meio de viver com integridade no mundo corrupto e até a adotar o tom e a maneira adequados ao lidar com os outros. Seu moralismo e a mentalidade moderna não estão, de fato, em oposição direta, como é tão freqüentemente suposto.
Dizer que alguém valoriza a instrução moral de Austen pode provocar ceticismo porque, afinal, ela era uma solteirona vivendo na Inglaterra provinciana há 200 anos. Mas nossos mundos não são tão diferentes. Nós vemos as personagens de Austen – vaidosas, egoístas, ingênuas, compassivas – em nossas vidas todos os dias. O tempo e a localização dela são, na verdade, uma vantagem. Em seu mundo circunscrito, os problemas da vida podem ser examinados com uma precisão mais aguçada.
Austen viveu na divisão das eras augustana do século XVIII e romântica do século XIX. No nosso tempo, quase toda canção, propaganda ou filme é baseado em princípios românticos. Não importa o quanto apreciemos as “felicidades da vida doméstica”, como Austen coloca em “Persuasão”, ainda sentimos o enorme impulso romântico para fazer alguma coisa mais heróica ou intensa. Ao invés de estarmos aproveitando um bom jantar enquanto conversamos com amigos, nós deveríamos estar lá fora forjando a consciência de nossa raça na oficina de nossa alma, ou algo assim. Eu realmente não quero forjar a consciência da minha raça, mas, ao mesmo tempo, não quero perder tudo o que o Romantismo oferece. É aí que entra Austen, pois ela é uma augustana familiarizada com o Romantismo, o que a torna mais útil do que um escritor moderno para nos ajudar a encarar o desafio romântico. Só ela pode, com credibilidade, mostrar a nós que é possível ter moderação e sentimentos profundos, bons jantares e boa poesia.
Quais são, então, os valores que Austen nos ensinaria? Palavras e frases carregadas de valor aparecem a todo momento em sua obra, freqüentemente aos montes: auto-conhecimento, generosidade, humildade, elegância, decência, constância, contentamento, bom entendimento, opinião correta, conhecimento de mundo, coração cálido, estabilidade, observação, moderação, candura, sensibilidade ao que é cordial e amável.
A instrução moral de Austen aponta para uma vida mais moral – em que “moral” se refere não apenas a princípios corretos, mas à conduta em geral. O sistema de valores de Austen pode ser tido como uma esfera com camadas. O centro poderia ser chamado de “moralidade”, a camada seguinte seria a “emoção” e, finalmente, a superfície, “conduta”. Moralidade consiste nos princípios fundamentais: auto-conhecimento, generosidade, humildade, compaixão, integridade.
A ênfase que Austen dá à ordem e ao decoro pode parecer seca e rígida. Mas qualquer um que leia “Mansfield Park” sentirá o mesmo alívio de Fanny diante da mudança da estrondosa desordem da casa de sua família em Portsmouth para a ordem da mansão. Da mesma forma, a consideração de Austen pelo autocontrole, especialmente expressa em “Razão e Sensibilidade”, pode parecer dura, mas é preciso lembrar como a autora claramente vê o sentimentalismo de Marianne com grande compaixão. Austen não está defendendo a supressão dos sentimentos – apesar de seu irrepreensível comportamento, Elinor é submetida a grandes sofrimentos e sente cada um deles profundamente. O que Austen está dizendo, como um psicólogo moderno pode recomendar, é que se deve evitar a desintegração da própria personalidade. Emoções são construídas sobre a fundação de nossa moralidade: um coração adorável, sensibilidade a tudo o que é amável. A conduta, por outro lado, tem a ver com comportamento, com o modo como trabalhamos no mundo: boa educação, maneiras suaves. Certamente ainda é necessário ter modelos de bom senso e conduta honrada expostos a nós.
Como a moralidade, a emoção e a conduta podem ajudar alguém a viver no mundo? Como deveriam ser as relações entre as pessoas e o mundo? Deve-se rejeitar o mundo inteiramente como corrupto e mercenário e hipócrita e superficial? Ou há um outro caminho, em que se podem manter a integridade e a sensibilidade, mas viver no mundo também? W. H. Auden colocou bem o problema quando escreveu:
“Será que a vida só oferece duas alternativas: ‘Você pode ser feliz, saudável, atraente, sociável, um bom amante e um bom pai, mas com a condição de que não seja curioso demais sobre a vida. Por outro lado, você pode ser sensível, consciente do que está acontecendo ao seu redor, mas, nesse caso, você não deve esperar ser feliz, ou bem sucedido no amor ou em casa com qualquer companhia. Existem dois mundos e você não pode pertencer a ambos.’”
De fato, Austen está perguntando se a vida oferece apenas as duas alternativas de “Razão e Sensibilidade” e podemos simpatizar com seu grito de desespero, pois quando o dilema é colocado da maneira como ele o faz, as duas parecem inconciliáveis.
Austen vem a nosso resgate, entretanto, visto que ela consegue se ajustar entre “Razão e Sensibilidade”, rejeitando os excessos de ambas. Sua postura agrada porque a combinação de moralidade, emoção e conduta proporciona um modo de vida que permite estar no mundo e desfrutar dos benefícios da sensibilidade também. Austen não escreve sobre boêmios e rebeldes; ela não quer mudar seu mundo – “ela não mudaria um fio de cabelo na cabeça de ninguém ou moveria um tijolo” como Virginia Woolf escreveu. Suas simpáticas personagens participam plenamente de sua sociedade e aceitam as convenções dela, e ainda têm corações e mentes perfeitamente bons. Bom senso não precisa estar em guerra com a sensibilidade.
Ironia não é apenas o modo de expressão característico de Austen: É seu modo característico de pensamento. A ironia de Austen reflete um perfeito entendimento de todos os meios pelos quais o mundo é ordinário e a crença de que, apesar de não podermos lutar contra isso, podemos, pelo menos, separamo-nos disso. Em suas sentenças irônicas, há movimento com estabilidade. Ela se move em direção ao objeto de suas críticas, e então se afasta dele, e aí proporciona um bom retrato no final. Essa movimentação rítmica serve como um ideal tanto para a aceitação quanto para a rejeição dos meios do mundo ordinário enquanto se mantém o equilíbrio.
A ironia das personagens de Austen também fornece àqueles de nós que acreditam no decoro uma forma de lidar com os hipócritas. Elinor Dashwood de “Razão e Sensibilidade” é raramente irônica, mas ela nos serve como um bom exemplo. Lembre da conversa quando o odioso John Dashwood, que havia traído a promessa feita no leito de morte patriarcal de ajudar suas meias-irmãs, sugere a Elinor que a Sra. Jennings lhes deixará uma herança. Elinor responde, “De fato, irmão, sua preocupação pelo nosso bem-estar e prosperidade o levam muito longe”. Faltam a John Dashwood generosidade e integridade. Elinor o insulta, mas ela o faz da maneira mais cortês possível.
Se alguém quiser argumentar que a moralidade de Austen é útil para uma pessoa que vive nos dias de hoje, precisará lidar com três casos difíceis. Primeiro, há a objeção de Fanny ao teatro amador em “Mansfield Park”. Então, em “Razão e Sensibilidade” há a recusa de Elinor a lutar pelo homem que ela ama, Edward Ferrars, quando ela sabe que ele está oficialmente comprometido com Lucy Steele, uma mulher que “unia a insinceridade à ignorância”. Finalmente, há o reconhecimento de Anne Eliot em “Persuasão” de que ela fez a coisa certa seguindo os ditames de Lady Russel para recusar o Capitão Wentworth, mesmo que isso tenha levado a anos de penúria sem amor para ambos. Nos três casos, Austen defende uma moralidade que parece quase absurda em sua rigidez. Qual é o grande problema com o teatro? Sustentar o princípio de honra vale a pena quando ele resulta em relacionamentos ruins e arrependimento? E que tipo de sistema de valores coloca a obediência antes do amor?
Tavez a rigidez de Austen seja muito antiquada, mas qualquer um pode encontrar mérito nos conceitos de honra, dever e obediência. Essas cordas ficaram tão frouxas que não há nada errado em apertá-las com uma leitura indulgente desse aspecto de Austen; elas afrouxarão novamente logo.
Para encerrar rapidamente os casos de Elinor e Anne, direi apenas que suas ações devem ser vistas no contexto de suas próprias crenças sinceras. A lição é de que às vezes é certo sacrificar alguma coisa que queremos pelo bem de nossa consciência.
Com Fanny Price quase parece que Austen decidiu criar uma personagem que não tem nem boas maneiras nem personalidade, mas é simplesmente moralidade crua. Ela é famosa por desagradar os leitores, mas suas ações e atitudes podem ser justificadas. Apesar de toda sua timidez, ela tem coragem de verdade. Ela se opõe aos outros quando eles querem que ela participe da peça e ela até resiste ao terrível ataque de fúria de Sir Thomas quando ela recusa a proposta de casamento de Crawford. É raramente reconhecido que Fanny está correta. O perigo da encenação é que ela deixa jovens homens e mulheres juntos em um ambiente com grande carga sexual e, de fato, eles realmente acabam levados ao resultado que Fanny temia: Henry Crawford e Maria Rushworth escapam juntos. Então Fanny não está simplesmente aderindo a uma regra arbitrária e tola sobre a decência ou não do teatro amador, ela está tentando evitar uma condição que realmente termina causando dor de verdade.
Os princípios de Jane Austen são de valor transcendente, eles não são “pedantes” e seus romances ilustram e defendem um modo de viver no mundo que é ético, sensível e prático. O melhor representante para o mérito da aproximação de Austen da vida é, entretanto, a própria Austen. O reflexo da primeira sentença de “Orgulho e Preconceito” pode ser vislumbrado sob ela. “É uma verdade universalmente reconhecida que uma mulher solteira com pouco dinheiro deve estar à procura de um marido.” Não há nada irônico nisso: No tempo de Austen essa realmente era uma verdade universal. A condição de Austen como uma mulher solteira sem dinheiro e já não tão jovem era, como ela coloca na descrição da Srta. Bates em “Emma”, estar “na pior situação do mundo para ter a simpatia das pessoas”. Como essa frase indica, entretanto, Austen era capaz de olhar para a própria situação friamente, claramente e sem auto-comiseração. Os romances carregam a estabilidade, o equilíbrio, a indulgência e o humor de sua criadora. Ao lê-los, a pessoa é envolvida na personalidade dela, a personalidade que podemos desejar adotar para nós mesmos, pois parece esclarecer muitos dos costumes, problemas e outras coisas da vida

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James Collins é escritor e editor, cujo primeiro romance, “Beginner’s Greek”, foi lançado esse ano. Esse texto foi adaptado de “A Truth Universally Acknowledged”, uma antologia de ensaios sobre o porquê de lermos Jane Austen, publicada no início dessa semana pela Random House.

Raquel de Queiróz e a tradução de Mansfield Park

O texto abaixo é uma contribuição de Ana Maria Almeida – co-fundadora do Jane Austen Sociedade do Brasil e é baseado no artigo acadêmico a respeito das traduções realizadas por Raquel de Queiróz.

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Jane Austen é merecidamente reconhecida como uma das mais célebres escritoras inglesas. Sua obra foi traduzida em vários países ao redor do mundo e recebeu diversas adaptações para o cinema, o teatro e a TV, tornando a escritora ainda mais famosa. Pessoas das mais diversas culturas, línguas e credos reverenciam seus livros e mantém aceso o interesse por tudo o que lhes dizem respeito.
Os fãs brasileiros de Jane Austen podem contar com traduções feitas para o português de suas seis principais obras. Contudo, há tempos que alguns destes livros andam ausentes das prateleiras de livrarias e sebos brasileiros. Recentemente, algumas editoras brasileiras vêm se ocupando com novas publicações da obra de Jane Austen. Resta-nos esperar que também se faça uma tradução para os livros da fase “Juvenilha”, ainda inéditos em publicações no Brasil. Este torna-se, portanto, um momento propício para uma reflexão sobre o árduo ofício da tradução.
Existe uma famosa frase que diz ser a História “filha de seu tempo”, ou seja, a escrita da história é um produto da vivência daqueles que a escrevem e do período no qual estes estão inseridos. O mesmo pode ser dito em relação às traduções literárias. Estas também são “filhas de seu tempo”. É uma ilusão acreditar que as traduções literárias são, puramente, versões literais de uma dada obra, reescritas em outros idiomas. Traduções literais podem parecer, à primeira vista, a forma ideal para uma tradução. Contudo, isso não é possível. Cada idioma possui suas peculiaridades, e, por vezes, estas são incompreensíveis quando transportadas para outros idiomas. Além disso, existem expressões idiomáticas que são culturalmente entendidas por uma dada sociedade, mas se tornam incompreensíveis quando traduzidas para outra língua, o que implica também em culturas diversas, ou seja, estrangeiras. Outro aspecto importante não pode ser relevado ao tratarmos de traduções: as escolhas particulares realizadas pelo tradutor diante do texto original.
Em trabalho acadêmico realizado por estudantes do bacharelado em Letras da Faculdade Federal de Juiz de Fora (UFJF) foi analisada a tradução de Raquel de Queiroz para o livro Mansfield Park, da escritora Jane Austen. Além de seu próprio trabalho como escritora, Raquel de Queiroz realizou diversas traduções. Mansfield Park, publicado no Brasil no ano de 1942, foi seu 4º. trabalho de tradução (sendo 47 no total). De acordo com o artigo “Raquel de Queiroz e a tradução na década de 40 do século XX”, escrito por Priscilla Pellegrino de Oliveira e Maria Clara Castellões de Oliveira, a tradução de Mansfied Park, possui implicações próprias da época em que foi produzida, e escolhas estilísticas que, de certo modo, interferem no texto original escrito pela escritora inglesa.
Tal tradução se deu no âmbito do Estado Novo, período autoritário do Governo Vargas, em que os meios de comunicação – entre eles, o meio editorial – eram fortemente controlados pelo Estado. Entre as diversas traduções realizadas por Queiroz observa-se a preponderância de obras com temática feminina, além de muitas obras escritas por mulheres. Algo que não deixa de refletir o momento de conquistas femininas no governo Vargas, com destaque para o direito da mulher ao voto. Não obstante, Fanny Price, a protagonista de Mansfield Park, ser considerada a mais submissa das protagonistas austeanas.
Segundo Priscilla Pellegrino e Maria Clara Castellões, ao trazer o romance de Austen para a língua portuguesa, Raquel de Queiroz utilizou-se de “estrangeirismos”, ou seja, conservou determinados termos de língua inglesa, como os títulos Sir, Mr e Gentleman, assim como também deixou, em alguns momentos, trechos inteiros sem tradução, sem sequer criar notas de rodapé. Todavia, na maior parte do texto, Queiroz optou por uma tradução que fizesse com que o texto parecesse ter sido produzido originalmente em língua portuguesa. Esta escolha implicou, por vezes, na substituição de expressões próprias da língua inglesa por expressões próprias da língua portuguesa, no intuito de proporcionar maior fluência aos leitores brasileiros. Em outros momentos, frases inteiras foram suprimidas na tradução. Um bom exemplo é a frase she could not to be thankful (algo como ela não poderia fazer coisa alguma senão agradecer), que foi traduzida simplesmente por: ficou agradecida.
A conclusão é que Raquel de Queiroz optou por fazer uma tradução mais idiomática do que literal. Nas palavras das autoras do artigo aqui comentado, Queiroz “forneceu ao público-leitor uma visão do estilo da autora britânica que não condiz com aquele que é percebido quando o texto é lido em seu original em língua inglesa”. Entretanto, nada disso diminui os méritos que de tal tradução, que ajudou milhares de leitores não familiarizados com a língua inglesa a terem acesso a mais uma das obras de Jane Austen. Se as adaptações feitas por Raquel de Queiroz alteraram o sentido de algumas frases, elas de modo algum alteram o sentido original da obra. A essência do texto manteve-se inalterada, sem maiores prejuízos para o leitor brasileiro.
Voltando às nossas considerações iniciais, podemos dizer que o tradutor se torna, também, um pouco pai do texto traduzido, deixando sua própria marca em algo que, apesar de não lhe pertencer originalmente, possui muito de si próprio.
(Para conferir o artigo “Raquel de Queiroz e a tradução na década de 40 do século XX” de autoria de Priscilla Pellegrino de Oliviera e Maria Clara Castellões de Oliveira ver o artigo completo)
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Faz-se necessário observar que os comentários aqui publicados em nenhum momento tiveram a intenção de denegrir a imagem da nossa querida Raquel de Queiróz, nossa intenção é incentivar a discussão em torno de Austen e suas obras.

Capas dos Livros

Descobri essa coleção dos livros de Jane editados pela Oneworld Classics (versão unabridged – integral), à venda na Barnes&Noble, os preços variam entre 6 a 7 libras.

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Encontrei também uma coleção da Max Literary Classics (versão unabridged – integral), com introdução de Andrew Davies e Louis de Bernieres, à venda na amazon.uk, preços entre 7,50 a 9,00 libras.
Infelizmente não encontrei imagem disponível de Mansfield Park.

Conversa entre autoras

Imaginando Personanges – seis conversas sobre escritoras. O livro organizado por Rebecca Swift, traduzido por Roberto Muggiati, traz conversas entre A. S. Byatt e Ingês Sodré. As autoras ‘conversam’ sobre livros variados e aprofundam suas observações e discussões de maneira muito agradável e inteligente.O texto tem um formato no estilo de bate-papo (chat).

As obras discutidas são:
– Mansfield Park (Jane Austen)
– Villette (Charlotte Bronte)
– Daniel Deronda (George Eliot)
– A casa do Professor (Willa Cather)
– Uma rosa informal (Iris Murdoch)
– Amada (Toni Morrison)

Traz também um capítulo sober sonhos e ficções e ainda uma seção a respeito das fontes consultadas por essas autoras.
Até hoje eu só li Mansfield Park porque os outros livros ainda não tive a oportunidade de ler e achei que não seria interessante ler a discussão sem conhecê-los. Em relação ao livro de Austen, a minha impressão ao ler os comentários de Byatt e Sodré foi que os personagens ganham ainda mais vida através da discussão das duas. O livro é uma excelente fonte de recursos que auxiliam na interpretação dos livros citados acima. Sabe quando falam de pessoas que são nossos velhos conhecidos? Foi assim que me senti ao ler esse livro, Fanny, Edmund e os demais personagens de Mansfield Park são analisados e discutidos de uma maneira tão interessante que às vezes passou pela minha cabeça a seguinte frase: ‘como eu não havia pensado nisso antes?’
Creio que para quem gosta de literarutra e mais ainda de Austen, esse livro é uma ótima sugestão!

Detalhes:
Título: Imaginando Personagens
Número de páginas: 348
Editora: Civilização Brasileira
Edição: 2002
Valor: 43,00 (Livraria Cultura, Livraria da Travessa e Submarino) – novos
          14,00 a 35,00 (Estante Virtual) – usados

Frase de efeito

Uma citação de Mansfield Park:

“I cannot think well of a man who sports with any woman’s feelings; and there may often be a great deal more suffered than a stander-by can judge of. “

Henry Crawford e Fanny Price

Seria apenas o personagem pensando ou Austen usando o personagem para mandar uma mensagem direta?

Dicas para estudantes e interessados

Na semana passada, durante o III Encontro Nacional de Hipertexto conheci a Crislene Pereira Nunes (UFPI) cuja apresentação foi: “Literatura digitalizada: o novo processo de leitura a partir da obra The Scarlet letter em sua versão digital”.  A pesquisa de mestrado da Crislene tem como base o site do NUPLID (Núcleo de Pesquisa em Literatura Digitalizada) da UFPI. Para quem gosta de literatura e tem boa leitura em inglês é uma dica irrestível! O site oferece os textos (retirados do Projeto Gutemberg), porém com notas de rodapé, explicações e imagens de autores e filmes baseados nas obras. Fiz uma visitinha e gostei muito! Pena que ainda não digitalizaram as obras de Jane por lá! Já fiz minha sugestão!

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Outras duas fontes ricas em informações para estudantes de todas as áreas: CliffsNotes e SparkNotes, que eu já conheci dos tempos de faculdade!
O CliffsNotes só apresenta duas obras de Austen: Emma e Pride and Prejudice (análises, resumos, contexto, jogos, etc).
O site é rico em informações e o leitor pode escolher entre ler na tela do pc ou comprar o livro (pdf ou brochura).
O SparkNotes traz toda a obra de Austen analisada, comentada e resumida.
Também oferecem a possibilidade de ler na tela (integral) ou comprar o livro (pdf, e-book ou brochura).

Lançamento de Mansfield Park no Hipertexto 2009

Na semana passada (29 a 31 de outubro) eu participei do III Encontro Nacional de Hipertexto, onde apresentei um recorte da minha dissertação de mestrado ao falar sobre O uso do software educativo por professores de língua inglesa. Foram três de muitas apresentações, palestras e mini-cursos. Gostei muito!
Pude encontrar velhos e novos amigos, ex-professores, minha banca inteira de mestrado estava lá (e olha que o Prof. Dr. Júlio Araújo é do Ceará), sem contar que boa parte do meu referencial teórico (bibliografia) também estava presente. Mais detalhes e fotinhas no meu blog acadêmico.
Na noite do coquetel, fiz o lançamento do meu livro Mansfield Park na noite de autógrafos, que chamei de noite de dedicatórias. 🙂
Abaixo, algumas fotinhas do evento:

Falando em Mansfield Park, a Carolinha Marinheiro me disse que saiu uma notinha no Caderno de Cultura do Estadão de ontem. Infelizmente já era tarde da noite quando soube, e dificilmente eu conseguiria encontrar o Estadão em alguma loja de Shopping. Felizmente Carol ficou de me enviar o jornal! ôba!!

Mansfield Park and Mummies

Mais um livro para deixar os fãs de Austen de cabelo em pé: MANSFIELD PARK AND MUMMIES by Jane Austen and Vera Nazarian. Dá para imaginar encontrar um ser morto-vivo como essa múmia abaixo?
Publicado pela Editora Norilana Books Mansfield Park and Mummies é uma paródia do famoso livro de Austen onde Fanny não tem apenas que se defender das investidas charmosas de Henry Crawford mas também de um Faraó do Egito Antigo, enquanto Edmund tenta realizar exorcismos. Mansfield Park se torna um campo de batalha entre as forças do mal e o amor verdadeiro dos tempos da regência.
O livro já está à venda na Barnes and Noble por 10,08 dólares, porém não consegui encontrar a capa nem no google imagens.
Quem tiver curiosidade de ler, a Norilana Books disponibiza algumas passagens dos capítulos aqui.
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Crédito da foto: Eduardo Zardini – múmia do Museu Egípicio na cidade de Torino – Itália.

Meu livro chegou!

Pessoal, é com enorme alegria que faço aqui a publicação das primeiras fotos com meu livro!

Trabalho concluído, agora posso voltar ao meu hobby: ponto cruz!
Minha edição de Mansfield Park foi comentada/citada em alguns sites e blogs: