Primeiras cenas de Sanditon – romance inacabado de Jane Austen

A Masterpiece/PBS acaba de divulgar as primeiras cenas de Sanditon (romance inacabado), escrito por Jane Austen! Estamos todos empolgados por esse lançamento!! Os atores Rose Williams como Charlotte Heywood, Theo James como Sidney Parker and Anne Reid como Lady Denham.

Theo James faz o papel de Sidney, um homem inconstante. Homem já feito, acha que suas responsabilidades para com sua família em Sanditon é apenas um fardo. Porém, quando conhece Charlotte, ele começa a de se descobrir e, finalmente, confiar novamente em si e nos outros.

Rose Williams é Charlotte, uma moça animada com as promessas de aventuras que Sanditon oferece. É também muito entusiasmada com as mudanças prometidas para o século XIX e está pronta para uma nova vida. É uma heroina Austeneana bem moderna!

Anne Reid vai interpretar a Lady Denham, que se elevou socialmente por meio do casamento e esperar ser tratada com muita deferência.

Fonte: Masterpiece/PBS

Quer conhecer um pouco mais sobre Sanditon?

No blog da Editora portuguesa Relógio D’água há uma indicação de um programa chamado Livro do Dia, por Carlos Vaz Marques que falou sobre Sanditon de Jane Austen. Confiram o áudio aqui

Gazeta de Longbourn Apresenta: Novelas Inacabadas

– De maneira alguma, meu caro senhor, de maneira alguma – exclamou o sr. Parker impaciente. – Pelo contrário, asseguro-lhe. É a ideia geral, mas um equívoco. Isso pode se aplicar aos lugares desenvolvidos, superpovoados como Brighton ou Worthing ou Eastbourne, mas não a um vilarejo como Sanditon, impedido por suas dimensões de sofrer quaisquer males da civilização; ao passo que o crescimento do lugar, as edificações, as sementeiras, a demanda por tudo e a segura existência das melhores companhias (dessas famílias regulares, sólidas e reservadas dotadas de nobreza e caráter que são uma bênção em qualquer parte) estimulam o trabalho dos pobres e difundem o conforto e o desenvolvimento de toda a sorte entre eles. Não, meu caro senhor, asseguro-lhe que Sanditon não é um lugar…

– Não quis dizer que não haja exceções em algum lugar em particular – respondeu o sr. Heywood -, só penso que a nossa costa está repleta deles. Mas não seria melhor levar o senhor…

– Nossa costa está repleta! – repetiu o sr. Parker. – Talvez nesse ponto não possamos de todo discordar. Pelo menos já há o bastante. Nossa costa já está muito explorada. Não precisa de mais. Atende ao gosto e às finanças de cada um. E essa boa gente que está tentando ampliar o número das estações balneárias, na minha opinião, insiste num exagero e em breve se verá vítima de seus próprios cálculos falaciosos. Um lugar como Sanditon, senhor, posso dizer que foi sonhado, foi exigido. A natureza selecionou-o, indicou-o em caracteres maiúsculos. A brisa mais pura e suave da costa, tida como tal, banhos excelentes, areia fina e firme, águas profundas a dez metros da praia, sem lama, sem ervas, sem pedras escorregadias. Nunca houve um lugar mais claramente projetado pela natureza para ser o balneário de enfermos, o verdadeiro lugar de que milhares de pessoas estavam à procura! À mais conveniente distância de Londres! Um quilômetro e meio mais perto do que Eastbourne. Imagine apenas, senhor, a vantagem de economizar toda essa distância numa longa viagem. Mas Brinshore, senhor, na qual acredito esteja pensando, as tentativas de dois ou três especuladores em Brinshore no ano passado de promover aquele mesquinho povoado, situado como está entre um charco estagnado, uma charneca árida e as constantes emanações de um brejo de algas putrefatas, não pode resultar em nada a não ser em decepção. E, em nome do bom senso, Brinshore poderia ser recomendável? Um ar muitíssimo insalubre, estradas sabidamente detestáveis, água suja sem igual, sendo impossível ter-se uma boa chávena de chá num raio de cinco quilômetros em redor. E, quanto ao solo, é tão gelado e infértil que nem consegue produzir um repolho que seja. Confie em mim, senhor, que esta é uma descrição a mais fiel de Brinshore, sem o mínimo grau de exagero, e se o senhor ouviu falar dela de modo diverso…

Trabalhos mais maduros de Jane Austen, os dois romances que foram publicados nessa edição – Sandition e Os Watsons são inéditos no Brasil. E eram inéditos para mim também, que os conhecia de nome, mas nunca os tinha tido em mãos.

Talvez seja um tanto estranho ir atrás de ler uma obra que não tem final, cujo desenvolvimento, de uma forma geral, está incompleto. Como uma leitora amante de tudo o que Austen escreveu, contudo, não poderia me furtar a esse comichão de conhecer tudo o que ela escreveu, independente de ela ter terminado ou não.

Os Watsons começa o volume. A bela, gentil e delicada Emma Watson retorna para casa depois de anos sob a guarda de uma tia rica – agora que esta se casou, não a quer mais e onde antes havia a expectativa de terminar como uma herdeira (numa seqüência parecida com a de Frank Churchill), agora ela é apenas mais uma irmã entre outras quatro de uma família pobre com um pai hipocondríaco.

A despeito disso, sua beleza consegue chamar a atenção de Lorde Osborne, o principal membro da sociedade local. E isso é mais ou menos tudo.

São apenas dois capítulos e confesso que eles me deixaram com a impressão de um dos romances góticos com que a própria Austen tanto brinca em A Abadia de Northanger. A irmã mais velha que serve de primeira anfitriã para Emma, Elisabeth, não me inspirou muita confiança e pelo que sabemos das outras duas irmãs; tampouco elas parecem particularmente boa companhia. Lorde Osborne é meio que uma nulidade, mas isso é o de menos – segundo se conta, os planos da escritora eram de juntar Emma com o pároco da propriedade dos Osborne e não com o próprio lorde.

Só que temos tão pouco de Mr. Howard, o pároco – que mal abre a boca e faz qualquer ação muito digna de nota – que não dá para prever exatamente como esse relacionamento vai acontecer.

Some-se a isso o fato de que no planejamento original, Mr. Watson morre e Emma fica à mercê do irmão mais velho e da cunhada, que têm uma boa renda, mas não são exatamente generosos.

Há muito, muito pouco para perceber como a coisa toda se desenvolveria, mas esses dois capítulos têm seus momentos. Tom Musgrove é um cafajeste cômico, Lorde Osborne é profundamente antissocial (de uma maneira bem mais esquisita que a de Mr. Darcy) e tenho a impressão de que entre esses dois personagens, muitas situações de ridículo para Austen escaramuçar poderiam se seguir.

Emma, por outro lado, me faz pensar muito em Anne, de Persuasão, com sua bondade e delicadeza inatas – especialmente na cena em que faz a alegria do pequeno Charles no baile que abre o livro.

Diz-se que Austen teria começado o livro em sua época morando em Bath, abandonando-o quando da morte do pai, uma vez que a situação de sua protagonista tornara-se dolorosamente parecida com a sua.

Sandition, por outro lado, teria sido a última obra em que ela trabalhou, tendo sido abandonada por causa da doença e subsequente morte da autora. É mais bem acabada que Os Watsons – além de ter mais capítulos (onze), a história parece mais polida, mais focada na verve de humor habitual de Austen. A protagonista do romance, Charlotte, parece-me mais simpática e humana que Emma, com uma aguçada percepção da sociedade ao seu redor e uma boa disposição para rir-se inclusive da própria situação.

Sandition é um balneário à beira mar que está começando a crescer como destino de férias graças aos investimentos de Mr. Parker e Lady Denham. Ainda há muito caminho até que o local se torne ‘da moda’ – que é a grande ambição dos dois – mas é um local agradável, com uma geografia privilegiada e Charlotte parece contente com sua visita ao local. De uma forma geral, contudo, o resort é mais um ideal do que realmente aquilo que desejam seus investidores.

O elenco de personagens vai do bonachão e prestativo Mr. Parker, aos seus irmãos absurdamente hipocondríacos (e esse parece ser um tema algo recorrente a partir de Emma), à inteligente e mesquinha Lady Denham e seu sobrinho um tanto maluco de ler romances, Sir Edward – que decidiu ter aptidão para ser vilão gótico e aspira a se tornar o infame Lovelace, de Clarissa.

A história tem um ritmo rápido e um foco interessante em questões de comunicação e propaganda – o resort tem por principal promoção o boca a boca, seja o pessoal, seja por cartas, há algumas confusões por conta desses diálogos epistolares. Infelizmente, o livro termina exatamente quando o herói da história, o irmão mais novo e enérgico dos Parker, Mr. Sidney, chega – e pelo que sabemos dele das cartas de Mr. Parker, tenho a impressão que ele e Charlotte se dariam muito bem.

As duas narrativas são interessantes – não apenas pela forma como podemos entrever o processo de escrita de Austen, mas também pelo potencial que ambas possuem. Outros autores, inclusive da própria família da autora, escreveram continuações e fiquei razoavelmente curiosa para encontrá-las.

Até lá, nos fica a tarefa de tentar imaginar por nós mesmos como elas avançariam – um exercício bastante agradável entre uma releitura e outra dos romances acabados de Austen…

Supresa logo pela manhã!

Nada melhor do que começar a manhã bem! Acabei de receber um lindo presente: As novelas inacabadas de Jane Austen – Os Watsons e Sandition, traduzido pelo Ivo Barroso. Mas a agradável surpresa foi maior ainda porque o livro veio autografado! 

 
Thanks a million, Mr. Barroso! 😉
A Cláudia Dattein (JASBRA-RJ) ficou encarregada de me enviar o livro! Obrigada querida! 
Para quem ainda não estava sabendo desse super lançamento, o livro foi lançado no último dia 25 de abril, no Rio e está à venda em várias livrarias. Na livraria da Travessa (RJ) está por 39,42 e com frete grátis para algumas cidades brasileiras! 
Confira aqui a mini entrevista com o tradutor Ivo Barroso. 
Leia aqui um trecho de Sandition, traduzido por Ivo. 

Terças: Mini Entrevista com Ivo Barroso – tradutor do laçamento Sandition e The Watsons

Como não moro no Rio, não pude ir ao lançamento das “Obras Incabadas de Jane Austen” traduzida pelo Ivo Barroso! 😦
A Anna Katharine e Cláudia Luisa representaram a JASBRA muito bem! Veja que honra ter uma foto ao lado do Ivo e ainda autógrafo no livro! Não vejo a hora do meu chegar! 🙂 

Essa dedicatória é do livro da Anna Katharine (representante da JASBRA-RJ)
Eu pedi às meninas para tentar conversar um pouquinho com Ivo Barroso. 
Segue abaixo uma mini entrevista:

1) Como foi traduzir uma obra considerada inacabada? 
Foi uma experiência ótima, porque nada da Jane é inacabado. O primeiro capítulo, do baile, já é uma obra completa.
2) Este livro difere dos outros livros de Austen? Por exemplo, é um livro mais maduro ou segue mais ou menos a mesma linha dos outros? 

Sim, ele segue a mesma linha dos outros. Você vai encontrar um pouco de Emma e um pouco das outras obras nestas novelas inacabadas.

***

Cláudia Luisa e Ivo Barroso

Cláudia nos conta que, durante o bate-papo, ele disse, entre outras coisas, que quis encerrar a carreira de tradutor com um livro da Jane Austen por ela ser a maior escritora inglesa depois de Shakespeare. E não é só ele que diz isso, é também a opinião do crítico Harold Bloom em O cânone ocidental. Que o texto da Jane é muito difícil de traduzir devido ao seu estilo e ironia. Ele muitas vezes levou tempo para escolher a palavra exata, para poder captar o estilo da escritora e, também, a época de Jane Austen. Ele cuidava para não escolher palavras que não existiam na época de Jane. Ivo disse ainda que acredita que as novelas teriam sido iguais aos 6 livros finalizados pela autora, ou melhores talvez. Sanditon, por exemplo, tem uma concepção espetacular.

O livro encontra-se em promoção no site da Livraria da Travessa por R$ 39,90 com frete grátis para algumas cidades. 

Terças: Indicações de livros – Trecho de Sandition em português brasileiro

A Márcia Belloube (JASBRA-SP) nos indica um trecho de Sandition traduzido por Ivo Barroso (fonte Folha de São Paulo), com super lançamento no próximo dia 25 de abril! Confira os detalhes aqui. Para quem ainda não conhece o poeta e tradutor Ivo Barroso, clique aqui e veja os diversos posts do blog.

Sandition e Os Watsons e português brasileiro!


Esta semana eu recebi um e-mail direto do blog do Ivo Barroso sobre um lançamento muito bacana! Porém, como eu estava fora da internet por questões de trabalho e haviam muitos posts programados para a semana, resolvi postar hoje. A editora Nova Fronteira lançará no dia 25 de abril uma edição de luxo das obras inacabadas de Jane Austen em português brasileiro! Não é fantástico? Leia abaixo o trecho da publicação do Ivo em seu blog (Gaveta do Ivo):
” Em comemoração ao bicentenário de publicação de “Razão e Sentimento”, a Editora Nova Fronteira em 2011 lançou uma nova edição ilustrada, de luxo, capa dura, desse livro para o encanto de todos os leitores e leitoras de Jane Austen. A edição foi tão bela e cuidada, inclusive reproduzindo capas do livro de edições estrangeiras, que passou a ser um item de colecionador para todos os fãs da boa tiazinha de Steventon. Agora, por ocasião do bicentenário de “Orgulho e Preconceito”, o segundo livro de Jane, e que talvez o que mais prestígio literário lhe trouxe, a Nova Fronteira tem uma surpresa para os seus leitores: o lançamento da única obra de Jane ainda inédita em português: “Novelas Inacabadas – Os Watsons e Sanditon”. A publicação acompanha o mesmo requinte editorial da anterior e, por isso, será um item para se guardar ou presentear com carinho aos amigos queridos e pessoas amadas.
O lançamento está previsto para o dia 25 deste mês, às 18:30 no Centro Cultural Banco do Brasil, à rua Primeiro de Março, 66 – Rio. Inicialmente haverá uma mesa-redonda com o tradutor e os apresentadores, que falarão sobre a obra de Jane e responderão a eventuais perguntas dos que comparecerem ao evento, no auditório do 5º andar do CCBB. Em seguida, haverá bate-papo informal e noite de autógrafos na Livraria da Travessa, situada no térreo (pérgola) daquele edifício. Não percam. Venham todos.” 

Conversando sobre Jane Austen com… o elenco de Austentatious: Um Romance Improvisado

Sem dúvida um dos shows dos circuitos de comédias improvisadas, Austentatious: Um Romance Improvisado, é uma peça de comédia improvisada de uma hora de duração que gira no estilo inimitável de Jane Austen e inteiramente baseada em sugestões do público. Nunca Jane Austen tinha sido tão divertida! Incluindo um excelente elenco: Cariad Lloyd (Indicado ao Fosters Award de Melhor Relevação 2011), Parris Rachel (Finalista do Hackney Empire 2011), Amy Cooke-Hodgson (Olivier Award por La Boheme), Joseph Mopurgo (Oxford Imps), Dickson Graham (UCB) e Andy Murray (Private Eye) apresentam uma eloquente, irreverente e 100% improvisada peça sobre os trabalhos da nossa amada autora. Interpretados em trajes da época com acompanhamento ao vivo, Austentatiousé um deleite envolvente e divertido para os fãs de Austen além de uma comédia improvisada. Austentatious é encenada regularmente no Wheatsheaf, Rathbone Place (Londres) e recentemente encenada no Edinburgh Festival Fringe 2012. Entrei em contato com Cariad Lloyd, que gentilmente aceitou coordenar uma entrevista com o resto do elenco por email. Este é o resultado da nossa conversa. É hora de conhecer a brilhante Austenacious e desfrutar do nosso bate-papo sobre Jane Austen e seu próprio trabalho.
Olá a todos! Que bom que vocês aceitaram serem meus convidados, Austenacious. Minha primeira pergunta é por que Jane Austen e não Dickens ou Shakespeare?
Nós todos gostamos muito da Jane Austen e alguns de nós estudaram sobre ela na universidade. Não foi porque não gostamos de Dickens ou Shakespeare, mas foi um amor compartilhado por Jane Austen que a fez ser a autora escolhida, eu acho.
A jovem Jane Austen adorava entreter sua família e fazê-las rir. Vocês acham que ela poderia ter gostado do jeito que vocês entretêm seu público através do seu trabalho?
Esperamos que sim! São muitas adaptações amorosas, muitas vezes zombamos dos clichês da Jane Austen, dos senhores arrojados e terminamos em casamento, mas a peça é definitivamente feira a partir de um lugar de admiração, por isso acreditamos que ela teria adorado!
Quem teve a ideia para uma série tão peculiar? Quando e como? Como vocês seis acabaram no elenco de Austentatious?
Amy e Rachel vieram com a ideia há quase 02 anos atrás e o restante nós viemos juntos. Nós todos tínhamos feitos muitas improvisações antes e Amy, Rachel, Joe e Andy estavam todos juntos num grupo na universidade. Nós queríamos atuar num formato de improvisação divertido e éramos fãs da Jane Austen e “period dramas” em geral e eu acho que todos nós gostamos da ideia de viver nesse mundo por um tempo.
Em suas peças vocês tentam persuadir Elizabeth Bennet que Mr Darcy é um idiota (risos). Vocês escolheram satirizar o trabalho de Jane Austen porque vocês não poderiam suportar isso ou porque vocês não gostaram?
Cariad: O público sugere os títulos, escrevendo em tiras de papel que se parece com os livros da Penguin Classic, de modo que foi um título sugerido pelo público! Nós temos todos os tipos de títulos diferentes desde “Parque Cheio de Homem”, “Gerenciamento da Ira do Norte” até “Darcy Agachado, Bennet Escondida”. Assim, basta tirarmos um titulo de dentro da cesta. Somos todos, definitivamente, fãs do trabalho da Jane Austen e eu não acho que você poderia criar um show como este se você não amasse de coração seu trabalho e o mundo que ela criou.
Ela era uma mestra da ironia e sagacidade, mas viveu em uma época diferente e distante como o Período Regencial. Quanto da nossa forma de rir e se divertir mudaram? Nós ainda sorrimos da ironia sútil dela?
Andy: Eu acho que a maneira de rir é realmente muito similar – rimos das falhas de outras pessoas e quando Jane escreve são nítidas, linhas muitas engraçadas, elas ainda tem o poder de nos fazer estremecer e rir ao mesmo tempo. Sempre que leio as obras, eu me pego rindo alto. Ninguém nunca se cansa de rir de bobagens e todos esses tipos de personagens: a Sra Bennets, a Tia Norrises – ainda estão com a gente hoje.
Quais dos seis grandes romances vocês incluíram no show?
Nós não incluímos automaticamente materiais de qualquer uma das novelas. Nós preferimos apresentar trabalhos novos, com todos os personagens – mas o que podemos fazer se o público pede! Por exemplo, se recebemos uma sugestão para um trabalho chamado “Cinquenta Tons do Mr Darcy”, então nossa peça acontecerá no universo de Orgulho e Preconceito, mas não será o mesmo romance que todos conhecemos.
Quais foram as coisas mais bizarras ou estranhas que o público já sugeriu para o Mr Darcy ou Elizabeth?
Andy: Bem, acho que o título “Darcy e Bingley: Um Amor Proibido” chega bem perto…
Eles muitas vezes sugerem Jane Austen mash-up com shows de monstros, zumbis e vampiros?
Andy: Nós não tivemos muitas sugestões como essas! Tivemos “@Jane Austen: #Zombis” que foi muito divertido, mas não temos sugestões que nos permitem ir além do mundo normal de Jane Austen. Algumas vezes, nos afastamos em histórias de crimes, de horror gótico, mas mesmo assim tentamos reagir da maneira que os personagens de Jane Austen poderiam ter feito se confrontados com estas situações. Eu gostaria de uma sugestão que nos permitissem ir para o espaço…
Alguém totalmente inexperiente em Jane Austen pode desfrutar da sua comédia?
Joseph: Absolutamente. Os livros da Jane Austen são todos sobre personagens distintivos, raciocínio rápido e alta tensão – se você gosta desse tipo de coisa, você é tão experiente quanto precisa ser. Naturalmente, as pessoas que são plenamente informadas sobre Jane Austen e seus contemporâneos serão capazes de entender as piadas, referencias e peculiaridades específicas da Jane Austen, mas realmente é tudo sobre a estória que estamos criando naquela noite.
Qual é o aspecto mais divertido de ter que improvisar e qual é o mais difícil?
Andy: O mais difícil é estar no palco com pessoas cuja companhia você realmente gosta e ser capaz de ser se divertir com elas. Muitas vezes, elas são tão divertidas que você tem que se lembrar de que há um público lá, caso contrário, você começa a rir! Quanto ao mais difícil, é lembrar-se de todos os detalhes que as pessoas mencionam no começo do show – se você consegue segurá-lo e trazê-lo de volta mais tarde, é uma grande sensação para os artistas e o público, mas é definitivamente muito difícil de fazer.
Esta questão é para Joseph, Graham e Andy. Por que os homens são convencidos de que Jane Austen é para meninas?
Bem, considerando que dois dos meninos do elenco dedicaram meio ano estudante Jane Austen na universidade, nós discordamos. Ainda assim, eu acho que é justo dizer que eles são, em geral, livros femininocêntrico: eles são cheios de protagonistas femininas, eles são em grande parte sobre meninas, mesmo que eles não sejam exclusivamente para eles. Isso faz a diferença. Mais importante, porém, acho que a forma como os livros de Jane Austen foram comercializados nos últimos cem anos provavelmente desempenhou um papel maior na formação do que na percepção de qualquer palavra que Jane Austen escreveu. Eles têm muito a dizer, igualmente, aos homens e mulheres.
A próxima é para Cariad, Rachel e Amy: com quem entre os homens de Jane Austen, vocês fugiriam e para onde?
Darcy é, obviamente, um dos favoritos, mas todos nós temos um ponto fraco por Bingley e Knightley. Eles são todos tão adoráveis, infelizmente ninguém aprecia muito Mr. Collins.
Se você pudesse estar em “Lost in Austen” (como Jemina Rooper na série de TV), que cena da série você adoraria voltar a viver?
A cena final de “Sandition”. Porque, então, nós poderíamos fazer literalmente qualquer coisa que quisesse.
Eu sei que vocês se divertem fazendo todos os personagens cômicos, mas quais são os personagens de Jane Austen mais cômicos sem a intervenção de vocês?
Eles são/foram muitos realmente, é difícil escolher um. No último show tinha as primas Genevieve & Francesca Larch, que vivia com a superproteção do pai e que desejam serem cortejadas por Wally (Duque de Malborough) e Lorde Brackenbury, mas foram frustradas por servo mal Smithers e foram ajudadas pela velha governanta de Wally, Lady Thatch em um final feliz e um casamento duplo. E isso foi apenas um show!
Como foi sua experiência no Edinburgh Fringe? Deve ter sido especial?
Edinburgh foi incrível! Nós estávamos no Free Fringe e não sabíamos se alguém viria, mas eles estavam há uma hora numa fila para obter um lugar! E nós fomos comprimidos por 150 pessoas num dia e mantivemos uma distancia por prevenção. Nós todos estávamos sobrecarregados e muito gratos pelo nosso público adorável e como tudo aconteceu.
Qual foi o momento mais gratificante em uma experiência tão emocionante?
Eu acho que só fazemos shows que fazem as pessoas rirem e desfalecerem. Após a maioria dos shows, as pessoas vêm até nós e dizem o quanto gostaram e isso é realmente tudo que você pode pedir.
Quais são os próximos locais de Austentatious?
Estamos encenando em Leicester Square Theatre em 15 de setembro no espaço principal. E nós encenamos duas vezes por mês no Pub Wheatsheaf em Oxford Street. Confira no http://www.austentatiousimpro.com ou @austenimpro para mais detalhes. Por favor, tweet para nós, escreveremos de volta cada tweet. Nós ficamos felizes em ouvir todos vocês.
Obrigada por serem meus convidados e por responderem as minhas perguntas. Espero encontra-los e desfrutar de um dos seus shows na minha próxima viagem a Londres. Boa sorte a todos vocês com Austentatious, nas suas futuras carreiras e em suas vidas particulares. Vamos ficar de olho em vocês esperando vê-los ao vivo no palco ou na tela algum dia. Dedos cruzados!
Obrigado! Nós esperamos também!

Amor e Amizade

Conversando hoje com Lilia dos Anjos (constante co-autora de alguns posts deste blog), cheguei à conclusão que falei muito pouco dos outros escritos de Jane Austen. Os seis principais livros da autora (Orgulho e Preconceito, Razão e Sensibilidade, Persuasão, Mansfield Park, Abadia de Northanger e Emma), estão sempre presentes nos meus posts aqui neste blog. Apesar dos seis livros já terem sido traduzidos para o português do Brasil, ainda assim não conseguimos comprar os exemplares de Mansfield Park e Abadia de Northanger – esgostados e ainda não re-editados. Pelo que sei, em 1991, a Editora Siciliano ganhou em leilão o direito de publicação da obra de Raquel de Queiroz. Mas ainda não decidiram re-publicar Mansfield Park, traduzido pela autora. Os fãs brasileiros que não são fluentes na língua inglesa esperam ansiosos os lançamentos da Editora Landmark ainda para este ano.

Acontece que a obra de Austen não se resume aos seis livros mais conhecidos. Apesar de ter falado aqui sobre os escritos da juvenília, Lady Susan, The Watsons e Santidion, ainda não comentei nada sobre as publicações de Austen em língua portuguesa, com ênfase, no português de Portugal. Sendo assim, resolvi escrever hoje sobre as traduções dos livros de Austen em Portugal!

Em Portugal, os tradutores procuram ao máximo domesticar o texto traduzido. Fazendo com o título, e consequentemente o texto original em inglês, sofram mudanças muitas vezes estranhas. A função do tradutor é ser quase que totalmente fiel ao texto original. No entanto, deve fazer algumas escolhas. Por exemplo, é possível manter alguns estrangeirismos como nomes próprios, nomes de cidades, residências, etc. Mas podemos ver textos domesticados, a ponto de traduzir Mary como Maria. Não existe uma regra fixa sobre este assunto.

Os seis livros mais famosos de Austen foram traduzidos assim em português de Portugal (alguns livros receberam títulos diferentes ao serem traduzidos):

Sensibilidade e Bom Senso,

Orgulho e Preconceito,

Persuasão, Sangue Azul,

Ema,

Abadia de Northanger, Mistério de Northanger,

O Parque de Mansfield

Abaixo, algumas imagens das capas dos livros:

AMOR E AMIZADE


Resumo que está no site Alfabarrista:

Escrito quando Jane Austen tinha apenas 15 anos, Amor e Amizade é o retrato do universo que a rodeia, mais precisamente, da adolescência, dos amores e desamores.Dividido em duas novelas epistolares e em cinco contos em forma de carta, um dos principais méritos desta obra é os paralelismos com a actualidade.Jovens preocupadas exclusivamente com coisas de jovens (iguais às jovens de hoje), monstros de hipocrisia enquanto fazem de tudo para serem boas, amuam, acusam, perdoam, choram, escarnecem, desmaiam, gritam de prazer ou de ultraje, seduzem e rejeitam, são bondosas e cruéis, intuitivas e, contudo, obtusas.Hoje em dia, usam os telemóveis para viverem a excitação do momento, há dois séculos escreviam cartas.Melhor do que ninguém, Jane Austen observou essa realidade e transformou-a no livro que marcou o início da sua carreia.Nascida em 1775, a escritora inglesa viria a falecer com 42 anos, vendo apenas publicadas em tempo de vida quatro das suas obras.Ficou conhecida por alguns dos mais notáveis romances: Orgulho e Preconceito, Sensibilidade e Bom Senso, O Parque de Mansfield, entre outros, todos eles publicados pela Europa-América.

Resumo que está no site da Planeta Editora:

Que obra deliciosa esta. Jane Austen fala da vida e amores de jovens em pequenos romances epistolares e contos brilhantes escritos em forma de carta, até hoje esquecidos, e que a Planeta edita na sua totalidade num só volume. Inspirou-se em Ligações Perigosas na sua Lady Susan, vítima de um maldoso escândalo. Enquanto um enredo dá lugar a outro, as heroínas trocam opiniões sobre adultério, fugas, divórcio e segundos casamentos. E o que mudou nestes duzentos anos? São as mesmas raparigas que hoje conhecemos queixando-se, acusando, perdoando, rindo, chorando, desmaiando, gritando encantadas ou ofendidas, quem sabe? Agora seduzem para logo rejeitarem, umas vezes bondosas, outras cruéis, intrusivas mas obtusas, desesperadamente barulhentas e, em geral, capazes de encantar e espantar quase ao mesmo tempo. Hoje em dia usam os telemóveis para melhor viverem as suas emoções; há dois séculos tinham de se contentar em escrever cartas e que cartas…

Neste volume: Amor e Amizade, Lady Susan, O Castelo de Lesley, Catharine ou o Caramanchão, História da Inglaterra…

******

O Amor e Amizade acima é o mais recente e com certeza é muito interessante pois pela primeira vez vejo: Amor e Amizade, Lady Susan, O Castelo de Lesely, Catharine ou o Caramachão, História da Inglaterra (textos que fazem parte da Juvenília) todos em Português!!! Salve Portugal!! Ah, seu eu soubesse disse há um mês atrás… meu professor Heitor Carvalho acabou de voltar de Portugal (PHD studies). 🙂

Os Dois Livros Inacabados da Jane Austen


Esses dois livros foram publicados postumamente pelo sobrinho de Jane, H. Austen-Leigh em 1871 no livro chamado: A Memoir of Jane Austen.

A história de The Watsons se desdobra em um ambiente familiar onde a heroína descobre que suas oportunidades de casamento estão cercadas pela pobreza e orgulho.

Por outro lado, Sandition se arrista em um território bem diferente. A história acontence em um balnéario à beira mar, e tem como personagens: hipocondríacos e especuladores. Nos sugerindo que o trabalho de Jane Austen poderia ter tomando outras direções, surpresas inesperadas.

Como sugere a editora Dover, essas histórias são de interessantes devido aos registros literário e às curiosidades. São de alta qualidade e oferece uma leitura prazerosa tanto para estudo quanto por prazer!

Segue abaixo uma seleção dos dois livros:
Sandition – Chapter 1
A GENTLEMAN AND A LADY travelling from Tunbridge towards that part of the Sussex coast which lies between Hastings and Eastbourne, being induced by business to quit the high road and attempt a very rough lane, were overturned in toiling up its long a scent, half rock, half sand.
The accident happened just beyond the only gentleman’s house near the lane a house which their driver, on being first required to take that direction, had conceived to be necessarily their object and had with most unwilling looks been constrained to pass by.
He had grumbled and shaken his shoulders and pitied and cut his horses so sharply that he might have been open to the suspicion of overturning them on purpose (especially as the carriage was not his master’s own) if the road had not indisputably become worse than before, as soon as the premises of the said house were left behind expressing with a most portentous countenance that, beyond it, no wheels but cart wheels could safely proceed.
The severity of the fall was broken by their slow pace and the narrowness of the lane; and the gentleman having scrambled out and helped out his companion, they neither of them at first felt more than shaken and bruised. But the gentleman had, in the course of the extrication, sprained his foot; and soon becoming sensible of it, was obliged in a few moments to cut short both his remonstrances to the driver and his congratulations to his wife and himself and sit down on the bank, unable to stand.
“There is something wrong here,” said he, putting his hand to his anle. “But never mind, my dear,” looking up at her with a smile, “it could not have happened, you know, in a better place Good out of evil. The very thing perhaps to be wished for. We shall soon get relief. There, I fancy, lies my cure,” pointing to the neat-looking end of a cottage, which was seen romantically situated among wood on a high eminence at some little distance “Does not that promise to Be the very place?”
***
The Watsons — Part 1
The first winter assembly in the town of D. in Surrey was to be held on Tuesday, October 13th and it was generally expected to be a very good one. A long list of county families was confidently run over as sure of attending, and sanguine hopes were entertained that the Osbornes themselves would be there. The Edwards’ invitation to the Watsons followed, of course. The Edwards were people of fortune, who lived in the town and kept their coach. The Watsons inhabited a village about three miles distant, were poor, and had no close carriage; and ever since there had been balls in the place, the former were accustomed to invite the latter to dress, dine, and sleep at their house on every monthly return throughout the winter. On the present occasion, as only two of Mr. Watson’s children were at home, and one was always necessary as companion to himself, for he was sickly and had lost his wife, one only could profit by the kindness of their friends. Miss Emma Watson, who was very recently returned to her family from the care of an aunt who had brought her up, was to make her first public appearance in the neighbourhood, and her eldest sister, whose delight in a ball was not lessened by a ten years’ enjoyment, had some merit in cheerfully undertaking to drive her and all her finery in the old chair to D. on the important morning.
As they splashed along the dirty lane, Miss Watson thus instructed and cautioned her inexperienced sister: —