O site Acrópole da fé cristã publicou uma matéria sobre Jane Austen e religião e traz trechos das preces de Austen também.
As orações de Jane Austen
Como sabemos?
Primeiro, temos a evidência das orações de Austen. Sua irmã, Cassandra, preservou as orações que Jane escrevia em suas devocionais noturnas. Elas falavam de um desejo fervoroso por Deus. Uma delas inicia-se assim:
Dá-nos graça, Deus todo poderoso, para orar a ponto de merecermos ser ouvidos, nos direcionarmos a ti com nossos corações, assim como com nossos lábios. Tu estás presente em todo lugar e nada a Ti está oculto. Que tal conhecimento possa nos ensinar a fixar nossos pensamentos em Ti, com reverência e devoção.
No clímax desta oração, Jane implora a Deus: “Desperta nossa percepção da Tua misericórdia na redenção do mundo”, e ainda “pela nossa própria negligência, desperdiçar a salvação que nos destes, nem sejamos cristãos apenas pelo nome.”
Qualquer tentativa de retratar Jane Austen como um frequentadora de igreja ou cristã nominal cai por terra. Era exatamente contra isso que ela orava.
A vida de Jane Austen
Segundo, temos evidências da vida de Jane. Como Irene Collins descreveu: “Nenhum biógrafo questionou a sinceridade de sua fé, a qual ela constantemente testemunhava e pela qual se fortificava durante sua dolorosa doença.”
Depois de sua morte, um de seus irmãos, que era sacerdote, descreveu-a como “completamente religiosa e devota” e nas ocasiões em que se ausentava dos cultos matutinos e vespertinos aos domingos, ela conduzia um culto à noite em sua casa.
O trabalho de Jane Austen
Temos também evidências em seus trabalhos publicados. Com certeza, Jane Austen não tinha medo de satirizar os sacerdotes. O Sr. Collins em Orgulho e Preconceito transbordava auto-justificação, adoração a uma classe social e falta de autoconsciência contra aquilo que Jane orava (“Oh, Deus, e nos salva-nos do engano da nosso orgulho e vaidade próprios”). Mas enquanto a incomparável popularidade de Orgulho e Preconceito fazem do Sr. Collins um dos sacerdotes mais famosos de Jane Austen, ele está entre os maiores exemplos positivos. Na verdade, os heróis de seus três romances — Edward Ferrars (Razão e Sensibilidade), Edmund Bertram (Mansfield Park), and Henry Tilney (Northanger Abbey) — estão buscando servir na igreja.
Mas talvez a mais sutil e convincente evidência se encontra em seu último romance publicado pouco depois de sua morte em 18 de julho de 1817, Persuasão, o qual mostra uma figura que idolatra a si mesmo:
Sir Walter Elliot, de Kellynch Hall, em Somersetshire, era um homem que, para sua própria diversão, nunca pegava outro livro senão o Baronetage; ali encontrava ocupação em seu tempo ocioso e consolação nas horas aflitas; (…) e ali, se houvesse alguma página que fosse insignificante, ele podia ler sua própria história com um interesse que jamais falhava.
A primeira sentença descreve em forma de paródia uma piedade puritana. O pai de Anne é descrito como um homem profundamente religioso, que restringe sua leitura a Bíblia, onde encontra consolo, ocupação e contentamento. Mais ao invés da Bíblia, Sir Walter constrói sua vida em torno do Baronetage — o livro que lista os nomes e biografias das classes altas. Na verdade, havia um baronete em particular que Sir Walter Elliot tinha fixação: “Essa era a página favorita a qual sempre estava aberta: ELLIOT OF KELLYNCH HALL.”
O herói de Sir Walter não era Jesus, mas ele mesmo.
Ansiedade em cultuar a si mesmo
Em seu vídeo, Allain de Botton observe que nós somos “a primeira sociedade que vive num mundo onde não cultuamos nada mais do que nós mesmos.” Ele aponta que isso cria uma ansiedade. Não podemos suportar a pressão de nos cultuar. Jane Austen, uma das escritoras mais bem sucedidas de todos os tempos, orava de forma rotineira: “Inclina-nos, ó Deus, a pensar de forma humilde a respeito de nós mesmos” e reconhecia diariamente “somos perdidos e dependentes.”
Alain de Botton nos convida a substituis as Escrituras peça cultura: “Obrigado Platão, obrigado Shakespeare, obrigado Jane Austen!” Mas Jane Austen, que emocionava nossos corações, encantava nossas mentes e mostrava os ideias platônicas na prosa, nos oferece um caminho diferente. Ela da forma a um crescimento cultural fértil em uma vida fundamentada nas Escrituras e na gratidão: “Obrigada Jesus, obrigada Cristo, obrigada Salvador.”
Em 2009 eu já escrevi sobre as preces escritas por Jane Austen – leia aqui. E também sobre Anglicanismo – leia aqui.
Para quem desejar se aprofundar mais sobre o assunto, há inúmeras publicações sobre Austen e religião:
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