Vídeo Jane Austen’s Letters (PBS)

O canal PBS colocou no You Tube um vídeo onde Clara Drummond, curadora assistente de manuscritos históricos e literários do Morgan Library & Museum, aparece explicando a técnica utilizada por Jane Austen ao escrever suas cartas. É interessante observar o quanto Jane aproveitava cada centímetro do papel, pois o mesmo era considerado artigo de luxo na época.

O homem que descobriu os segredos de Jane Austen

Mike Pride diz que conseguiu viver quase 40 anos sem ler qualquer livro de Jane Austen. Toda vez que a PBS ou os estúdios de Hollywood fizeram a ressurreição de Emma Woodhouse ou de Elinor e Marianne Dashwood, ele sabia que sua esposa teria que assistí-las. Normalmente quando havia uma previsão de um novo filme, Monique (a esposa de Mike) relia o livro no qual o filme se baseava. Monique conhecia os textos e falas de cor e salteado, porém sempre parecia descobrir alguma qualidade mais profunda nos personagens cada vez que os lia.

No mês passado, ele resolveu descobrir por que Monique gosta tanto de Auten. “Provavelmente, jamais gostarei de Austen como minha esposa, mas já li e gostei muito de Razão e Sensbilidade e agora estou lendo Orgulho e Preconceito: – diz Mike.
Mas por que agora?
Mike diz que tem que agradecer a J. P. Morgan! Sim, o banqueiro J. P. Morgan que comprou as três bíblias de Gutemberg. O mesmo Morgan que lotou suas prateleiras com obras primas da Renacença, além de ser dono do manuscrito de A Christmas Carol, de Charles Dickens. Morgan também adquiriu uma boa parcela das cartas de Jane Austen. As cartas estão em exposição até dia 14 de março na Morgan Library, em Nova York.
Obviamente, quando Mike soube da exposição logo pensou que teria que levar Monique. Mas encontrou lá, algo que chamou muito sua atenção: a correspondência de terceiros. Segundo Mike, ele adora ler as correspondência das pessoas. Ainda segundo Mike, Austen foi uma escritora de cartas fantástica, e boa parte das cartas que pertencem à Morgan são cartas trocadas entre Austen e sua irmã Cassandra. Embora as cartas estejam disponíveis em livros, existe algo de mágico ao vê-las ao vivo e em cores. A exposição ocupa uma galeria, mas gastamos mais de duas horas observando as cartas, e nos divertimos a cada minuto. Uma dos cantos foi escurecido para que fosse possível projetar um filme na parede, e foi isso que o convenceu de que a hora de ler Austen havia chegado.
Os comentaristas do filme são críticos literários, escritores e artistas que amam o trabalho de Austen. Pelo menos dois deles são homens, incluindo o primeiro a fazer seu discurso: Cornell West. Ele falou de Austen num tom quase como se fosse uma reverência, e lamentou por tê-la conhecido tão tarde, quando era estudante de graduação.
Mike se diz um novato no mundo de Austen, mas diz o que pensa do trabalho da escritora: Austen entende o ser humano. Ela sabe que as pessoas agem de acordo com o que elas pensam e dizem que são. Ainda segundo Mike, podemos entender o modo como os personagens principais de Austen agem porque ela os apresenta através de contrastes. Ao mencionar uma passagem de Razão e Sensibilidade, Austen não se contem a apenas relatar que Marianne ficou silenciosa, e acrescenta: “era impossível para ela dizer o que não sentia…” Que percepção astuta! Após ter assistido três versões de Razão e Sensibilidade, Mike ainda se sente paralisado pelo poder de criatividade de Austen!

Mike, diz que apesar de Austen ter morrido há 192 anos, hoje a consideramos como uma proto-feminista, pois mostrou o como era a sociedade Inglesa, especialmente para as mulheres. Talvez seja uma das razões pelas quais sua esposa e milhões de outras mulheres amam seus livros. Ele se sente contente, pois após esses anos, conseguiu abandonar a idéia de Austen não era para ele,  pelo simples fato de Austen é considerada uma escritora para mulheres. Mike, termina seu o texto dizendo: “eu estou lendo Austen agora, e me sinto como se tivesse ouvido um segredo que não me era permitido ouvir. Na verdade, é claro, é um segredo que eu guardo para mim”.

* O texto acima foi traduzido e adaptado a partir de um artigo do Concord Monitor.

***
1) Saiba mais sobre a exposição na Morgan Library aqui.
2) Um post muito interessante sobre os homens que lêem Austen no século XXI, escrito por Vic no Jane Austen World  – o crédito da imagem acima não foi informado, tendo sido copiado da página do Jane Austen World.

Loja Virtual da Biblioteca Britânica

A Biblioteca Briânica também possui uma lojinha virtual onde podemos comprar diversos livros e outros objetos relacionados a Austen. Vejam como são lindos esses livros abaixo:

Emma e Persuasão

Cartas de Jane Austen
Agendas e diário
Vida no campo – silhuetas feitas pelo sobrinho Jane: James Edward Austen-Leigh
Cartão postal e caneca com as ilustrações de James Edward.

As três preces de Jane Austen – parte 2

Hoje continuo discutindo um pouco mais sobre as preces de Jane Austen.
Ao ler suas três preces, percebemos o uso de uma linguagem e expressão de sentimentos convencionalmente ortodoxos, isto é, de acordo com a doutrina proferida em sua época. As três preces são típicas de alguém que morava em um pequena vila rural inglesa do século XIX e que era guiada por um pai pastor.
Em breve farei um post traduzindo partes ou integralmente estas preces. Por hora, lhes digo de forma resumida que as preces de Austen imploram por misericórdia, caridade, graça, generosidade, entre outros assuntos. Todos esses pedidos estão canalizados para que as pessoas alcançassem instrução vinda de Deus, e se redimissem dos seus pecados.

O bracelete acima está à venda por 65,95 dólares em uma loja virtual chamada: Aquinas & More Catholics Goods.

Um pequeno trecho da terceira prece de Jane foi gravado neste bracelete: “Teach us.. that we may feel the importance of every day, of every hour, as it passes.” (Pray III by Jane Austen)

Tradução: “Nos ensine.. que devemos perceber a importância de cada dia, cada hora, à medida que o tempo passa.” (Prece III – Jane Austen)

No original a frase completa escrita por Jane está assim:

“Teach us almighty father, to consider this solemn truth, as we should do, that we may feel the importance of every day, and every hour as it passes…”

Criada em um lar cristão, Jane não era formada em teologia, mas todos os ensinamentos que aprendeu com o pai e irmãos pastores foram importantes para que ela desenvolvesse um profundo conhecimento e respeito pelo cristianismo e valores cristãos. Como mencionei no post anterior, Jane era religiosa e tinha muita fé. Adorava os sermões do Bispo de Londres, Thomas Sherlock, como se observa nesta passagem em uma de suas cartas: “I am very fond of Sherlock’s Sermons, prefer them to almost any“. Tradução: “Tenho bastante afeição pelos sermões de Sherlock, prefiro estes do que qualquer outro”.

Concluo este post testificando a religiosidade de Austen, com com uma citação de Helen Lefroy, uma parenta indireta de Jane Austen:

“Throughout her life Jane Austen had been guided by Christian principles, and she accepted the church’s teaching without question. Her faith is implicit in all her writing: the virtues of a disciplined life, a caring relationship between husband and wife, and their duty to give children a moral and loving upbringing, are reflected in her letters and in her novels [and of course in her prayers]. At her death she expected to appear before God and be judged.” (Lefroy, 1997: p.75)

Tradução: “Ao longo de sua vida, Jane Austen foi guiada por princípios Cristãos, e ela aceitou os ensinamentos da Igreja sem questionamentos. Sua fé está implícita em todos seus escritos: as virtudes de uma vida disciplinada, uma relação atenciosa entre o marido e esposa, e o dever dos pais para que as crianças tenham uma educação moral e amorosa, estão refletidos em suas cartas e romances [e claro em suas orações dela]. Quando morreu esperava estar na presença de Deus e ser julgada.”

*****

Nota: encontrei pouca coisa sobre a Helen Lefroy: uma foto que pertence ao JASNA (ela é a senhora de cabelos grisalhos).

Referência:

LEFROY, Helen. Jane Austen. Thrupp, Stroud, Goucestershire: Sutton Publishing, 1997.

O Batismo de Jane Austen

Voltando ao tema religiosidade e Jane Austen, hoje apresento um pouco mais das minhas descobertas!
Como sabemos, Jane nasceu em 16 de Dezembro de 1775 em Hampshire e seu pai era pastor em Steventon. Abaixo, uma imagem do livro de registros:

Jane foi batizada somente alguns meses após seu nascimento porque as mães daquela época mal saíam dos quartos no primeiro mês de vida do bebê. No caso do nascimento de Jane Austen, por ser dezembro um mês frio e especificamente este mês no ano de 1775 foi surpreendemente frio, os pais da bebê Jane resolveram batizá-laem casa mesmo. Somente em 05 abril do ano seguinte é que levaram a pequena criança para o bastimo na igreja (Tomalin, 1997).
Abaixo uma cópia do registro feito em Hampshire, pertecente a Winchester, Ref. 71M82/PR2.

Transcrição da imagem acima: “Jane Daughter of the Revd Mr George Austen Rector of this Parish, & Cassandra his wife was Privately Baptizd Decr 17th 1775 Rec’d into the Church April 5th 1776”

Tradução: “Jane filha do Reverendo Mr George Austen, pastor desta congregação, & Cassandra sua esposa, foi batizada em casa em 17 de dezembro de 1775 e nesta Igreja em 5 de abril de 1776.”

O trecho acima foi escrito no livro de registros da congregação/paróquia de Steventon, pelo Reverendo George Austen. Este livro de registro contém os batismo (1737-1812), casamentos (1738-1753) e enterros (1738-1812). Neste livro estão incluídos os batismos de Jane Austen e seus irmãos.
*****
TOMALIN, Claire. Jane Austen – A life. Alfred A. Knopf: New York, 1997.