Orgulho, preconceito e internet

Não é de hoje que sabemos e muitos de nós acompanhamos os vídeos da série The Lizzie Bennet Diaries, não é mesmo?

Achei interessane o post de Bruna Romão chamado “The Lizzie Bennet Diaries – Orgulho, preconceito e internet (parte 1 e parte 2)

Mais do que o formato completamente inusitado, a série é marcada pela maneira como o enredo do livro é transposto para o nosso tempo. Para a nossa Lizzie, apesar de todos os esforços da Sra. Bennet, a maior questão de sua vida não está relacionada a conseguir um bom partido ou entrar para a sociedade, mas sim ao seu futuro profissional. Porém o que de fato dá graça à produção – além de ser o grande trunfo que conquistou tantos fãs – é que a história se expande para fora do canal de Lizzie: os personagens estão presentes em redes sociais, como TwitterTumblr e Pinterest, e ocasionalmente surgem outros vlogs, os chamados spin-offs, protagonizados por outras pessoas, como Lydia e Gigi, além de vídeos de Questions&Answers (Q&A) da própria Lizzie. Nos momentos de maior atividade da série, houve semanas com até cinco vídeos publicados. Outro recurso utilizado, porém em menor escala, foi a criação de 3 sites relacionados a determinadas partes da narrativa.”

Coluna – Debates sobre Orgulho e Preconceito

Prezados leitores, hoje é dia de lhes apresentar a Coluna das segundas-feiras: Discussões sobre Orgulho e Preconceito

A ideia dessa coluna é da Flávia Oliveira (JASBRA-MG) e a proposta é a seguinte:

“Ainda em comemoração ao Bicentenário de Orgulho e Preconceito, iniciaremos uma série de estudos da obra mais famosa de Jane Austen.Semanalmente discutiremos trechos diferentes e contamos com a opinião de vocês, no intuito de nos atentarmos para variadas formas de interpretação e opiniões pessoais.” 

A proposta desta semana é discussão a postura de Darcy no trecho abaixo: 

“-Por coisa alguma deste mundo; bem sabe como detesto dançar, a não ser conhecendo intimamente o meu par. Numa festa como esta seria insuportável. Suas irmãs estão ocupadas e não existe outra mulher na sala com quem eu dançaria sem sacrifício.” Mr. Darcy com o amigo  Mr. Bingley.

Pergunta: Como julgaríamos palavras assim em nosso dia-a-dia? Falta de educação, imponência, arrogância, medo, timidez… Quais os motivos de Mr. Darcy?

Relações entre os personagens em Orgulho e Preconceito

Também disponível no Wikipedia.org há um gráfico com as relações entre os personagens de Orgulho e Preconceito! Bastante interessante! 

Árvore genealógica de Orgulho e Preconceito

Vocês conhecem a árvore genealógica de Orgulho e Preconceito?

Vejam abaixo que interessante! Eu encontrei na Wikipedia.org e apenas há uma referência de propriedade da imagem “by Shakko” (clique na imagem para ampliá-la).

Parabéns Orgulho e Preconceito!

Hoje é um dia muito feliz! Aniversário de Orgulho e Preconceito! Thanks Miss Austen! 🙂

Gazeta de Longbourn: Compulsively Mr. Darcy

For anyone obsessed with Pride & Prejudice, it’s Darcy and Elizabeth like you’ve never see them before! This modern take introduces us to the wealthy philanthropist Fitzwilliam Darcy, a handsome and brooding bachelor who yearns for love but doubts any woman could handle his obsessive tendencies. Meanwhile, Dr. Elizabeth Bennet has her own intimacy issues that ensure her terrible luck with men. When the two meet up in the emergency room after Darcy’s best friend, Charles Bingley, gets into an accident, Elizabeth thinks the two men are a couple. As Darcy and Elizabeth unravel their misconceptions about each other, they have to decide just how far they’re willing to go to accept each other’s quirky ways…

Li esse livro assim que ele chegou aqui em casa. Passei um mês esperando ansiosamente por ele – um mês é o tempo médio que normalmente leva para chegarem minhas encomendas internacionais – e coloquei-o na frente de tudo que tinha por ler na ocasião.

Diverti-me imensamente com a primeira parte da história. As descrições do Vietnã – onde Lizzie e Darcy primeiro se encontram – são fascinantes. Benneton pinta sua exótica locação com cores e perfumes fortes. Lizzie, como uma médica voluntária (e voluntariosa), ao lado da irmã Jane, que dirige um orfanato na região, está perfeitamente à vontade. Em casa. Ela se adapta tão bem ao ambiente que você não tem dificuldades em aceitar que seja absolutamente natural para as duas Bennet mais velhas estarem ali.

Entra Darcy, presidente de uma poderosa companhia, viajando com os Bingley e os Hurst para auxiliar esses últimos a adotarem uma criança vietnamita (oi?). Aí você tem um Darcy com TOC que desmaia ao sinal de sangue; Bingley tendo de tomar remédios para sua hiperatividade, acidentes com bicicletas, hospitais e emergências lotadas e Darcy e Lizzie se batem… e ela pensa que ele é pobre, gay e que Bingley é o parceiro dele.

Pausa para Lulu cair da cama rindo.

São tantos os desentendimentos para te deixar tonto tentando descobrir para onde está indo a história – e o efeito cômico geral é muito bom – que você nem se dá conta dos furos do roteiro.

É lá pela segunda parte do livro que as coisas desandam – ao menos se seu interesse no livro era ver uma versão moderna de Orgulho e Preconceito. É um pouco estranho ver Lizzie se sentindo tão confortável com Darcy (por causa de suas confusões iniciais), a ponto de tratá-lo como ‘melhor amigo’… E não são apenas os personagens que saem do que esperamos fosse sua personalidade de acordo com a obra original.

Algumas das situações-chave da obra de Austen são alterados para evitar grandes conflitos no romance entre Lizzie e Darcy. Wickham aparece por talvez uns cinco minutos, não convence ninguém, e podia ser completamente dispensado. Anne de Bourgh é aparentemente uma psicopata. Lydia se torna uma heroína. Darcy tem uma cobertura com espelhos no teto do quarto. E Lizzie em algum momento torna-se a princesa inerte à espera de seu cavaleiro de armadura brilhante, presa numa torre de marfim.

Acredito que Compulsively Mr. Darcy funcionaria melhor desvinculado de Orgulho e Preconceito. A história é divertida, tem algumas excelentes tiradas, mas esvazia completamente algumas importantes questões que são discutidas em Austen.

Mas, bem, não se pode ter tudo… e, ao menos, os Hurst não (traumatizam) adotam nenhuma criança. Amém por pequenas graças…

Alunos do 6º e 7º ano lêem clássico da literatura Inglesa

Estou realizando um projeto com meus alunos do 6o e 7o anos (Colégio Sagrado Coração de Jesus) para incentivar a leitura dos clássicos. O objetivo é que alunos possam aprofundar seus conhecimentos na língua e conhecerem um pouco mais sobre os clássicos da literatura inglesa e americana. 

 Há outros alunos envolvidos no projeto, porém, como não detenho o direito de usar imagens dos meus alunos sem o consentimentos dos pais, usei apenas a imagem publicada no site da escola.
O primeiro livro escolhido foi ‘Pride and Prejudice’ (Orgulho e Preconceito) de Jane Austen, que ano que vem celebrará 200 anos de publicação. O livro adotado é uma versão adaptada para adolescentes, publicada no Reino Unido. O objetivo do projeto é despertar o interesse dos alunos pelos clássicos, além de incentivá-los à leitura em língua inglesa. A maioria dos alunos já leram os livros de inglês solicitados para o ano de 2013 (3 livros por série), sendo assim, tive essa ideia para incentivar a leitura dos livros e possível comparação com as adaptações para o cinema e a TV. 
 A edição escolhida foi a publicação da Real Reads, ilustrada por Ann Kronheimer e recontada por Gill Tabner. Como os alunos estão no nível elementary para pre-intermediate, escolhi uma edição simplificada da obra de Austen e que houvesse o apelo visual (ilustrações maravilhosas).

A matéria e a foto foram publicadas  na Revista,  Jane Austen’s Regency World, de circulação internacional na edição de junho/julho, no Reino Unido.

 Conheça a linda coleção Real Reads Jane Austen na série de posts que escrevi em dezembro de 2008.

Jane Austen para crianças
Emma
Mansfield Park
Northanger Abbey
Sense and Sensibility
Persuasion
Pride and Prejudice

Conversando sobre Jane Austen com… o elenco de Austentatious: Um Romance Improvisado

Sem dúvida um dos shows dos circuitos de comédias improvisadas, Austentatious: Um Romance Improvisado, é uma peça de comédia improvisada de uma hora de duração que gira no estilo inimitável de Jane Austen e inteiramente baseada em sugestões do público. Nunca Jane Austen tinha sido tão divertida! Incluindo um excelente elenco: Cariad Lloyd (Indicado ao Fosters Award de Melhor Relevação 2011), Parris Rachel (Finalista do Hackney Empire 2011), Amy Cooke-Hodgson (Olivier Award por La Boheme), Joseph Mopurgo (Oxford Imps), Dickson Graham (UCB) e Andy Murray (Private Eye) apresentam uma eloquente, irreverente e 100% improvisada peça sobre os trabalhos da nossa amada autora. Interpretados em trajes da época com acompanhamento ao vivo, Austentatiousé um deleite envolvente e divertido para os fãs de Austen além de uma comédia improvisada. Austentatious é encenada regularmente no Wheatsheaf, Rathbone Place (Londres) e recentemente encenada no Edinburgh Festival Fringe 2012. Entrei em contato com Cariad Lloyd, que gentilmente aceitou coordenar uma entrevista com o resto do elenco por email. Este é o resultado da nossa conversa. É hora de conhecer a brilhante Austenacious e desfrutar do nosso bate-papo sobre Jane Austen e seu próprio trabalho.
Olá a todos! Que bom que vocês aceitaram serem meus convidados, Austenacious. Minha primeira pergunta é por que Jane Austen e não Dickens ou Shakespeare?
Nós todos gostamos muito da Jane Austen e alguns de nós estudaram sobre ela na universidade. Não foi porque não gostamos de Dickens ou Shakespeare, mas foi um amor compartilhado por Jane Austen que a fez ser a autora escolhida, eu acho.
A jovem Jane Austen adorava entreter sua família e fazê-las rir. Vocês acham que ela poderia ter gostado do jeito que vocês entretêm seu público através do seu trabalho?
Esperamos que sim! São muitas adaptações amorosas, muitas vezes zombamos dos clichês da Jane Austen, dos senhores arrojados e terminamos em casamento, mas a peça é definitivamente feira a partir de um lugar de admiração, por isso acreditamos que ela teria adorado!
Quem teve a ideia para uma série tão peculiar? Quando e como? Como vocês seis acabaram no elenco de Austentatious?
Amy e Rachel vieram com a ideia há quase 02 anos atrás e o restante nós viemos juntos. Nós todos tínhamos feitos muitas improvisações antes e Amy, Rachel, Joe e Andy estavam todos juntos num grupo na universidade. Nós queríamos atuar num formato de improvisação divertido e éramos fãs da Jane Austen e “period dramas” em geral e eu acho que todos nós gostamos da ideia de viver nesse mundo por um tempo.
Em suas peças vocês tentam persuadir Elizabeth Bennet que Mr Darcy é um idiota (risos). Vocês escolheram satirizar o trabalho de Jane Austen porque vocês não poderiam suportar isso ou porque vocês não gostaram?
Cariad: O público sugere os títulos, escrevendo em tiras de papel que se parece com os livros da Penguin Classic, de modo que foi um título sugerido pelo público! Nós temos todos os tipos de títulos diferentes desde “Parque Cheio de Homem”, “Gerenciamento da Ira do Norte” até “Darcy Agachado, Bennet Escondida”. Assim, basta tirarmos um titulo de dentro da cesta. Somos todos, definitivamente, fãs do trabalho da Jane Austen e eu não acho que você poderia criar um show como este se você não amasse de coração seu trabalho e o mundo que ela criou.
Ela era uma mestra da ironia e sagacidade, mas viveu em uma época diferente e distante como o Período Regencial. Quanto da nossa forma de rir e se divertir mudaram? Nós ainda sorrimos da ironia sútil dela?
Andy: Eu acho que a maneira de rir é realmente muito similar – rimos das falhas de outras pessoas e quando Jane escreve são nítidas, linhas muitas engraçadas, elas ainda tem o poder de nos fazer estremecer e rir ao mesmo tempo. Sempre que leio as obras, eu me pego rindo alto. Ninguém nunca se cansa de rir de bobagens e todos esses tipos de personagens: a Sra Bennets, a Tia Norrises – ainda estão com a gente hoje.
Quais dos seis grandes romances vocês incluíram no show?
Nós não incluímos automaticamente materiais de qualquer uma das novelas. Nós preferimos apresentar trabalhos novos, com todos os personagens – mas o que podemos fazer se o público pede! Por exemplo, se recebemos uma sugestão para um trabalho chamado “Cinquenta Tons do Mr Darcy”, então nossa peça acontecerá no universo de Orgulho e Preconceito, mas não será o mesmo romance que todos conhecemos.
Quais foram as coisas mais bizarras ou estranhas que o público já sugeriu para o Mr Darcy ou Elizabeth?
Andy: Bem, acho que o título “Darcy e Bingley: Um Amor Proibido” chega bem perto…
Eles muitas vezes sugerem Jane Austen mash-up com shows de monstros, zumbis e vampiros?
Andy: Nós não tivemos muitas sugestões como essas! Tivemos “@Jane Austen: #Zombis” que foi muito divertido, mas não temos sugestões que nos permitem ir além do mundo normal de Jane Austen. Algumas vezes, nos afastamos em histórias de crimes, de horror gótico, mas mesmo assim tentamos reagir da maneira que os personagens de Jane Austen poderiam ter feito se confrontados com estas situações. Eu gostaria de uma sugestão que nos permitissem ir para o espaço…
Alguém totalmente inexperiente em Jane Austen pode desfrutar da sua comédia?
Joseph: Absolutamente. Os livros da Jane Austen são todos sobre personagens distintivos, raciocínio rápido e alta tensão – se você gosta desse tipo de coisa, você é tão experiente quanto precisa ser. Naturalmente, as pessoas que são plenamente informadas sobre Jane Austen e seus contemporâneos serão capazes de entender as piadas, referencias e peculiaridades específicas da Jane Austen, mas realmente é tudo sobre a estória que estamos criando naquela noite.
Qual é o aspecto mais divertido de ter que improvisar e qual é o mais difícil?
Andy: O mais difícil é estar no palco com pessoas cuja companhia você realmente gosta e ser capaz de ser se divertir com elas. Muitas vezes, elas são tão divertidas que você tem que se lembrar de que há um público lá, caso contrário, você começa a rir! Quanto ao mais difícil, é lembrar-se de todos os detalhes que as pessoas mencionam no começo do show – se você consegue segurá-lo e trazê-lo de volta mais tarde, é uma grande sensação para os artistas e o público, mas é definitivamente muito difícil de fazer.
Esta questão é para Joseph, Graham e Andy. Por que os homens são convencidos de que Jane Austen é para meninas?
Bem, considerando que dois dos meninos do elenco dedicaram meio ano estudante Jane Austen na universidade, nós discordamos. Ainda assim, eu acho que é justo dizer que eles são, em geral, livros femininocêntrico: eles são cheios de protagonistas femininas, eles são em grande parte sobre meninas, mesmo que eles não sejam exclusivamente para eles. Isso faz a diferença. Mais importante, porém, acho que a forma como os livros de Jane Austen foram comercializados nos últimos cem anos provavelmente desempenhou um papel maior na formação do que na percepção de qualquer palavra que Jane Austen escreveu. Eles têm muito a dizer, igualmente, aos homens e mulheres.
A próxima é para Cariad, Rachel e Amy: com quem entre os homens de Jane Austen, vocês fugiriam e para onde?
Darcy é, obviamente, um dos favoritos, mas todos nós temos um ponto fraco por Bingley e Knightley. Eles são todos tão adoráveis, infelizmente ninguém aprecia muito Mr. Collins.
Se você pudesse estar em “Lost in Austen” (como Jemina Rooper na série de TV), que cena da série você adoraria voltar a viver?
A cena final de “Sandition”. Porque, então, nós poderíamos fazer literalmente qualquer coisa que quisesse.
Eu sei que vocês se divertem fazendo todos os personagens cômicos, mas quais são os personagens de Jane Austen mais cômicos sem a intervenção de vocês?
Eles são/foram muitos realmente, é difícil escolher um. No último show tinha as primas Genevieve & Francesca Larch, que vivia com a superproteção do pai e que desejam serem cortejadas por Wally (Duque de Malborough) e Lorde Brackenbury, mas foram frustradas por servo mal Smithers e foram ajudadas pela velha governanta de Wally, Lady Thatch em um final feliz e um casamento duplo. E isso foi apenas um show!
Como foi sua experiência no Edinburgh Fringe? Deve ter sido especial?
Edinburgh foi incrível! Nós estávamos no Free Fringe e não sabíamos se alguém viria, mas eles estavam há uma hora numa fila para obter um lugar! E nós fomos comprimidos por 150 pessoas num dia e mantivemos uma distancia por prevenção. Nós todos estávamos sobrecarregados e muito gratos pelo nosso público adorável e como tudo aconteceu.
Qual foi o momento mais gratificante em uma experiência tão emocionante?
Eu acho que só fazemos shows que fazem as pessoas rirem e desfalecerem. Após a maioria dos shows, as pessoas vêm até nós e dizem o quanto gostaram e isso é realmente tudo que você pode pedir.
Quais são os próximos locais de Austentatious?
Estamos encenando em Leicester Square Theatre em 15 de setembro no espaço principal. E nós encenamos duas vezes por mês no Pub Wheatsheaf em Oxford Street. Confira no http://www.austentatiousimpro.com ou @austenimpro para mais detalhes. Por favor, tweet para nós, escreveremos de volta cada tweet. Nós ficamos felizes em ouvir todos vocês.
Obrigada por serem meus convidados e por responderem as minhas perguntas. Espero encontra-los e desfrutar de um dos seus shows na minha próxima viagem a Londres. Boa sorte a todos vocês com Austentatious, nas suas futuras carreiras e em suas vidas particulares. Vamos ficar de olho em vocês esperando vê-los ao vivo no palco ou na tela algum dia. Dedos cruzados!
Obrigado! Nós esperamos também!

Orgulho e Preconceito by Libretto

Por indicação da amiga Luciana Silva, apresento a vocês a coleção de cadernos da Libretto: série clássicos!

Para quem gosta da famosa frase da 2a Guerra Mundial: Keep calm and… veja que lindos cadernos:
 

Para maiores detalhes clique aqui.

Howard Jacobson: Se você acha que não há sexo em Jane Austen, você está errado sobre o Amor, Sexo e Austen

Depois de tanto estardalhaço sobre uma versão erótica de Orgulho e Preconceito, Howard Jacobson (escritor inglês) fez uma crítica inteligente sobre o fato. O artigo foi publicado no jornal The Independent no dia 21 de Julho.  Abaixo, segue o texto traduzido.

Alguém pode pensar o que faz “Orgulho e Preconceito” ser mais sensual ao descrever Darcy como “quente, sensual e gostoso”?

É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro na posse de uma boa fortuna deve estar na falta de uma boquete” – Ah, os clássicos! Estou me referindo, claro, aos Clássicos Clandestinos! Uma nova edição, para aquelas que não querem abandonar completamente Jane Austen e as Brontës em favor dos ebooks “pornôs para mamães”, mas mesmo assim, gostariam que eles fossem conforme os costumes sexuais contemporâneos. Algo como, ao longo destas linhas, se eu posso continuar na minha própria versão…
“Eu devo ter uma palavrinha para com minha pequena Lizzy”, disse o Sr. Bennet para sua senhora, quando a notícia de que Netherfield Park tinha sido deixada para um libertino com cinco mil por ano e uma pica grande que alcançou primeiro a vizinha.”
“Eu desejo que você não faça tal coisa”, voltou Sra. Bennet. “Lizzy não é um pouco melhor que as outras. Tenho certeza que ela não tem a metade da competência da Jane quando se trata de desabotoar um cavalheiro e eu estou certa em acreditar que ela não devora.”
Quer ir pelos seus próprios caminhos? É surpreendentemente fácil! O pornô soft nunca foi qualquer outra coisa. Fácil de escrever, fácil para ler e fácil, você teria pensado, de ignorar. Mas, aparentemente, não é bem assim. As esposas e mães deste país, mesmo impecáveis, acabam por ser tão eroticamente estúpidas como os pais e maridos. Como assim? Indagam-me.
Não chegaremos ao real motivo pelos quais as mulheres não seriam, de outra forma chamadas de idiotas, se de repente ficassem ardentes sob seus aventais e terninhos executivos balançando as bolas, considerando que a literatura do ‘esfrega a si mesmo’ já está disponível há séculos. Nós nunca entenderemos porque as crianças que ficam na fila a noite inteira para comprar Harry Potter, com suas histórias mal escritas sobre meninos-mágicos, são legiões ou por que alguém iria escolher assistir Jeremy Clarkson quando caras mal-humorados que gostam de carros velozes crescem como árvores.
Uma onda rompe algumas vezes – na música, na moda, na televisão, nos livros e todo mundo é varrido. É como uma destruição em massa, presumivelmente. Há a onda e nós todos vamos afogar juntos. Poderia ser até darwinista: um freio biológico para assegurar que a espécie nunca cresça muito inteligente para sua própria sobrevivência.
Eu sou contra o pornô “água com açúcar” pela mesma razão que eu sou contra imitações insípidas do nada. Tenha a audácia dos seus desejos, eu digo. Se você deseja ler algo que atrase sua vida – ou mais – então leia aqueles escritores que vão levá-lo adiante na vida. História de O de Pauline Réage é um bom começo e em seguida, Venus in Furs de Sacher-Masoch, seguido de qualquer coisa de Bataille ou de Sade. Os dois últimos vão virar seu estômago e pode deixá-lo fora do sexo, não importa se é pelo sado-masoquismo ou pela vida – o que poderia ser melhor para você e sua família – mas os quatro obrigarão você a olhar para as mandíbulas do inferno.
A morte é quando o impulso sexual cresce pelas extremidades frenéticas e se você não está dentro para se arriscar então você não está nisto de forma alguma. Meu conselho é o mesmo que daria para quem quisesse viver perigosamente: divirta-se, mas saiba que você está num jogo. E se você estiver jogando apenas pelo jogo, então você está desperdiçando sua vida e não vivendo.
No final, eu não posso dizer que me importo como uma mulher entediada com a pouca alfabetização, pouca coragem e nenhum senso de ridículo ao desperdiçar suas horas. Mas eu me importo com qualquer um que possa ler tão mal, a ponto de pensar que ‘Orgulho e Preconceito’ não é nem um pouco sensual para descrever Darcy como “quente, sensual e gostoso”. O sexo não é nada, apenas o acúmulo de estupidez e razão? Não valorizamos o sexo modesto e sem nenhuma linguagem, que precisa do estímulo de um anúncio de desodorante antes de perceber a atração?
Entre as razões para a popularidade extraordinária de Jane Austen com as leitoras de todos os tipos há o calor que envolvem os seus amantes, as frustrações insuportáveis que eles sofrem quando mal-entendidos os mantém separados, as rapsódias de felicidade que eles experimentam, quando todas as barreiras para as suas felicidades são removidas. E se você diz: “Ah, sim, mas isso é só o amor sem o sexo”, então você está errado em todos os aspectos: errado sobre a natureza do amor, errado sobre a natureza do sexo e errado sobre Jane Austen, que sabia, assim como ninguém, como o desejo destrutivo provoca os nossos afetos, nossas lealdades e nossas inteligências.
Há poucas cenas na literatura que são, ao mesmo tempo, tão dolorosas e tão emocionantes, tão precárias e, sim, tão excitantes, como as de ‘Persuasão’ em que o Capitão Wentworth impõe as mãos sobre as de Anne Elliot pela primeira vez desde que se afastaram. Em uma delas, ele alivia-a do peso de uma criança problemática, puxando-a de suas costas e arrancando suas mãos do pescoço dela – um desempenho tátil de consideração que a deixa “perfeitamente sem palavras”, à mercê dos “sentimentos mais desordenados”. Em outro momento, vendo que ela está cansada, novamente sem palavras, ele a coloca em uma carruagem. Se submissão à vontade de um homem é a sua bagagem, então aqui está: “Sim – ele tinha feito isso. Ela estava na carruagem e sentia que ele a havia colocado ali, que a sua vontade e suas mãos tinham feito isso”.
  
Um ato de natureza e autoridade cuidadosa, mas a mínima autoridade, prestada na prosa mais sutilmente angustiada, cada detalhe do que acaba de acontecer vivida como uma sensação que não pode ser limitada quanto ao tempo ou significado, não há distinção possível entre instintiva bondade e o oportunismo da sua parte física, ou gratidão e a saudade dela, o drama da consciência sexual aguda muito mais do que a soma das partes dos agentes sexuais.
Mas – oh, hum! – se ainda é do explicito brutal que você precisa, aqui vamos nós: … “Emma Woodhouse, bonita, inteligente e com seios enormes …”