Um dia desses minha filha Isabella me mostrou uma música composta em homenagem ao Mr. Darcy (Colin Firth)!
Versão ao vivo aqui.
Letras em inglês aqui.
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Acompanhe abaixo a letra
Jane Austen
Holly Christina
Here’s the novel outline; we’re going down the lane
On a textbook day that feels like a dream
He says, “I’d ride in rain for you and defend your honour too
I’d write you pretty letters to profess my love for you”
It’s my imagination; I know it’s running wild
But I just can’t seem to get you off my mind
Maybe it is Jane Austen’s books that get my head into a whirl
That Mr. Darcy will come knocking at my door
Dear Jane Austen – what’s my problem?
Wish I lived in the simple olden days
Jane, Jane, Jane – I’d do anything to live in your timeframe
Here’s the storyboard again
The boys are all now gentlemen
And everyone talks face to face
I’d like to trade my jeans for a dress with pretty lace
And change my name to Mrs. Knightly for the day
Dear Jane Austen – what’s my problem?
Wish I lived in the simple olden days
Jane, Jane, Jane – I’d do anything to live in your timeframe
I’m going to take a turn around the grounds
Of Longbourn to Pemberley, and then back down to earth
Oh reality – you’re not as nice as fantasy
Honestly, I’d like to be in
Jane’s timeframe – the simple old days
Jane, Jane, Jane – I’d do anything, oh
Jane, Jane, Jane – I’d do anything
To live in your timeframe
Leia o restante do artigo aqui.
Confira abaixo algumas fotos do espetáculo:
Infelizmente o site não disponibilizou fotos do Coronel Brandon e de Elinor Dashwood. Porém, é possível ver a Elinor cantando no vídeo acima.
A música tornou-se para Marianne, em sua nova e madura disposição de ânimo, mais uma disciplina do que uma condescendência, o que a levou a fazer planos de se levantar às seis horas e “dividir cada momento entre a música e a leitura”. A leitura para Jane Austen é geralmente um sinal de seriedade, e essa ligação entre as duas artes dá à música o mesmo status. Seria interessante refletir se Marianne, diferentemente de Lady Middleton e da maioria das mulheres casadas presentes nos romances, iria continuar a tocar depois do casamento. As noivas que abandonaram seus talentos, como a Sra. Elton e Lady Middleton, usaram a música somente para conseguirem se casar: elas não demonstraram um interesse duradouro ou genuíno pela música ou pela arte. Marianne não é como elas. Creio que a música continuaria a ter um papel importante em sua vida de casada, como lazer e, talvez, até mesmo como uma válvula de escape – ela não perderia totalmente a sua sensibilidade – e também para o prazer de seu marido, a quem ela se tornaria, em seu devido tempo, uma esposa totalmente devotada. Assim, para Marianne, a música pode funcionar tanto para o bem como para o mal; pode ser uma condescendência para com sua tristeza ou um caminho para a autodisciplina; pode atrair tanto um pretendente indigno como um marido respeitável.
Para Elinor, a música não possui o mesmo significado. “Elinor não era musicista e nem tinha a presunção de ser”. Elinor é como se fosse o padrão de moralidade do romance. É tentador interpretar isso como uma rejeição à música, até descobrirmos que o inútil de seu irmão, John, também não é músico. A frase em questão é “nem tinha a presunção de ser”. A presunção [no original em inglês, affectation: afetação, presunção] é sempre o alvo da ironia de Jane Austen, e a mensagem aqui é clara: Elinor conhece a si mesma e sabe do que gosta, e não finge gostar que não tem o menor interesse. Elinor desenvolveu muito cedo a habilidade de diferenciar o que é tato daquilo que é falta de sinceridade.
Embora “a tarefa de dizer mentiras quando a boa educação exigia” fosse sempre dela, suas mentiras eram aquelas impostas pela civilidade, diferentemente da falsa bajulação de Lucy Steele, cuja motivação era puramente egoísta.
Há ainda um contraste implícito entre a sincera falta de interesse de Elinor e o gosto musical afetado de Lady Middleton, enfatizado na obra no momento em que finge ouvir Marianne tocar sem verdadeiramente prestar atenção na música que está sendo executada. A atitude de Elinor lembra passagens das cartas de Jane Austen, onde expressa indiferença pelo canto em particular e por concertos em geral, “sou o que a Natureza me fez no que diz respeito a esse assunto”. Austen parecia acreditar que o gosto musical era inato, e que não havia valor moral relacionado a isso: o seu argumento com Mr. Haden sobre o que parece ser uma citação de O Mercador de Veneza mostra a escritora tomando partido do não-musical, talvez nem tanto em defesa dela mesma, mas de outros membros de sua família que, de acordo com seu sobrinho “não eram muito afeitos à música”. Em outras cartas, Austen parece aprovar pessoas que honestamente admitem não gostar de música, o que poderia ser interpretado mais como um desprezo pela presunção e uma simpatia por diferentes gostos, do que um desdém pela música.
Uma cena em Razão e Sensibilidade mostra o papel ocasional, mas, contudo, significante, que a música representava nas reuniões. Elinor está prestes a conversar em particular com Lucy em meio à opressiva festa familiar na casa dos Middletons, somente encoberta por Marianne ao piano. Um pianista, mesmo apresentando um padrão técnico rudimentar, frequentemente era útil para ocupar as horas noturnas de ócio, para encobrir os silêncios embaraçosos ou, como nesse caso, permitir uma conversa confidencial em uma sociedade onde as pessoas poderiam ser compelidas a passar seu tempo na presença de companhias indesejadas.
Mansfield Park convida a uma comparação com Razão e Sensibilidade, devido ao tom moral sério que parece afastá-los do outros romances mais leves, e por causa das semelhanças superficiais entre Elinor e Fanny, duas heroínas cumpridoras de seus deveres e sem talento para a música. No entanto, Elinor e Fanny apresentam tanto diferenças como semelhanças, inclusive com relação ao gosto musical. Elinor não gosta de música, ao passo que Fanny sente-se verdadeiramente atraída pela música quando Mary Crawford toca para ela, apesar do ciúme que sente pela admiração que Edmund nutre por Mary. A primeira vez que Fanny ouve a harpa fica “maravilhada pela performance, e… não mostra falta de gosto”, sendo que, mais tarde, na festa na casa dos Grants, Fanny sente-se mais feliz em ouvir a harpa do que participar dos jogos de cartas e das conversas. Elinor, nessa situação, preferiria procurar outra ocupação. Além do mais, há várias outras semelhanças interessantes entre Fanny e Marianne. Suas habilidades musicais são díspares, assim como suas personalidades, mas seus gostos têm muito em comum. Pam Perkins escreve: “Com relação ao forte sentimento romântico as duas mulheres são muito parecidas”, e acrescenta, “Fanny e Marianne são heroínas atípicas na obra de Austen, pois ambas preferem paisagens a pessoas”.
Em Razão e Sensibilidade a música possui o significado de mostrar os extremos dos sentimentos de Marianne, que fica totalmente submersa quando toca piano, e de mostrar a presunção e falsidade de personagens como o de Lady Middleton. A música apresenta uma certa utilidade social, mas pode ser entediante para aqueles que não possuem nenhuma aptidão musical. Estudar música é uma disciplina para os jovens, mas também pode ser uma perigosa condescendência para as mentes jovens e sensíveis. Austen usa a mudança de Marianne com relação à música para mostrar algo mais profundo em sua atitude com relação a ela mesma e ao seu mundo. A musicalidade não é nem um vício nem uma virtude: Marianne é musical por natureza; Elinor, não. Essas características são usadas para refletir outras qualidades, como a honestidade em Elinor, e a imprudência juvenil e eventual maturidade de Marianne, assim como para promover um insight mais profundo dentro de seus caracteres e personalidades.
O artigo a seguir foi publicado originalmente na edição especial da revista Jane Austen’s Regency World, no. 44. O texto, escrito por Gillian Dooley (Flinders University, Austrália do Sul), fala a respeito da questão do gosto estético, mais especificamente do gosto musical em Razão e Sensibilidade. A autora mostra como o gosto estético e a moralidade estavam relacionados no pensamento do século XVIII, e como Jane Austen usou a música para evidenciar o comportamento e o caráter dos personagens em sua obra.
Questão de Gosto
A questão do gosto estético e sua relação com o valor moral era um assunto comum entre os moralistas e filósofos do século XVIII. Hermione Lee cita Shaftesbury, Burke e Hume para mostrar que, no século XVIII, “o gosto pela arte, pela literatura e pela natureza, estavam relacionados, e que os três indicavam o valor moral de uma pessoa”.
Os críticos se dividiram com relação à maneira como a obra de Jane Austen endossaria esse ponto de vista. Gilbert Ryle vê “uma correlação predominante entre senso de dever, de propriedade e gosto estético. Muitos de seus personagens que não possuem um desses três, não possuem os outros dois”. Mas as exceções incluem figuras-chave como Henry e Mary Crawford em Mansfield Park, que são importantes demais para serem deixadas de lado, e Mrs. Jennings em Razão e Sensibilidade, que não possui gosto estético e que tem somente um sentido de propriedade muito básico, mas que certamente sabe das suas obrigações. Além disso, ela apresenta uma disposição à gentileza e à solicitude, sinais inquestionáveis de virtude moral.
É bem verdade que todos os personagens realmente admiráveis de Jane Austen combinam todas essas três qualidades: todos os heróis as possuem, e as heroínas ou as adquirem ou as têm desde o começo; mas há, certamente, muitos casos de personagens que possuem uma ou duas dessas qualidades sem possuírem as outras. Estou inclinada a concordar com Hermione Lee de que isso era um “modo de pensar ao qual Jane Austen estava atenta e, ao mesmo tempo, precavida. Aceitava firmemente a ideia fundamental de uma relação entre gosto e moralidade, e era extremamente irônica com relação aos excessos que tal ideia poderia levar”.
De todos os seus personagens, o que mais completamente representa e ilustra os perigos em acreditar que a sensibilidade para a arte, para a literatura e para a natureza equiparam-se à virtude moral, é o de Marianne Dashwood. Marianne é musical; Elinor, não. Esta é uma das maneiras explícitas que Jane Austen usa para fazer a distinção entre suas duas heroínas de Razão e Sensibilidade. Elinor tem talento para desenhar, logo, ela não é de todo desprovida de sensibilidade artística, mas ela possui uma atitude muito mais pragmática, pé-no-chão com relação ao pitoresco do que Marianne. Ela gosta de interromper com ironia as divagações da irmã – por exemplo, quando Marianne descreve os encantos do outono em Norland, e Elinor diz: “Não é todo mundo… que tem a mesma paixão que você por folhas mortas”.
A música por si só possui um significado um tanto quanto ambíguo em Razão e Sensibilidade. Primeiramente é, decerto, um elemento respeitável e aceitável na educação de uma jovem, embora não seja essencial, como mostra a falta de interesse de Elinor. Tocar e cantar, e outros talentos como desenhar e costurar, são considerados por alguns, como o meio-irmão John, meramente como um recurso nas negociações do casamento. Mas Mrs. Dashwood, obcecada em casar suas filhas, encoraja as moças a ocuparem o tempo aperfeiçoando seus talentos, para a surpresa de Sir John Middleton, “que não tinha o hábito de ver muita atividade em casa”.
Tais atividades por si só valem a pena, e a disciplina que elas representam é importante na formação do caráter das moças. Quando Elinor e Marianne vão a Londres, Mrs. Dashwood e Margaret planejam “ir tranquilas e felizes com nossos livros e nossas músicas”. No entanto, a atração exercida pelo talento musical em um marido em potencial é demonstrada claramente quando Marianne toca piano pela primeira vez na casa dos Middletons: Coronel Brandon fica imediatamente interessado e escuta “sem ficar embevecido” apenas dando a ela “o cumprimento da atenção”. E, é claro, quando Willoughby entra em cena, a música é um dos muitos gostos que ele descobre que tem em comum com Marianne, e o prazer que ambos demonstram ao cantar em dueto promove o romance entre os dois. Mas já sabemos que Marianne gosta da música por si só, e que ela considera que é um gosto que deve ser compartilhado com o amado (“a mesma música deve encantar a nós dois”), em vez de ser um meio para seduzir um marido.
A música, portanto, para uma jovem casadoura, possui a dupla função de uma disciplina educacional e de adorno pessoal – um adicional aos encantos através dos quais um marido deve se sentir atraído. Mas pode ser também um perigoso prazer para um devoto da sensibilidade. Depois que Willoughby deixa Barton, Marianne passa os dias vagando e chorando por Allenham, e atravessa as noites com o mesmo estado de espírito. Ela tocava todas as canções favoritas que costumava tocar para Willoughby, cada melodia onde suas vozes se juntaram, sentava-se diante do instrumento fitando cada linha de música que ele havia escrito para ela, até que seu coração ficou tão pesado que não cabia mais nenhuma tristeza; e essa tristeza era a cada dia renovada. Marianne passava horas ao piano cantando e chorando alternadamente e, com frequência, sua voz era suplantada pelas lágrimas.
O excesso de condescendência de Marianne com sua própria tristeza, assim como sua recusa em fazer qualquer esforço para controlar seus sentimentos, irão se juntar, no futuro, à indisposição causada por Willoughby quando este a rejeita em Londres, e à doença grave que ela irá contrair ao caminhar pela chuva em Cleveland. Embora possamos perceber que seus sentimentos são verdadeiros, sua sensibilidade colocada acima de qualquer norma de comportamento parece, a princípio, ser um jogo. Para ela, talvez faça parte da história de seu romance que ela planeja contar em dias melhores, quando estiver unida novamente a Willoughby. Mas quando o reencontro feliz não acontece, Marianne não sabe como se comportar: ela aprendeu a encenar o papel da heroína sensível magoada e, embora Elinor tente ensiná-la, ela não consegue adquirir a autodisciplina e a firmeza que a ajudariam a lutar quando surgissem as dificuldades. Marianne, então, afunda-se em seus sentimentos e somente sua doença fatal poderá ensinar-lhe a lição de que a razão deve se sobrepor ao sentimento. Isto é mostrado em seu retorno a Barton:
Depois do jantar, Marianne tentou tocar em seu piano. Ela se aproximou do instrumento; mas a música que seus olhos primeiro avistaram foi uma ópera que Willoughby havia comprado para ela contendo alguns de seus duetos favoritos, e na capa seu nome estava escrito com a letra dele. Isso ela não iria suportar. Marianne balançou a cabeça, colocou a partitura de lado, e depois de dedilhar as teclas por alguns instantes, reclamou de fraqueza nos dedos, fechou o instrumento novamente, declarando com firmeza que, no futuro, iria praticar bastante.
(Continua)
Vic do Jane Austen World, via facebook, dá a dica de vídeos com as músicas do filme Orgulho e Preconceito (2005) no youtube. São 5 partes.
Vic entrevista com Vera Nazarian, autora do livro Mansfield Park and the Mummies no Jane Austen World.
A história do Blaise Castle no site da BBC News.
Entrevista com a autora do livro The Darcy Cousins, Monica Farview, no blog Austenesque Review.
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– Questão de gosto: considerações sobre Razão e Sensibilidade.
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