Avaliação de Orgulho e Preconceito e Zumbis

O livro de Seth parece que está ganhando um novo público a cada dia, e recebeu até uma nova edição em capa dura e desenhos coloridos. Difícil de analisar… Portanto, vou citar um post do Dr. Albee que apresenta considerações importantes sobre o livro!

Vejam como são espantosas essas ilustrações, a última dá até dó…

Dr. Albee faz uma avaliação muito interessante do livro e começa dizendo que não se trata de uma criação meramente incidental, fruto de um gênio. Vejamos alguns comentários:
“Na capa de trás, é dito que Grahame-Smith “uma vez freqüentou um curso de literatura inglesa”. Sempre desconfio desse tipo de falsa modéstia. É como se quisessem me dizer que o resultado final do trabalho foi mais fruto de inspiração ou genialidade do que de estudo e conhecimento e pesquisa. Smith pode até querer diminuir a importância do curso colocando-o como um evento no passado, que aconteceu “uma vez”, dando até a impressão de mero “acidente”. Mas não me convenceu. Ele conhece muito bem a estrutura narrativa do romance, assim como também conhece as estruturas sintáticas e vocabulares do inglês da época. Ele estudou bastante a obra pra poder escrever esse mix de Austen com zumbis. Há muito mais de transpiração no livro do que de inspiração. E isso tanto no sentido positivo como negativo.”

Sobre a junção dos dois enredos: orgulho e preconceito + zumbis, Dr. Albee diz:

“a prometida junção dos dois enredos nunca se dá em nível mais profundo. As lutas são sempre periféricas ao enredo que realmente interessa e, diga-se de passagem, bem poucas. São páginas e páginas e páginas sem zumbi algum. Austen é muito mais forte do que Smith; ele escolheu páreo duro pra brincar, e, pra mim, não se deu bem. A trama dos zumbis funciona como adendo numa história que já foi magistralmente narrada pela inglesa.”

Existem algumas partes engraçadas que merecem ser mencionadas:
“O livro tem algumas partes engraçadinhas e um trocadilho entre as várias significações possíveis da palavra “ball” me fez rir alto a ponto de ter de interromper a leitura por alguns segundos pra enxugar umas lagriminhas. “Ball” pode ser “baile”, “bala” (munição), e, “bola”, que, claro, pode ser tanto o objeto pra se brincar quanto ter conotação sexual. O autor faz trocadilhos com vários dos significados e um deles foi o que me fez rir alto. Em Pemberley, após um incidente com zumbis, no qual Darcy aniquilara um bando deles com seu mosquete, ele diz a Lizzy algo como “My balls are entirely at your disposal, Miss Bennet”. Assim, fora do contexto vocabular e estilístico a coisa fica sem graça, mas o efeito disso no tom formal dos diálogos é realmente hilariante. Fico imaginando como um tradutor captaria tal polissemia.”
Por último, vale à pena mencionar a observação do Dr. Albee que sugere que o Autor Seth Grahame-Smith é mais moralista que a própria Jane (que viveu há dois séculos atrás), quando se trata do triste fim de Wickham e Lydia:
“Wickham e Lydia são castigados pela imprudência e mal-comportamento. Ele é deixado paraplégico por Mr. Darcy e Lydia é obrigada a viver com um marido que defeca nas calças quando contrariado (e ela o ama mesmo assim). Até é cômico e de acordo com a proposta do romance, mas quem disse que a comédia não pode ter a função de punir supostos desvios sociais e morais?”


Prof. Dr. Albee é professor de inglês/literatura com doutorado em dramaturgia norte-americana pela USP. Possui um blog chamado: Blog do Albino Incoerente.

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Leia um pouco mais sobre Zumbis na literatura você encontra no Meia Palavra.

Ainda sobre os Zumbis

Imagem Royalty-Free do site corbis.com

Uma crítica curiosa de Jennifer Schuessler para o New York Times de 02 de fevereiro de 2009, diz o seguinte: Jane Austen comeu meu cérebro

Resumidamente, Jennifer fala que gostaria de ter me mãos o Pride and Prejudice and Zombies. Questiona:
1) Este livro não é uma tentativa de colocar Jane no mercado editorial vampiresco?

2) Será que este livro também segue a linha do livro Jane Bites Back – Jane dá o troco (que ainda não foi lançado)? O livro Jane Bites Back de Michael Thomas Ford se baseia em uma Jane Austen Zumbi que após 200 anos está de volta vigando-se daqueles que ganham dinheiro em seu.

3) O será mais um forte argumento forçado sobre restrições de direitos autorais?

O artigo de Jennifer está mais para informativo que uma crítica literária, e a autora conclui de forma irônica: Esta versão de Orgulho e Preconceito e Zumbis ataca a mais famosa citação de Austen, mas na realidade é interessante: “é uma verdade universalmente reconhecida que um zumbi possuidor de cérebros, deve estar em busca de mais cérebros“.

Jennifer em um comentário apimentado, acrescenta: Um outra verdade universal (se referindo à Seth Grahame-Smith) : “um autor possuidor de um zumbi plagiador deve estar em busca de uma página no Facebook“.

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O Austen Blog também vem discutindo este livro, publicou em 04 de fevereiro de 2009 um post com o seguinte título: Back off Zumbie Boy – Nos deixe em paz garoto Zumbi
A autora comenta que não se trata de uma questão de ‘nós contra eles’ (referend0-se às fãs de Jane versus leitores de Seth) e pontua que Seth não foi educado quando fez comentários ofensivos às Janeites e que os fãs de Austen também poderão ser audiência seu livro.

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Por sua vez, Seth escreve uma mea culpa em seu perfil na página da amazon.com: To Janeites Everywhere… – Para as Janeites de todos os lugares

Seth menciona a crítica de Margareth C. Sullivan (Austen blog) e escreve uma espécie de pedido de desculpas dizendo que seus comentários aparentemente podem parecer anti-austen, mas que ele estava se referindo à pessoas que sem se darem ao trabalho de ler seu livro, já se levantaram contra ele.

Seth salienta que adora Austen! Segundo o autor, Austen escreveu comédias, era subversiva, facilmente irritável e ainda usava toucas!! Ótimas qualidades por sinal!

Seth diz que leu Orgulho e Preconceito 30 vezes enquanto escreveu Orgulho e Preconceito e Zumbis e que este foi o livro mais divertido de escrever.

Falando seriamente, Seth oferece sua mea culpa: promete não discriminar as Janeites. Assina como Garoto Zumbi
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Concluindo, Margareth alerta os leitores do Austen blog que sorteará algumas cópias de Orgulho e Preconceito e Zumbis e que nós leitores devemos ficar atentos!
Como diria Shakespeare: All’s Well That Ends Well – Tudo bem quando termina bem!

Orgulho e Preconceito e Zumbis? – Como assim?

Ao visitar o blog (Lendo.org) de meu amigo André Gazola para deixar um recado, deparei-me com o seguinte post:
Pride and Prejudice and Zumbies

Não… não se trata de uma brincadeira! No mínimo engraçada… Como bem disse o André: parece que essa estória de vampiros e zumbis está virando moda. Segue abaixo a tradução de André:

“… apresenta o texto original do tão adorado romance de Jane Austen, com novas cenas de ação com zumbis quebradores de ossos. No início da história, uma misteriosa peste começa a assolar o pacato vilarejo inglês de Meryton – e os mortos estão voltando à vida! A agressiva heroína Elizabeth Bennet está determinada a livrar-se da ameaça zumbi, mas logo ela é distraída pela chegada do altivo e arrogante Sr. Darcy. O resultado é uma deliciosa comédia de costumes com abundância de conflitos entre os dois jovens amantes — e conflitos ainda mais violentos com as enxurradas de sangue no campo de batalha no qual Elizabeth trava uma guerra contra hordas de mortos-vivos carnívoros. Completo com 20 ilustrações no estilo de C. E. Brock (o ilustrador original de Orgulho e Preconceito), esta edição insanamente divertida apresentará o clássico romance de Jane Austen para novas legiões de fãs. “


Fico imaginando… o que leva uma pessoa a fazer esse tipo de coisa? Porque não utilizar da vasta imaginação para escrever algo original?

Concordo com também com o André: “… Meus pesares… para Jane Austen, que teria imensa vontade de voltar sob a forma de zumbi pra pegar essa gente, que eu sei”.


Nota curiosa sobre o autor: Seth Grahame-Smith é autor de ‘Como sobreviver em um filme de terror’ e ‘O grande livro Pornô’ e mora em Los Angeles. Os títulos não possuem sem tradução par ao português.