No projeto CEFET Aberto à Comunidade Docente (CACD), os professores Adriana Sales e Amílcar Santos farão uma breve exposição de possíveis interlocuções entre a escritora inglesa, Jane Austen e escritor brasileiro, Machado de Assis. Além disso, haverá dicas e orientações sobre maneiras de abordar os dois autores em sala e relato da experiência deles com essa prática. Tudo isso e muito mais estará no minicurso que eles estão oferecendo. Mais informações e inscrições: link aqui.
Aula aberta – 10/05/2022 – 19h30 – TRANSMISSÃO PELO YOUTUBE NO CANAL INFORTEC (Link aqui) – Apresentação geral do Minicurso – Orientações sobre algumas abordagens das obras de Jane Austen e de Machado de Assis e em sala de aula.
Ementa: Uma análise comparativa entre algumas obras da brilhante escritora inglesa, Jane Austen e narrativas do Bruxo do Cosme Velho, Machado de Assis. O foco são as características das personagens masculinas e femininas, tanto em relação ao contexto de época, quanto às características de vanguarda que quebraram paradigmas e expectativas em relação aos seus comportamentos.
Objetivo: Estudar de forma comparada as personagens de algumas das mais importantes narrativas de Jane Austen e de Machado de Assis.
Conteúdo programático e cronograma:
Aula 1 – 10/05/2022
19h30 – 21 horas
Introdução e cronograma do cursoPanorama da biografia e da cronologia literária de Jane Austen e de Machado de Assis
Aula 2 – 17/05/2022
19h30 – 21 horas
Análise de alguns estudos comparativos sobre os dois autores
Aula 3 – 24/05/2022
19h30 – 21 horas
Emma (1815), de Jane Austen e Iaiá Garcia (1878), de Machado de Assis, as personagens, a burguesia e as convenções sociais.
Aula 4 – 31/05/2022
19h30 – 21 horas
Persuasão (1818), de Jane Austen e Helena (1876), de Machado de Assis personagens, percepção do amor e do casamento na sociedade da época
Metodologia: Aulas síncronas às segundas-feiras do mês de maio de 2022, das 19h30 às 21h00, com exposição e discussão do conteúdo programático. Leituras compartilhadas através do Google Meet ou do Zoom da turma. Acesso aos textos e materiais do curso, antes das aulas síncronas, para leitura prévia.
Avaliação: Frequência e participação nas discussões e atividades propostas no curso.
Sobre os ministrantes:
Adriana Sales é Doutora em Estudos Linguísticos pela Faculdade de Letras da Universidade Federal de Minas Gerais. É professora de inglês e suas literaturas no Ensino Médio e Graduação em Letras do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG). É especialista em Jane Austen pela Universidade de Oxford (2010). É fundadora e presidente da Jane Austen Sociedade do Brasil desde 2008. E-mail: janeaustensociedadedobrasil@gmail.com Currículo Lattes: http://lattes.cnpq.br/44023205974506Orcid: https://orcid.org/0000-0002-5544-6996
Amilcar Santos é doutorando em Ciências da Educação, na especialidade de Desenvolvimento Curricular, no Instituto de Educação da Universidade do Minho, em Portugal. É professor de português e literaturas lusófonas. Além de pesquisador sobre currículo e avaliação institucional, é parecerista de cursos superiores no Brasil e em Portugal. Estudioso de literatura e ensino, adaptação fílmica e tradução intersemiótica, é fundador do Nota Total – página sobre educação. E-mail: amillcar@gmail.comCurriculo Lattes: http://lattes.cnpq.br/6092607703163228Orcid: https://orcid.org/0000-0001-5848-4771LinkeIn: www.linkedin.com/in/amilcar-santos
RAMICELLI, M. E. Stages of modernity in perspective: Jane Austen’s Pride and prejudice and José de Alencar’s Senhora. Acta Scientiarum. Language and Culture, v. 41, n. 2, p. e45472, 1 out. 2019.
REEF, C. Jane Austen: Uma Vida Revelada. São Paulo: Novo Século. 2014.
STEINER, E. K. Jane Austen: Northanger Abbey/Persuasion. New York: Palgrave, 2016.
TANDON, B.; AUSTEN, J. Emma – An Annotated Edition. Cambridge: The Belknap Press of Harvard University Press. 2012.
VASCONCELOS, S. G. T. O gume da ironia em Machado de Assis e Jane Austen. Machado de Assis em Linha, Rio de Janeiro, v. 7, n. ju/dez. 2014, p. 145-162, 2014. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1590/S1983-68212014000200010 > DOI: 10.1590/S1983-68212014000200010.
No dia 26 de setembro às 19:30 a amiga Janaína Pietroluongo fará uma palestra sobre as semelhanças entre Jane Austen e Machado de Assis. O evento é uma iniciativa do British and Commonweath Society of Rio de Janeiro (Sociedade Britânica do Rio de Janeiro) e conta com o apoio da JASBRA e da Escola Britânica será realizado no seguinte endereço:
Jubille Hall – Rua Real Grandeza 99 – Botafogo
A entrada custa 20 reais e é gratuita para estudantes, incluindo universitários. O evento terá uma pequena recepção, veja os detalhes no convite abaixo. Atenção: reservas pelo e-mail e telefone abaixo.
Texto originalmente publicado no blog da Valéria Fernandes Shoujo Café.
Estava demorando! E, apesar de não ter gostado de Orgulho & Preconceito, & Zumbis (*ouça o Shoujocast e saiba os motivos*), eu acho muito válido que os autores e autoras (*viva!*) nacionais comecem a se arriscar nesta área. É um filão popular e nós aqui no brasil precisamos de literatura popular. A escolha foi bem curiosa e um dos meus clássicos favoritos, Senhora, está na roda. Realmente não senti vontade de ler nenhum, não tenho muita inclinação a investir meu dinheiro em outro material desse tipo, mas vai que Escrava Isaura conseguiu se tornar um bom livro com a entrada dos vampiros na história? ^_^ A matéria saiu no Jornal O Globo, olhem os comentários, para o povo que passa por lá, os autores desses livros estão matando a literatura nacional. Não é apra tanto, né?
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Mashups’ – Grandes nomes da literatura brasileira ganham versões de suas obras mixadas com elementos pop – por Lívia Brandão (O Globo)
RIO – Jane Austen tem passado por um intenso revival pop. A escritora inglesa, morta há quase dois séculos, jamais deixou de vender (muitos) livros, mas agora sua obra conta com a forcinha de artifícios modernos para se recriar. Foi ela que deu início à febre mundial de paródias literárias, que renderam uma versão em que a autora é uma vampira bicentenária (“Jane Austen – a vampira”, do selo Lua de Papel da Leya Brasil) e até um filmete intitulado “Jane Austen’s fight club” (assista aqui), em que a personagem Elizabeth Bennet comanda um clube da luta como o criado por Chuck Palahniuk e filmado por David Fincher em 1999.
Seguindo os mesmos princípios, os americanos Seth Grahame-Smith e Ben H. Winter foram responsáveis pela inusitada mistura de “Orgulho e preconceito” e “Razão e sensibilidade” com zumbis e monstros marinhos (Editora Intrínseca). Esses mashups literários, um tipo de renovação pouco ortodoxa de grandes clássicos, inspiraram versões brasileiras que se apoiam em cânones da nossa literatura e acabam de chegar às prateleiras. Aqui, é Machado de Assis a nossa Jane Austen de bigodes. Se estivesse vivo, o Bruxo do Cosme Velho veria Bentinho e Capitu em meio a ETs, Simão Bacamarte investigando mutantes e Brás Cubas vivendo como um zumbi sanguinário.
Em “Memórias desmortas de Brás Cubas” (Tarja), Pedro Vieira buscou atualizar a trajetória do defunto autor que, por suas mãos, tornou-se um morto-vivo. Já “Dom Casmurro e os discos voadores” e “O alienista caçador de mutantes” (Lua de Papel) inserem sci-fi em meio às tramas originais, fazendo com que os escritores Natalia Klein e Lucio Manfredi se tornassem co-autores de Machado.
– Eu só não gostaria de encontrá-lo na rua – brinca Natalia, que se viu às voltas com a árdua tarefa de macular um dos seus livros preferidos fazendo referência a elementos hoje corriqueiros como Facebook, Twitter e disque-pizza, mas que jamais fariam parte do universo de Machado de Assis. Assim como miolos, sangue e terror.
– “Memórias póstumas de Brás Cubas” era a escolha mais óbvia para escrever um livro deste tipo. Machado deu a deixa para uma história de zumbis ao criar um personagem que se autodenomina defunto autor – justifica Vieira – Em “Memórias desmortas”, o famoso emplastro de Brás Cubas foi o responsável por sua “zumbificação”, e ele esbarra em outros personagens machadianos, que são devidamente devorados e transformados em mortos-vivos.
Mas não pense o leitor que a brincadeira para em Machado: Outros dois lançamentos da Lua de Papel são “A escrava Isaura e o vampiro”, em que Jovane Nunes emprestou o apelo pop dos bebedores de sangue de dentes afiados à trama de Bernardo Guimarães, e “Senhora, a bruxa”, uma “parceria” de Angélica Lopes e José de Alencar.
– “Senhora” é quase um folhetim. Por ser centrado numa história de vingança, poder e sedução, achei natural representá-lo por meio de bruxas – conta Angélica, que usou sua experiência com livros adolescentes e roteiros de novelas para adicionar ao cotidiano da senhora Aurélia as magias das bruxas-irmãs Blair, inspiradas por filmes como “Bruxas de Salém”. E não são só as feiticeiras a revirar o mundo da protagonista: os quatro parentes da protagonista Aurélia que morrem no original reaparecem agora como fantasmas.
Alvo principal é o público jovem
Engana-se quem pensa que pegar uma história pronta e adicionar a ela novos elementos é um exercício fácil. Os autores da coleção da Lua de Papel tiveram apenas dois meses para se debruçar sobre as obras – todas de domínio público – e alterar estrutura e linguagem. O objetivo? Fazer de cada clássico uma obra mais palatável ao público jovem, alvo maior da moda dos mashups literários.
– Dei uma rejuvenescida na história – confessa Natalia, autora do blog Adorável Psicose. – Quando li “O alienista” pela primeira vez, tive que recorrer ao dicionário para descobrir o significado de algumas palavras. Muitas eram comuns entre os leitores da época em que ele foi escrito, mas caíram em desuso. Achei melhor remover esses “obstáculos” para não afastar o leitor jovem, já que a proposta é justamente atraí-lo. Para Angélica, a maior dificuldade neste sentido foi lidar com as descrições minuciosas de José de Alencar:
– “Senhora” é muito detalhista. Tentei deixar o andamento mais ágil, mas respeitei os momentos-chave e as características principais de cada personagem. Alguns até cresceram.
Já Vieira coloca a culpa pelas alterações estilísticas no personagem-título de “Memórias desmortas”.
– Na trama, que se passa em 2010, o próprio Brás Cubas se preocupa com a aceitação livro entre os adolescentes, forçados a ler suas “Memórias póstumas” nas aulas de literatura. Por isso, ele tenta adaptar sua própria linguagem, cogitando até o uso do “miguxês” (o dialeto em que se “iXcReVi aXxXim”, usado na internet). Como até o Brás Cubas zumbi tem pudores, ele logo descarta a ideia, mas também não usa uma mesóclise sequer.
Tanta deturpação é alvo fácil para críticas. Quem se desvia das prováveis pedras a serem atiradas pelos defensores da literatura tradicional é Pedro Almeida, editor da Lua de Papel, que rechaça o rótulo de descartável de sua nova coleção.
– Na escola, os adolescentes têm que ler livros escritos para adultos há um século ou mais. Isso cria uma barreira entre eles e os autores. Revisitar um clássico através de um mashup ou de uma paródia é um meio de criar interesse e estebelecer um novo contato com o autor – justifica Almeida, que prometeu três novos mashups para breve. – Serão clássicos recentes, de autores vivos ou mesmo mortos há pouco tempo… – despista. Pelo visto, a moda só está começando.
Nota: A JASBRA publica este artigo do O Globo, portanto não é autora de todas as afirmações acima.
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