A Gazeta de Longbourn apresenta: For You Alone

A continuação da história de Persuasão contada por ninguém mais que o Capitão Wentworth: For You Alone da Susan Kaye! Mais uma vez, Luciana Darce (JASBRA-PE) nos presenteia com uma resenha! 

I can listen no longer in silence. I must speak to you by such means as are within my reach. You pierce my soul. I am half agony, half hope.

Esse é o segundo livro da Susan Kaye contando a história de Persuasão pelo ponto de vista do capitão Frederick Wentworth. Quando terminei o primeiro volume, imediatamente emendei com esse e entre um e outro, devo ter passado umas oito horas direto sem parar de ler, quase virando uma noite para conseguir chegar ao final da narrativa.


A história desse segundo volume se inicia logo após o acidente de Louisa Musgrove em Lyme. Wentworth se vê agora às voltas com a ideia de que está comprometido por uma questão de honra, a pedir Louisa em casamento, isso logo após se dar conta de que continua amando Anne e que ela é exatamente tudo o que ele deseja numa mulher.

Para não se enrolar ainda mais na armadilha que ele mesmo armou para si, o capitão parte para visitar seu irmão e esperar que as coisas se assentem. Lá ele tem um vislumbre da felicidade conjugal do mais velho dos irmãos Wentworth e passa o tempo a se torturar com aquilo que poderia ter tido se não tivesse sido tão rancoroso e tão apressado em julgar sua querida Anne.

Obviamente, como todo mundo que leu o original Austeniano, ele será resgatado de seu imbróglio e terminará com o caminho livre para partir para Bath e reencontrar Anne – e para escrever uma das cartas de amor mais apaixonadas de toda a literatura. Claro que antes que isso aconteça, ainda haverá um longo caminho de desentendimentos, ciúmes e esperança com que lidar.

A Kaye saiu-se muito bem como sua reedição da história pelo ponto de vista do Wentworth – ela trabalha o contexto da época, as questões do final da guerra e das consequências de tal fato para os homens da marinha. O capitão ganha profundidade, uma existência para além de sua corte a Anne e ela faz isso de maneira muito crível.

A única coisa que me desagradou foi o final, que dá uma curva tá abrupta daquilo que se espera dos personagens de Austen que me deixou até tonta – primeiro pela súbita mudança de ponto de vista, com a Anne como narradora, segundo, por Greta Green, que faz mais o estilo Lydia Bennet que Anne Elliot. 

É uma única ressalva numa obra que, de outra maneira, tinha tudo para receber um ‘excelente’. Ainda assim, para os amantes de Austen e admiradores do valoroso capitão, é uma boa recomendação.

A Gazeta de Longbourn apresenta: None But You

Luciana Darce (JASBRA-PE) nos envia uma deliciosa resenha! Uma versão de Persuasão, escrita pelo Captião Wentworth: None But You da Susan Kaye.

Eight years ago, when he had nothing but his future to offer, Frederick Wentworth fell in love with Anne Elliot, the gentle daughter of a haughty, supercilious baronet. Sir Walter Elliot refused to countenance a marriage, and Anne’s godmother, Lady Russell, strongly advised Anne against him. Persuaded by those nearest to her, Anne had given him up and he had taken his broken heart to sea. When Jane Austen’s Persuasion opens in the year 1814, Frederick Wentworth, now a famous and wealthy captain in His Majesty’s Navy, finds himself back in England and, as fate would have it, residing as a guest in Anne’s former home. Now, it is the baronet who is in financial difficulties, and Anne exists only at her family’s beck and call. For eight long years, Frederick had steeled his heart against her. Should he allow Anne into his heart again, or should he look for love with younger, prettier woman in the neighbourhood who regard him as a hero?

Para quem não sabe, Persuasão é meu romance favorito da Austen – Mr. Darcy que me perdoe, mas fica difícil competir com um capitão da marinha com uniforme completo e enorme talento para escrever cartas de amor.

Assim é que foi com empolgação que me lancei a ler None But You, narrando os eventos de Persuasão sob o ponto de vista do Capitão Wentworth – começando bem antes de sua chegada a Kellynch Hall, ainda ao mar, na expectativa de deixar seu navio uma vez que a guerra acabou.

Acompanhamos Wentworth em seus exercícios diários junto à sua tripulação (e esses momentos me lembraram por demais de Mestre dos Mares), seu encontro com Benwick para revelar a morte de Fanny, suas lembranças de Anne quando do primeiro noivado ‘oito anos atrás’.

A história aqui vai até a queda de Louise em Lyme, continuando num segundo volume (de que falarei mês que vem). Há bastante espaço para desenvolvimento do personagem, não apenas dentro do romance com Anne, mas como um todo. O Wentworth de Susan Kaye é extraordinariamente humano, passional, verdadeiro.

Essa primeira parte da história traz um capitão mais amargo, incapaz de se libertar de seus antigos rancores, a todo tempo julgando e observando sua antiga amada – sem querer enxergar que todo o seu interesse na jovem é prova de que seu afeto permanece.

É uma narrativa que te prende – eu não larguei do livro enquanto não o terminei e imediatamente ao final emendei no segundo volume, virando noite para chegar ao final da história. De uma forma geral, None but You me lembrou do desenvolvimento de Mr. Darcy na trilogia de Pamela Aidan, em todos os seus melhores momentos. Kaye respeita a obra original, e é capaz de uma recriação histórica verossímil – exceto, talvez, pelos encontros a sós na juventude de Wentworth e Anne (o que desculpamos em nome do romance).

Melhor parte pra mim, contudo, foi a Sophie. Eu ADORO a Sophie e gostaria muito de ver os eventos de Persuasão sob o ponto de vista dela. Na impossibilidade de tal releitura, resigno-me com as interações dela com o irmão caçula.

Agora, rumo a segunda e melhor parte do romance: o capitão em Bath tentando reconquistar sua amada!